Viagens

Em junho, na Normandia

É justo que, no passado 6 de junho, os 75 anos do DIA D tenham sido festejados com toda a solenidade e na presença dos mais altos dignitários. Os meios de comunicação social noticiaram os eventos desse aniversário e lembraram-nos que em 1944, na costa da Normandia, em França, teve lugar a maior batalha aeronaval da história mundial.

 

Livros, documentários e filmes têm contribuído para nos dar a visão dos 150 mil homens das forças aliadas dos Estados Unidos, Grã-Bretanha e Canadá que ali desembarcaram. Foi nesse dia 6 de junho de 1944 que os Aliados conseguiram libertar a França do nazismo, e assim contribuir decisivamente para o fim da II Guerra Mundial.
Ao longo de mais de três décadas a viver no Canadá, compreendi o papel preponderante que o Canadá desempenhou nesta batalha. Todos os anos, políticos e em particular veteranos da Grande Guerra atravessam o Atlântico para irem à Normandia homenagear e serem homenageados.

Como portuguesa-canadiana, fiz há alguns anos uma viagem a França, e fui também prestar o meu tributo aos que tão corajosamente se sacrificaram lutando pela paz do mundo.

Ao chegar a St. Aubin-sur-Mer, caminhei comovida na “Juno Beach”, nome de código de uma das cinco praias onde os aliados lutaram. Verifiquei estar bem assinalada a presença canadiana, com memorais, equipamento e bandeiras. Em Colleville-sur-Mer, no “cemitério americano”, com mais de nove mil cruzes brancas, um silêncio respeitoso apodera-se de nós. A morte de tantos, na luta contra o fascismo, não pode deixar de nos impressionar e de nos fazer refletir no valor da paz.

Depois de percorrer aquela parte das praias onde tanto sangue foi derramado, continuei o meu passeio pela costa da Normandia, com as suas pequenas aldeias, preservadas em traça medieval, que encantam pela beleza e gosto pela tradição. Ao observar as igrejas, um ou outro castelo antigo, fiquei com a impressão de ter voltado a um passado longínquo. Honfleur, uma das cidades portuárias, com barcos e casas refletidos na água, como os que inspiraram o pintor Claude Monet, é apenas um exemplo. Deauville e Trouville, lugares onde os parisienses ricos e famosos vão passar férias, merecem ser visitadas pois encantam com os chapéus coloridos nas praias e a elegância das casas, restaurantes e lojas.

Um dos objetivos da minha viagem à Normandia era visitar o conhecido Monte San Michel e a abadia. Tinha ouvido falar das marés extremas, que podem atingir os 15 metros de diferença entre a maré baixa e a alta. Esse lugar famoso fica localizado na linha que divide a Normandia da Bretanha, no Canal da Mancha, numa baía que se alaga, quase isolando o pequeno ilhéu e que, na maré baixa, se transforma num enorme deserto.

Ao atravessarmos os campos floridos na primavera, avista-se ao longe o Monte San Michel, isolado na sua imponência. O carro deve deixar-se estacionado em parques próprios, longe da vila muralhada, e apanhar-se um “shuttle” até à entrada desse ilhéu de pedra granítica.

Consta ter sido ali construída uma igreja em 708, dedicada a São Miguel Arcanjo. Ao tornar-se lugar de peregrinação, deu origem a um pequeno vilarejo. Mais tarde foi ocupado por monges beneditinos que ali construíram um convento. A abadia, localizada no ponto mais alto, é do século XIII.

Precisamos de ter boa resistência física para caminhar por ruelas e escadinhas em ladeiras íngremes. É um pouco cansativo, mas a vista de qualquer lado compensa. Vamos fazendo pequenas paragens para poder apreciar as lojinhas de recordações, os cafés e restaurantes que servem os milhares de turistas que visitam o Monte San Michel.

Fazia-me impressão ver lá do alto grupos de pessoas a caminhar pelas areias alagadiças à volta do ilhéu. Sabe-se que há o perigo de existirem areias movediças e essa seria uma das razões que me impediriam de empreender tal visita.

Há muitos outros lugares que nos deslumbram na costa da Normandia. Vale a pena ir ver as espetaculares falésias de Étretat cujos paredões rochosos formam arcos naturais.
Toda a beleza natural da Normandia nos deixa com vontade de regressar outras vezes; não apenas para apreciar a paisagem, mas especialmente para recordar episódios da história da França e da humanidade. O Canadá mostrou ao mundo a sua coragem, força e os valores que defende. Como luso-canadiana, não queria deixar de recomendar uma viagem a essa região francesa de alto significado para todos nós.

Manuela Marujo

Imagens cedidas por Manuela Marujo

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