Viagens

Paris – cidade dos artistas

Manuela Marujo
Manuela Marujo

Ir a Paris aos 22 anos de idade é bem diferente do que ir nesta altura da vida, quase nos 70. As pernas recusam-se a dar mais um passo depois de quatro ou cinco horas a revisitar as avenidas monumentais, as praças e jardins, as margens do Sena.  Mas como se pode ver uma cidade de monumentos e museus únicos no mundo, sem andar a pé?

A primeira vez que, em 1971, fui a Paris com outras estudantes, largámos a mala na portaria do hotel e, sem esperar pela hora do “check-in”, fomos calcorrear a cidade. Tínhamos apenas três dias e queríamos ver tudo. Fomos da Place de la Concorde aos Champs Elysées, da Notre Dame à Sourbonne, ao Quartier Latin e à Tour Eiffel, e de Montparnasse ao Jardin de Luxembourg, muito cansadas mas, tão entusiasmadas, que a fadiga não contava. À noite passeámos em Pigalle, espreitámos o Moulin Rouge e fomos ouvir música e dançar com jovens da nossa idade em lugares da moda. Nessa altura, o Louvre, o Grand Palais, o Museu de Orsay e dezenas de outros museus e galerias, onde se encontra o melhor da arte francesa e internacional, não cabiam nos nossos planos.

Dessa primeira visita, recordo o encantamento e a vontade de regressar a essa cidade, símbolo de civilização e cultura. Fiz questão de voltar outras vezes, e, sempre que vou, fica a certeza de que faltou ver ainda muita coisa.

Outubro é uma altura ótima para ir a Paris. A temperatura é agradável, há menos multidões nas filas a aguardar a entrada nos monumentos, e os museus e galerias inauguram novas exposições. O desafio é selecionar o que se quer e pode ver no tempo de que dispomos. Desta vez, tive a sorte de ir na altura da Feira de Arte Internacional Contemporânea (FIAC) que se realizou de 18 a 21 outubro. Esta Feira é um espaço privilegiado para nos apercebermos de quem são os novos artistas e as novas tendências na arte. A FIAC em Paris, que teve lugar no Grand Palais, no Petit Palais e em espaços de rua junto a esses dois edifícios perto do Sena, deixou-nos sem fôlego. Foram 200 as galerias representadas com centenas de obras de arte. Pode passar-se lá um dia inteiro e não se consegue admirar tudo. Vi escultura, pintura, instalações – de umas gostei muito, mas não compreendi o valor de outras.

Num dos dias que nos restavam, decidi ser mais conservadora no gosto e ir ao Musée de L’Orangerie, no Jardim das Tulherias. É nesse que se encontram, desde 1927, as maiores pinturas de Claude Monet dos seus maravilhosos jardins de nenúfares. Duas salas foram especialmente construídas para albergar os oito painéis monumentais. É um privilégio poder permanecer nessa galeria o tempo que quisermos para nela encontrar a serenidade que a pintura de Monet nos traz.

Fiquei orgulhosa de poder admirar, nesse museu, uma exposição de Paula Rego, uma das mais aclamadas pintoras portuguesas. Intitulada “Contos cruéis de Paula Rego”, a exposição impressiona pelos quadros gigantes em que a artista expressa as suas angústias e medos, e faz crítica social, inspirando-se em várias lendas e contos clássicos.

Três dias em Paris não são suficientes para ver ou fazer muito mais do que descrevi. Todavia, vale a pena viajar de Lisboa para Toronto, fazendo uma paragem nesta cidade de arte e de beleza sem par.


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