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Yorkville, no coração da cidade

Durante mais de três décadas, tive o privilégio de circular no campus St. George da Universidade de Toronto e me ter sido dada a oportunidade de, não só o conhecer bem, mas de me familiarizar com os bairros históricos à sua volta. O campus St. George tem uma localização excecional – uma área central da cidade, com edifícios majestosos de arquitetura do princípio do século XIX e jardins bem cuidados.

 

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Ao andar a pé pelas redondezas, descobri um pequeno bairro denominado Yorkville, situado a norte da Rua Bloor.  Surpreendeu-me a presença de muitos prédios baixos, estilo vitoriano, com fachadas coloridas, transformados em boutiques, galerias de arte pop, cafés, discotecas e restaurantes, agrupados em duas ou três ruas, assim como em múltiplas vielas e becos cheios de charme. Essa zona passava quase despercebida quando se caminhava nessa artéria principal da cidade – a Bloor Street.

Quando conheci Yorkville, nesses anos de 1980, o ambiente nas ruas era descontraído e moderno, animado pela presença de muitos estudantes. Soube, mais tarde, que aquele tinha sido o bairro “hippie” de Toronto, no final da década de 60 e na de 70, dominado pela música, drogas, irreverência sexual e outros atos de rebeldia. Quem viveu em Toronto nesses anos, lembra que a cidade ofereceu a essa geração de jovens um local privilegiado para compor poesia, manifestar ideias políticas e viver a liberdade de expressão a todos os níveis.

Ao longo dos anos, tenho acompanhado as grandes transformações nesse bairro ímpar, no coração da cidade. Segui nos anos de 1990, como outros curiosos e interessados, as demoradas obras para a colocação do rochedo granítico de 650 toneladas “The Rock”, com mil milhões de anos, cortado do Canadian Shield. Veio ocupar um espaço destacado no Yorkville Park da rua Cumberland, projetado para representar a história e a geografia da antiga localidade de Yorkville. São 11 as diferentes secções, com cascata, floresta e pomar entre outras, concebidas por especialistas de paisagens urbanas que ali desenharam num espaço pequeno um oásis muito especial.

De 1990 até 2010, quando em cada setembro tinha lugar o Festival Internacional de Cinema de Toronto (TIFF), Yorkville era um chamariz – multidões aglomeravam-se nas ruas para ver as estrelas de cinema, com estreias dos seus filmes anunciadas nos cinemas Cumberland e Varsity. Limousines de luxo paravam junto aos restaurantes e bares da moda e os paparazzi e os amantes da sétima arte viviam na esperança de conseguir fotografias e autógrafos dos famosos que delas saíam. Valeu a pena vislumbrar uma vez Meryl Streep e Tom Hanks, dois dos meus atores favoritos.

Nos últimos anos, a área sofreu alterações de grande relevância. Hotéis de cinco estrelas, galerias de arte requintadas, lojas de elegantes marcas internacionais, torres com condomínios de luxo, restaurantes “gourmets” ocupam a maior parte do espaço, incluindo as vielas antigas. Lamborghinis, Ferraris e outros carros do género estacionados na rua denunciam a classe burguesa alta que frequenta estes espaços.

Ao percorrer o bairro, muito pouco se pode encontrar que nos lembre a origem da primitiva Yorkville. O prédio mais antigo que resta, no número 34 de Yorkville Ave, contrastando com tudo à sua volta, é a estação dos bombeiros de 1876, ao lado da biblioteca municipal de 1907.

Uma placa histórica bem discreta, na fachada do prédio, recorda Joseph Bloore e William Jarvis que, naquele local, fundaram uma povoação em 1830, a primeira de várias que seria anexada à cidade de Toronto.

Vale a pena conhecer e frequentar Yorkville pois os recursos desta área rica da cidade são muitos e, com frequência, festivais públicos de música, artes plásticas e outros eventos de qualidade proporcionam a qualquer pessoa que ali passe, a oportunidade de se divertir e desfrutar do melhor que a cidade tem para oferecer.

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Imagens cedidas por Manuela Marujo

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