Viagens

As Dolomitas rosa

Creio que a maioria das pessoas, quando pensa na Itália, não associa o país aos Alpes, a cadeia de montanhas localizada no nordeste do país, cujos cumes permanecem cobertos de neve mesmo no verão. São as chamadas Dolomitas. 

Saímos de Arezzo, uma cidade histórica da Toscânia, em direção ao norte. Decidimos parar para conhecer Verona e assistir a um espetáculo na maior sala de ópera ao ar livre do mundo. A “Arena di Verona” é um anfiteatro romano do século I, com uma acústica fenomenal. Assistir a um espetáculo de ópera nesse espaço é uma das atrações da cidade. 

Verona é uma pequena cidade italiana tornada famosa por Shakespeare a ter escolhido como cenário da peça de teatro “Romeu e Julieta”. A varanda do palacete que inspirou o dramaturgo inglês para a romântica cena dos dois namorados, e cujo amor acaba em tragédia, é procurada por turistas de todo o mundo. Eu, naturalmente, também não podia deixar de ir ver. 

No dia em que chegámos a Verona, a temperatura ambiente estava excessivamente alta e não foi agradável andar a pé pela parte histórica da cidade. Só muita água e os “gelatos” italianos, de sabores variados e de qualidade internacionalmente conhecida, ajudaram a atenuar os efeitos do calor. 

Apesar do dia quente, não estávamos preparados para o desconforto de assistir, depois das nove horas da noite, a um longo espetáculo de ópera sentados em bancos de pedra escaldantes,. Não se vendia água no recinto, apenas refrigerantes açucarados.  Apesar dos protestos, não houve nada a fazer senão sair no primeiro intervalo e ir matar a sede. Lamentámos ter comprado bilhetes particularmente caros para ver “Nabucco”  de G. Verdi e ter que, surpreendidos e escandalizados, abandonar o recinto no primeiro intervalo.

A caminho das montanhas, parámos também em Sirmione, na margem do Lago de Garda. Aí subimos as escadas da antiga fortaleza, para admirarmos a paisagem deslumbrante das margens do imenso lago por entre as ameias. Fizemos uma excursão de barco e almoçámos numa esplanada em frente da água. Ao tomar a estrada que circunda o lago, começou-se a descortinar, passado algum tempo, o perfil das gigantescas montanhas.

O percurso até Cortina D’Ampezzo vai-nos preparando para a paisagem que nos espera. São declives surpreendentes, rochas desnudas que caem a pique em vales verdejantes. O sol incide sobre as rochas, e o tom rosa e o brilho que as carateriza avista-se ao longe, devido a um mineral chamado dolomita que resplandece ao sol, durante quase seis meses por ano.

A Cortina D’Ampezzo é um dos lugares mais procurados para quem vai esquiar no inverno, ou fazer escaladas e trilhas noutras estações do ano. Hotéis e restaurantes de grande qualidade destinam-se a clientes de luxo. Há um centro histórico que se pode visitar, tendo sempre como pano de fundo a imponência dos rochedos.

Fomos até Bolzano, outra pequena cidade cheia de turistas, como nós. Havia muitos restaurantes, cafés e lojas de todo o tipo. Já pertenceu à Áustria e as construções e lojas de artesanato refletem a história desse lugar. Aqui está-se “na porta das Dolomitas”. 

Aventurámo-nos a ir até ao Val di Funes, uma região que faz lembrar a paisagem montanhosa da Suíça ou Áustria, e onde fica a pequena vila de Santa Madalena. As casas coloridas de arquitetura tipicamente germânica são encantadoras. Não chegámos a Belluno, conhecida pela “pequena Veneza das Montanhas”.

Parámos para jantar num restaurante situado num dos vales, de vista inesquecível para as impressionantes Dolomitas. Ao apreciar a imponência das montanhas, património da humanidade desde 2009, senti-me insignificante e humilde perante a grandiosa mãe-natureza. 

Regressámos a Arezzo já de noite, e a viagem foi feita em silêncio. Deixei que o impacto e a beleza duma Itália menos cheia de monumentos antigos e mais voltada para as belezas naturais me envolvesse. Não é preciso bilhete, nem reserva, basta apenas lá chegar.

Manuela Marujo

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Imagens cedidas por Manuela Marujo

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