Saúde & Bem-estar

A carência e o medo de estar consigo mesmo

A minha proposta desta semana é fazer uma reflexão sobre a carência nas relações. Para tanto, vou relatar um encontro que tive com um restrito grupo de amigos, em que esses temas foram o assunto principal. Nessas conversas que iniciaram com todos relatando sobre suas experiências com o isolamento social imposto pela pandemia, destacamos as dificuldades e algumas semelhanças que os imigrantes enfrentam na adaptação ao novo país. Uma dessas dificuldades (e semelhança com o atual momento da pandemia) é a falta de contato com uma rede de apoio, com amigos e com a comunidade, que antes era facilmente estabelecido no país de origem. Contei que – como diz a música de Caetano Veloso, Sampa – “quando cheguei por aqui, eu nada entendi”. Me sentia muito sozinha, sem amigos, deslocada. Desse modo, acabava por me relacionar com pessoas que não tinham nada a ver com minha visão de mundo, gerando assim uma frustração e mais afastamento. Ainda Caetano Veloso: “Solidão apavora, tudo demorando a ser tão ruim”.

A carência e o medo de estar-saudebemestar-mileniostadium
Crédito: Pixabay

Ah, “vida mãe” que traz ao nosso caminho exatamente as situações que fazem com que a gente amadureça. Foi a partir do momento em que fui confrontada em lidar com a minha solidão, que eu aprendi a amar a minha própria companhia. E foram situações do dia a dia que me propiciaram prestar mais atenção em mim mesma e a encontrar prazer nas pequenas coisas da vida. Encontrei amor nos meus gatos, nas minhas plantas, na minha arte, na minha cantoria, no meu violão – eu aprendi a apreciar coisas que já estavam presentes, mas que precisavam apenas ser valorizadas – aprendi a apreciar a minha vida sem a necessidade de preenchê-la com outras pessoas.

Continuo achando importante nos relacionarmos, trocarmos ideias ou até mesmo falarmos “abobrinhas”. Mas tem que haver qualidade nessas relações e não apenas carência afetiva por trás delas.

Eu sempre aceitei qualquer nível de relacionamento exatamente porque sentia muito medo de ficar sozinha, de enfrentar “o vazio” de estar comigo mesma.

Coincidência ou não, o fato de me deslocar para outro país e enfrentar a solidão e a carência de amigos, me ajudou a dar valor à mim mesma e a não aceitar menos do que eu mereço.

E a partir desse aprendizado, meu círculo de amizades passou a ter mais qualidade e não quantidade. Penso que o fato de apreciar a minha solitude me tornou mais autêntica e essa autenticidade, como um ímã, atraiu pessoas maravilhosas ao meu redor.

A vida é uma eterna mãe travestida de madrasta má, porque ela nos ensina, muitas vezes de forma dura, que podemos ser melhores, basta abrir os olhos da consciência e deixá-la agir.

Adriana Marques/MS

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