Resgatando a humanidade em meio à pandemia
Tanto falaram e continuam a falar sobre a pandemia, sobre o novo normal e assuntos correlatos que, qualquer coisa que se escreva a respeito já foi dita, refletida e esmiuçada.
No entanto , eu acredito que cada um de nós está tendo o seu olhar subjetivo e único sobre essa tragédia que se abateu sobre o mundo e sempre cabe mais uma reflexão.
Sem dúvida, é um momento delicado, inusitado, que para a maioria das pessoas causa medo, pavor, desesperança. Lembrando uma máxima bastante conhecida – “ É nos momentos mais difíceis que devemos manter a tranquilidade” – arrisco dizer que, mais do que isso, precisamos aprender a escutar qual lição a vida está tentando nos ensinar.
Será que o nosso individualismo exacerbado já não cumpriu o seu papel? Será que não é hora de, real e efetivamente, pensarmos mais no coletivo e iniciarmos uma nova maneira de nos relacionar com tudo que nos cerca? A começar pelo meio ambiente, pelo nosso modo de produção, pelas nossas escolhas pessoais e políticas.
Um exemplo gritante de como as escolhas políticas afetam diretamente as nossas vidas muito mais do que imaginamos, é o caso do Brasil. Diante dessa terrível crise sanitária que assola o mundo, a população brasileira está à deriva em um mar de conflitos políticos, guerra de informações contraditórias e, pasmem: sem Ministro da Saúde. O resultado disso é um número elevadíssimo de mortes que poderiam ter sido evitadas se houvesse um consenso entre os governantes e autoridades do país. Em meio a negacionismos de toda sorte, indiferença, egoísmo e aumento da violência, o Brasil está longe do achatamento da curva de contaminação/mortes.
Voltando à lição que poderíamos tirar de tudo isso, minha percepção é que a pandemia desnudou o caráter de muita gente, nos mostrando, a cada um, o grau de empatia em que nos encontramos. Essa onda de frieza e egoísmo que parece estar pairando sobre nós, sempre existiu e a pandemia apenas a evidenciou. Para aqueles que ainda estão presos ao seu próprio casulo é uma questão de tempo estabelecer uma conexão maior com o outro. Se assim não ocorrer, poderemos estar dando adeus à nossa sobrevivência como espécie. Se não agirmos em conjunto, o vírus nos derrotará. A Ciência pesquisando incansavelmente por uma vacina, os profissionais de saúde na linha de frente do combate, os trabalhos essenciais sendo realizados corajosamente. E, aos poucos, a vida voltando à normalidade com os necessários ajustes para a continuidade da vida.
A lição que fica é algo que sabemos há muito tempo: o ser humano é gregário. Sem ajuda, sem união, não sobrevivemos.
Gestos e atitudes simples como o autocuidado, a empatia com o próximo, são suficientes e necessários para desencadear uma outra onda. Uma onda que seja capaz de dar sentido a todas as mortes dessa pandemia: a onda de amor e humanidade da qual também somos feitos.
Adriana Marques/MS
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