Saúde & Bem-estar

O bicho de sete cabeças e a criança assustada

Por que será que não aceitamos momentos de conflitos internos, tristezas, dias cinzentos? Por que será que temos tanta dificuldade em encarar essas fases? Será porque não fomos preparados para entender que essas sensações são inerentes à composição humana? 

Acontece que esses momentos são para nós como um bicho de sete cabeças; sentimos medo e queremos nos livrar dele o mais rápido possível. O pior é que quanto mais fugimos, maior o monstro fica. Sugiro praticar o seguinte exercício de imaginação: transforme esse monstro assustador em uma pequena criança.  Acuada, sentada e apoiando a cabeça nos braços, num canto escuro e frio, com medo, chorando e perdida. Aperta o coração só de imaginar, não é? Você vai ignorar ou vai em direção à essa criança acolhê-la, entender o que está acontecendo, munir-se de ideias e ferramentas e tentar resolver o problema?

É exatamente isso que deveríamos fazer com os nossos sentimentos mais negativos. Acolhê-los, entendê-los, procurar olhar todos os seus ângulos, para que assim possamos perceber qual a melhor forma de resolver a questão.

Na verdade, somos condicionados a esconder a tristeza e as crises existenciais como se a vida fosse um mar de rosas. Quando encaramos de frente essas supostas “fraquezas” estamos priorizando o nosso crescimento individual; afinal somos “metamorfoses ambulantes” e a todo momento precisamos de ajustes e adaptações. Ninguém é feliz e bem resolvido 100% como numa linha do tempo do Instagram. As pessoas não são só sorrisos de comerciais de TV e as relações não são harmoniosas o tempo todo como num filme de comédia romântica.

O que nos falta é amadurecer um lado que não nos é ensinado: o de entender que as sombras fazem parte da nossa constituição humana e vez ou outra estarão mais fortes.  Precisamos apenas aceitá-las e perguntar a elas: o que vocês querem?

Muitas vezes, nesses casos, precisamos de ajuda, porque nos sentimos sozinhos e impotentes nessa fase. E não é para menos: se somos condicionados a esconder os problemas debaixo do tapete, como vamos acolher o tal “bicho de sete cabeças”? Para isso temos à disposição profissionais e atitudes que podem caminhar conosco nessa jornada.

Há tantas possibilidades! Terapias convencionais, terapias holísticas, religião, constelação familiar, artes; enfim, as ferramentas estão aí para serem utilizadas, basta dar o primeiro passo e não se entregar ao medo paralisante.

É lógico que ninguém quer passar por esses ciclos de sofrimento; eu seria louca se afirmasse que essa é uma sensação boa de experienciar mas, certamente, é uma grande oportunidade de entender a si mesmo, de saber lidar com as sombras e compreender cada vez mais os seus próprios sentimentos. Eu acredito que para controlar nossos comportamentos externos temos que desenvolver a capacidade de controlar os internos (nossos sentimentos e pensamentos). Esse é um poder incrível que poucos possuem e que os tornam em verdadeiros vencedores. Não é o milionário, nem o que tem o carro do ano, nem a mansão mais cara da cidade e nem o cargo mais importante. Vencedor/a é aquele/a que consegue viver em paz consigo mesmo/a apesar dos tsunamis da vida. Para tanto, aprenda a se conhecer, a entender do que você é feito (a): luz e sombra, bem e mal. Aceite-se. 

Olhe bem para esse “bicho de sete cabeças” e você perderá o medo. Você conseguirá enxergar a criança assustada e fará o que tem a fazer!

Adriana Marques

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