Ambiente

Terra Viva – Voar

Uma das maiores conquistas dos seres vivos de maior dimensão é o voo. Apesar de fácil para seres microscópicos, que podem ser levados pelo vento, por exemplo, para os animais de maiores dimensões foi um processo que demorou alguns milhões de anos. Excluindo seres microscópios, os primeiros animais voadores julga-se terem sido os insetos há cerca de 400 milhões de anos.

Acredita-se que os primeiros animais voadores de grande porte que realmente conseguiram controlar o voo foram os Pterossauros – estes répteis, apesar de terem vivido no Mesozoico e terem sido contemporâneos dos dinossauros, não eram dinossauros, tendo-se extinguido, porém, na mesma altura que estes.

Atualmente existe uma variedade imensa de animais alados, insetos, mamíferos, aves e até peixes.

Existem basicamente dois tipos de voo: o independente e o deslizante. O primeiro implica a existência de asas e um grande controlo sobre todos os movimentos, o segundo consiste basicamente em planar. Aves, insetos e morcegos fazem parte do primeiro grupo, enquanto alguns esquilos e répteis fazem parte do segundo.

A conquista da possibilidade de deslocação no ar permitiu aos animais percorrerem grandes distâncias em tempos muito mais reduzidos do que se deslocassem no solo ou na água. Com o surgimento de animais alados a vida na Terra teve uma enorme alteração – voando, os animais conquistaram a quase plenitude de deslocação para todos os locais do planeta.

Com esta conquista do ar, outras possibilidades se abriram, mesmo para espécies não voadoras. Desde pequenos animais a sementes de plantas, muitos são os que aproveitam boleias daqueles que se deslocam no ar. Pode-se dizer que o voo permitiu uma profusão da vida na Terra numa escala maior do que antes dessa conquista do ar. A caça, a fuga, a reprodução, as migrações sazonais, a conquista de novos habitats, enfim, a sobrevivência e a proliferação da vida tiveram novos rumos e um sem fim de novas possibilidades.

A diversidade de aves e de insetos voadores é impressionante – descobrimos novas espécies todos os anos, não se sabendo ao certo quantos faltarão catalogar, porém com a pressão da ocupação humana no planeta muitos ficarão por conhecer, por destruição de habitats e de recursos.

O fascínio do Homem pelo voo existiu desde tempos imemoriais e não descansou enquanto ele próprio não conquistou o ar. Até ao momento em que se inventou o avião, o espaço aéreo pertencia a espécies que dependem da condição de voo e de espaços, tanto aéreos como terrestres, para a sua sobrevivência. Com as nossas gigantes máquinas voadoras, barulhentas e fumegantes, em apenas 120 anos reclamámos espaços que foram ocupados por outros e diversos seres durante milhares de anos. Assim, de repente, chegámos e declarámos nossos territórios de outros.

Esperemos que não nos corra mal como correu a Ícaro, que com as asas que construiu com Dédalo, seu pai, para escapar ao labirinto, depressa foi engolido pelo deslumbramento de voar mais alto, esquecendo o objetivo primeiro, de fuga da sua prisão, voando alto demais, ignorando todos os avisos, ultrapassando os limites da utilização razoável do seu invento, acabando por derreter as asas e consequentemente estatelando-se no chão.

Paulo Gil Cardoso

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