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Palácio da Fronteira, tesouro na capital portuguesa

Quando alguém me pergunta se conheço bem Lisboa, sinto-me tentada a dizer que sim. Penso, porém, um pouco na resposta e sou a primeira a admitir que existem tesouros ignorados à espera de serem descobertos e que, talvez, eu nunca tenha tempo ou oportunidade de os achar.

 

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Palácio Fronteira, Benfica, Lisboa

 

Durante anos, por exemplo, ouvi falar do Palácio Marquês da Fronteira, na zona de Benfica, às portas do parque de Monsanto, um dos raros palacetes lisboetas que sofreu poucos danos aquando do violento terramoto de 1755. Sabia apenas que o palacete era uma residência particular  – posteriormente classificado como monumento nacional -, e que possuía uma coleção rara de azulejos nos jardins e nas salas interiores, reproduzidos em livros que adorava folhear.

 

Palácio da Fronteira patio-viagem-mileniostadium
Pátio

 

Só há cerca de cinco anos tive oportunidade de admirar o palacete e, desde essa primeira visita, sempre que vou a Lisboa, encontro um pretexto para lá voltar e levar amigos a conhecer esse espaço absolutamente magnífico.

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Pátio – detalhes

 

Construído no século XVII, foi usado como casa de verão e pavilhão de caça pelo nobre D. João de Mascarenhas que, em 1670, recebeu o título de 1o Marquês da Fronteira, atribuído pelo rei D. Pedro II para reconhecer a sua bravura na luta contra o inimigo espanhol. Naquela época, São Domingos de Benfica situava-se nos arredores da cidade, e a família Mascarenhas só foi viver para o palácio após a destruição do centro de Lisboa pelo terramoto e o maremoto que se seguiu.

Desde 1987, por vontade de Fernando Mascarenhas, o 12o Marquês da Fronteira, o palacete é a sede da Fundação Casas da Fronteira e Alorna, continuando a ser igualmente residência da família Mascarenhas. Apelidado também de “marquês vermelho” por se opor ao regime salazarista, o marquês foi um mecenas, abrindo as portas do Palácio a eventos científicos, educativos e artísticos.

A primeira vez que entrei no Palácio Marquês da Fronteira fi-lo para frequentar um curso sobre azulejos, dado por um estudioso português, o professor José Meco. Dom José de Mascarenhas, o 13o Marquês da Fronteira, falecido no passado dia 10 junho, perfeito anfitrião, recebeu-nos dando as boas-vindas a sua casa.

Foi um privilégio poder percorrer demoradamente as salas com os painéis em azulejos do século XVII sob a orientação dum especialista. Destacam-se as imponentes Sala das Batalhas e Sala dos Painéis. Os muros dos jardins e paredes dos diversos pátios, o terraço e o tanque monumental constituem uma mostra única da arte de azulejaria, cultivada em Portugal desde o reinado de Dom Manuel I, no século XV. Tivemos a oportunidade de fazer não só uma visita guiada, mas também circular livremente pelo espaço exterior. Para além dos azulejos, admirei a maravilhosa capela, de construção anterior à do palácio, com um embrechado de conchas, pedras, pedaços de porcelana e de vidros.

A parte que se destaca, no Palácio Marquês da Fronteira, é o monumental jardim formal. Para ter dele uma vista geral, subimos umas escadarias para uma galeria elevada decorada com estátuas dos bustos dos reis portugueses, sendo a vista de lá majestosa. O jardim foi desenhado à imagem dos jardins italianos do século XVI, com um enorme conjunto de canteiros de buxo e um tanque grandioso que transmite uma sensação de grande frescura. O bulício da capital parece não chegar àquele oásis, embora no horizonte próximo se distingam perfeitamente o estádio do Sport Lisboa e Benfica e o atraente Centro Comercial Colombo.

No Palácio e jardins já assisti a concertos, peças de teatro, lançamento de livros e cursos em disciplinas diversas no interior do edifício e nos jardins. A gentileza dos anfitriões faz-se notar no acolhimento com que recebem os participantes destas iniciativas – uma bebida fresca, um chá, café, bolinhos caseiros e fruta da estação.

Os jardins do Palácio Fronteira podem ser visitados, a horas anunciadas, sendo de extasiar os passeios temáticos noturnos com uma iluminação feérica. Vale muito a pena fazer essa visita, admirar os azulejos coloridos do século XVII que o terramoto poupou, e usufruir do encanto que nos proporciona este tesouro a descobrir na capital.

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Imagens cedidas por Manuela Marujo

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