Viagens

Tesouros no México

Centenas de milhares de norte-americanos procuram o México para viagens de recreio, em particular nos meses de inverno. De Toronto, um voo de poucas horas deixa-nos num país com uma longa costa marítima, que oferece praias de branca areia macia e mar em tons de azul turquesa e verde esmeralda.

Na minha primeira estadia na costa da chamada Riviera Maya, gostei de conhecer nas praias de águas mornas e transparentes, os recifes de corais onde se podiam observar peixes multicolores. Um santuário de tartarugas, muito próximo do hotel, atraía-nos pelo que representa de um mundo selvagem e puro que devemos tentar preservar.

Mas acho que não se deve ir ao México somente para conhecer as praias. É um país com uma história e civilizações bastante antigas, com mais de 10 000 anos, bem anteriores à chegada dos conquistadores espanhóis, como nos provam os muitos vestígios encontrados.

Escolhi, nessa viagem, reservar algum tempo da minha estadia para visitar duas cidades arqueológicas famosas: Cobá, no estado de Quintana Roo, abandonada quando os espanhóis chegaram no século XVI; e Chichén Itzá, a mais famosa do país, datada do século VII, no estado de Iúcatan.

Cobá impressiona mais pelo que se adivinha estar ainda enterrado e por descobrir, do que por aquilo que já foi escavado pelos arqueólogos. Subi com alguma dificuldade os 42 metros de uma das maiores pirâmides existentes no país, quase perdida na floresta densa e pujante que ali tudo acaba por conquistar. Foi uma boa preparação para a segunda visita.

Sabe-se que Chichén Itzá foi uma das maiores cidades dos Maias, centro religioso de grande relevância até ser conquistado pelos Toltecas no ano 1 000. O local foi declarado património da UNESCO em 1988 e, em 2017, considerada uma das Sete Maravilhas do Mundo Moderno.

Fiz a excursão de autocarro, a 11 de dezembro, sem me ter apercebido que era véspera de um feriado muito especial para o povo mexicano – dia de Nossa Senhora de Guadalupe, padroeira da América Latina. Carros, carroças, bicicletas e muita gente a pé ocupavam a estrada de uma só via, obrigando o autocarro a seguir em marcha lenta. Os peregrinos dirigiam-se à igreja mais próxima da sua localidade, para prestar homenagem à virgem de pele escura que, em 1531, se acredita ter aparecido a um pastor indígena.

Ao chegar à cidade esqueci rapidamente as muitas horas da viagem. Ela ocupa um espaço de cerca de cinco quilómetros quadrados com várias construções arrojadas como o El Caracol ou Templo de Vénus, a Colunata Oeste ou a Grande Quadra de Jogos, datada de 1300 A.C. Mas o que toda gente deseja é subir à pirâmide Kukulkán, o templo da Serpente Emplumada, ex-libris de Chichén Itzá. Este templo terá sido construído sobre um cenote sagrado (um poço causado pela queda de um meteorito) cujas águas tinham poderes curativos, por vezes usado para sacrifícios humanos.

É muito especial entrar no interior da pirâmide e depois olhar do cimo tudo ao nosso redor. Como os milhares de turistas que vão àquele lugar sagrado, também eu senti admiração pelos conhecimentos ali demonstrados sobre arquitetura e astronomia, ainda hoje inexplicáveis, que provam a existência de povos de civilização avançada. Compreendi a razão por que alguns acreditam ter havido contacto com seres extratraterrestres.

Foi apenas no século XIX que Chichén Itzá foi descoberta por estudiosos norte-americanos. Muitos dos tesouros desenterrados foram levados para os EUA, encontrando-se a maioria no Museu Peabody de Arqueologia e Etnologia da Universidade de Harvard. 

O México continua a ser um país com tesouros por descobrir como provam recentes achados – duas novas pirâmides dentro da própria Kukulkán e uma gruta nas redondezas.

Vale a pena ir ao México pelas suas praias de grande beleza, quer no Golfo do México, quer na costa do Pacífico. Passar mais algum tempo para conhecer a cultura pré-hispânica é uma mais-valia que não deve ser desperdiçada.

Manuela Marujo

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Imagens cedidas por Manuela Marujo

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