Ambiente

Terra Viva – “to lithium or not to lithium”

Será que as baterias de iões de lítio poluem mais que os motores a combustão de derivados do petróleo?

As dúvidas estão instaladas há já algum tempo. Existem bastantes céticos relativamente à utilização de baterias elétricas em veículos automóveis. Apesar de alguns estudos suportarem de alguma forma essas dúvidas, nenhum apresenta evidências absolutas de que os automóveis elétricos emitem mais poluentes para a atmosfera do que aqueles com motores de combustão, mesmo considerando a poluição relativa ao esforço de produção.

Um estudo do Instituto Ambiental Sueco refere que a poluição gerada para a produção de uma dada bateria com 100KWh seria o equivalente a conduzir um modelo com motor de combustão durante mais de 8 anos. Porém o estudo falha em quantificar a poluição gerada na extração, refinamento, transporte e refinação do petróleo necessário ao funcionamento de uma viatura com motor de combustão.

Dúvidas haja relativamente à poluição aquando da produção das baterias, o mesmo não se verifica olhando às emissões geradas pelos veículos em circulação. A US Environmental Protection Agency apresenta uma comparação entre um motor 4,0L a gasolina que emite 6,2 toneladas de dióxido de carbono para uma estimativa anual de 22.500Km percorridos por contraposição com as 17,5 toneladas de emissões para a produção de uma bateria. Ou seja, se ambos os veículos circularem durante mais de três anos, o motor de combustão poluirá mais do que o veículo elétrico.

Apesar de não serem a solução perfeita, os veículos elétricos são o menor dos dois males. Temos por isso que continuar as pesquisas de forma a conseguir encontrar soluções que sejam mais amigas do ambiente.

A extração do lítio é também poluidora e provoca impactos ambientais significativos. Sendo o lítio um elemento alcalino, tem uma reatividade e inflamabilidade altas e pelas suas características geralmente não se encontra no seu estado puro. Está normalmente integrado noutros minerais e encontra-se solvido na água do mar, salmoura e argilas. As maiores concentrações de lítio encontram-se nas fontes hidrotermais e também no granito. É por tais condições que a sua extração e purificação exige processos também potencialmente poluentes.

Portugal produziu 820 toneladas de lítio em 2011 e o Canadá em 2010 produziu 480 toneladas, sendo o 5º e 6º, respetivamente, maiores produtores mundiais.

Estão atualmente identificadas, pelo Laboratório Nacional de Energia e Geologia, seis zonas  em Portugal onde existe lítio em quantidades registáveis, sendo elas: Serra de Arga, Covas do Barroso, Barca D’Alva, Guarda, Mangualde e Segura.

Em junho, num fórum organizado pela associação ambientalista QUERCUS, alguns dos intervenientes alertaram para o facto de a exploração do lítio em Portugal não pode ser feita de qualquer maneira, exigindo uma clarificação por parte de todos os partidos políticos e do governo sobre as suas posições e sobre a forma como se pretende avançar com as extrações. Esta iniciativa foi realizada na sequência da notícia de que existe um pedido de concessão de exploração mineira de lítio numa área que ronda os 400 hectares na Serra da Argemela, perto de Barco, no concelho da Covilhã. Os ambientalistas e população receiam a possível poluição atmosférica e de aquíferos, incluindo o Rio Zêzere.

Esperemos que o bom senso e a cautela estejam presentes nesta ação de extração e que os ganhos económicos não sacrifiquem o ambiente em demasia – só assim poderemos continuar a desfrutar da natureza com respeito e admiração.

Paulo Gil Cardoso

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