Viagens

Da minha varanda vejo torres com história

Da varanda do meu condomínio, tenho uma vista privilegiada. O que mais me chama a atenção são as muitas torres que se erguem altaneiras na baixa da cidade, maioritariamente de arquitetura moderna. Entre elas, distinguem-se duas bem famosas: a da antiga catedral anglicana St. James e a icónica “CN Tower”.

St. James Park

Muito próximo do meu prédio, localizado nas Ruas King e Church, fica o parque ajardinado St. James onde foi erguida a primeira igreja da cidade. A história diz-nos que, quando John Simcoe fundou a cidade de York em 1783, ali teve lugar o primeiro serviço religioso. A igreja foi construída em madeira, no ano de 1807, com a ajuda do exército que ele comandava. Serviu de hospital durante a guerra contra os americanos, em 1812, e foi dedicada a St. James (São Tiago) em 1828. Tornou-se catedral em 1839, com o primeiro bispo Strachan, tendo sido destruída pelo grande incêndio de 1849.

A reconstrução da catedral de St. James, em estilo neogótico, com a mais alta torre da arquitetura religiosa em todo o Canadá, só ficou completa em 1875. O dobrar dos 12 sinos da igreja, que ouço com clareza, continuam a bater as horas desde então. O seu órgão, com 5001 tubos, é muito apreciado pela qualidade sonora dos concertos, ali realizados com frequência.

Ao longo dos anos, especialmente no século XIX, a catedral desempenhou grande importância religiosa e social, ao ponto de os membros da família real a visitarem sempre que se deslocam ao Canadá. Vejo frequentemente muita gente em frente dela e no parque, assinalando, geralmente, um casamento ou funeral de pessoa famosa ou abastada, celebrado na majestosa nave iluminada por artísticos vitrais coloridos.

Atrás da catedral de St. James, um pouco mais afastada e bem delineada, avisto a “CN Tower”, um dos pontos turísticos mais procurados da cidade. 

Nunca me esquecerei, aquando da minha primeira vinda a Toronto, me terem lá levado, visita considerada obrigatória. Era outubro, e o dia estava nublado e cinzento. Ao adquirir os bilhetes para subir no elevador exterior, a empregada vendeu-os contrafeita, e insistiu: “Não aconselho a visita”. Achei estranho, mas subimos. Estava bastante ventoso e, descobri anos mais tarde, nem sempre ser permitido apanhar o elevador em dia de vento. Chegados lá acima com o céu totalmente encoberto, não se avistava nada nos primeiros minutos. De repente, as nuvens subiram, deixando-me apreciar a vista espetacular sobre o lago, as ilhas e a cidade que, muitíssimo mais arborizada do que agora, ostentava cores outonais. As árvores vermelhas, laranjas e acastanhadas permitiram-me uma visão de conjunto que me deixou maravilhada até aos dias de hoje.

 

A CN Tower, concluída em 1975, com mais de 500 metros de altura, foi durante muitos anos a torre mais alta do mundo.  Serve prioritariamente como centro de transmissões, e é um miradouro único para quem queira conhecer a cidade.

Ao longo dos meus mais de 30 anos em Toronto, sempre que recebia familiares ou amigos, subi a torre com eles dezenas de vezes, e nunca me cansei de lá ir. O restaurante giratório envidraçado permite-nos apreciar a cidade de todos os ângulos enquanto jantamos. A hora do pôr do sol continua a ser a minha preferida.

Da minha varanda, reparo também nas dezenas de outras torres que se misturam com estas duas, e não deixo de me lembrar do contributo dos trabalhadores portugueses para as construir nem de me interrogar sobre as histórias de vida que se escondem por trás de cada janela.

Gostaria de ajudar um estudante da U of T a ir visitar um país de língua portuguesa?

Pode fazê-lo com um donativo (“tax donation deductible”).

www.donate.utoronto.ca/Marujo

Imagens cedidas por Manuela Marujo

Manuela Marujo/MS

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