Ambiente

Terra Viva

Incêndios no Ártico

Devido à seca e a temperaturas anormalmente elevadas, tem havido incêndios excecionalmente numerosos e de grandes dimensões no Ártico.

Com as alterações climáticas, além dos padrões anuais das temperaturas, alteram-se também os padrões de precipitação e de humidade no ar. A primavera e o verão estão a chegar mais cedo cerca de três semanas e a prolongar-se também mais cerca de três semanas, o que resulta num maior período das estações mais secas e quentes equivalente a cerca de mês e meio.

A Organização Meteorológica Mundial baseada em dados captados pelos satélites do Serviço de Monitorização Atmosférica “Copernicus Cams” informa que desde o início de junho foram detetados mais de 100 incêndios florestais intensos e duradouros dentro do Círculo Polar Ártico. O dióxido de carbono libertado para a atmosfera, só em junho, foi de cerca de 50 megatoneladas – esta quantidade é maior do que as emissões somadas dos últimos 18 anos no mesmo período.

Os incêndios têm ocorrido essencialmente na Sibéria e no Alasca, mas também no Canadá – um dos mais recentes aconteceu em Alberta  e calcula-se que tenham ardido o equivalente a 300 mil estádios de futebol.

A temperatura média registada no mês de junho nas zonas da Sibéria, onde têm ocorrido os incêndios, foi mais elevada em cerca de 10º C do que a média verificada nos mesmos períodos entre os anos de 1981 e 2010. O Alasca bateu recordes de temperatura, atingindo os 32º C a 4 de julho, contribuindo para gigantescos incêndios nesses dias.

Este ano as cinzas e fumo dos incêndios florestais perto de Ontário afetaram a qualidade do ar. Os grandes incêndios de 2014 no Canadá queimaram quase três milhões de hectares de floresta libertando 103 milhões de toneladas de dióxido de carbono para a atmosfera.

As cinzas provocadas pelos incêndios promovem ainda mais o aumento das temperaturas no ártico – ao acumularem-se no gelo levam a que este absorva mais luz e calor, impedindo assim a reflexão dos raios solares.

Aumentando a temperatura nesta região do círculo polar, outro efeito preocupante se verifica – o descongelamento do Permafrost, levando à libertação de quantidades enormes de metano, que é um gás que contribui para o efeito estufa ainda mais que o dióxido de carbono.

Além dos impactos diretos e imediatos dos incêndios, existem impactos na atmosfera e qualidade do ar provocados pelas partículas resultantes da combustão de biomassa, sejam monóxido de carbono ou óxido de nitrogénio, entre outros.

Todos os elementos referidos até aqui potenciam ainda mais o aumento da temperatura global, e qual “pescadinha de rabo na boca”, levam a uma maior possibilidade de ocorrência de incêndios. Se parássemos neste momento todas as nossas emissões poluentes a temperatura global continuaria a aumentar durante dezenas de anos. De notar que pusemos um mecanismo em marcha que não sabemos quando parará e mais preocupante ainda é não saber até onde acelerará.

As Nações Unidas e outros organismos têm promovido o diálogo e debate para que se encontrem soluções para reduzir e inverter o impacto que as atividades humanas têm no ambiente e no clima. A responsabilidade é de todos, e como já aqui expliquei, o clima e o ambiente não têm fronteiras. Na sequência dessa vontade de mudança e preocupações comuns, existe um programa com as chamadas “Semanas do Clima” de índole regional. Este ano aconteceu já em África, em Acra, no Gana, e a próxima será em agosto no Brasil, na cidade de Salvador – será a “Semana do Clima para a América Latina e Caraíbas”.

Só com divulgação de conhecimento e ajuda de todos, poderemos salvar-nos a nós e ao planeta, isto se queremos continuar a desfrutar da natureza com respeito e admiração.

Paulo Gil Cardoso

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