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O primeiro fio de cabelo branco e envelhecer

Envelhecer talvez seja algo difícil, por vezes aterrorizante, porque nos aproximamos mais da morte. Será esse o verdadeiro motivo desse grande pavor?

A princípio, sim, mas não é só isso. Há um aspecto do envelhecimento que não é muito fácil de aceitar.  Refiro-me ao fato de que o corpo já começa a não responder como aos 20 anos. Vale lembrar que sou relativamente jovem, mas já começo a observar as mudanças físicas em mim. Engordar. por exemplo, está muito mais fácil do que emagrecer, o corpo começa a ficar mais pesado e menos flexível e quando você pratica alguma atividade a mais na sua rotina, cada pedacinho do seu corpo arde por muitos dias. Constato agora a importância de nos exercitarmos sempre, principalmente quando sentimos que o físico já não é tão vigoroso quanto antigamente.

Para quem é vaidoso(a), também não é um momento tão compensador. A gente começa a observar as rugas de expressão, a flacidez, a pele menos luminosa…

Dias atrás acordei no mesmo horário e, ao escovar os dentes em frente ao espelho, identifiquei um brilho diferente em meu cabelo. Olhei de perto e lá estava ele: o primeiro fio de cabelo branco iluminando a minha franja!

Ao invés de gerar em mim o desespero esperado (confesso, sou vaidosa) parece que a vida me preparou para esse momento emblemático. Fiquei feliz! Eu, que quando mais nova achava que iria morrer cedo, me encontrava ali, em frente ao espelho, vendo o meu primeiro fio de cabelo branco. Que maravilha! Sinal de longevidade.

Essa reação surpreendente me fez refletir que envelhecer também é uma oportunidade de perceber que estamos tendo uma dádiva que todos querem, a dádiva da vida.

Envelhecer é a  chance que a vida nos dá de aprender lições que antes quebrávamos a cabeça para entender ou vivenciar, e hoje lidamos com muito mais recursos para passar por esses mesmos momentos. Quantas atitudes equivocadas tomamos quando mais novos e que hoje faríamos completamente diferente?

Envelhecer vai nos gerando segurança de ser quem somos realmente, independente do julgamento alheio. Não é reconfortante já não mais ter aquele fardo ilusório de medo do que os outros vão pensar diante de suas escolhas e vontades?

Envelhecer mata aquele bicho papão que invade nossos pensamentos quando temos que tomar decisões que, aos olhos de uma pessoa madura, parecem tão fáceis e simples de serem tomadas.

Envelhecer é saudável para nossa mente se permitirmos que as experiências que tivemos ao longo da vida nos ensinem a agir em conformidade com o que acreditamos ser correto, com empatia e respeito ao próximo.

Envelhecer é acalmar o espírito e sentir prazer nas coisas mais simples como o cheiro de café passado na hora ou o carinho do pet que nos enche de alegria,  o beijo de bom dia do nosso companheiro(a) e um bom filme que nos emociona profundamente. Enfim, as pequenas coisas que eram irrelevantes há tempos atrás começam a se tornar mais significativas, principalmentequando se trata de relações humanas.

Após todas essas reflexões em frente ao espelho, resolvi fazer aquilo que geralmente faço quando momentos importantes na minha vida acontecem: música! Fiz uma música em homenagem ao “carimbo” da minha entrada ao envelhecimento. E, não contente, realizei o sonho de compor em francês, mesmo não dominando o idioma. Estou rindo nesse momento, enquanto escrevo essas palavras, pela exposição franca dos meus sentimentos, sem filtro, nesse texto. O que eu quero deixar como mensagem é: ria de si mesmo, ria da vida, faça música, poesia ou simplesmente escreva ou cante, converse com as plantas, use sua melhor taça, deguste seu melhor vinho, beije mais a pessoa que você ama, evite conflitos e receba seu primeiro fio de cabelo branco com um grande “SEJA BEM-VINDO!”

Adriana Marques/MS

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