Ambiente

Terra Viva – Agropecuária Excessiva

A produção animal é responsável, anualmente, por 14,5% das emissões de gases que provocam efeito estufa, ou seja, 6,77 mil milhões de toneladas.

O consumo de carne e de produtos derivados de produção pecuária tem aumentado de forma extraordinária nas últimas décadas. Para conseguir a produção atual, cerca de 80% dos solos utilizados na agricultura são dedicados à produção de alimentação para os animais ou ocupados por estes. Conforme números consultáveis no site da FAO (Food and Agriculture Organization of the United Nations), a área de pastos a nível mundial em 2007 correspondia a 3,378 mil milhões de hectares. Um terço de toda a produção de cereais é para alimentação animal e cerca de 26% dos solos disponíveis para agricultura são usados como pastos. Não serão, portanto, apenas os gases de efeito estufa que têm impacto no ambiente do planeta. Aliás, pode-se verificar a consequência da ânsia de áreas para produção animal nos atuais incêndios destruidores da Amazónia.

Olhando às projeções que existem, as preocupações com a sustentabilidade do planeta aumentam. Prevê-se um aumento de 70% de produção pecuária até 2050 de forma a conseguir satisfazer a alimentação de 9,6 mil milhões de humanos nessa altura, incidindo maioritariamente no aumento de consumo nos países em vias de desenvolvimento.

Neste imenso puzzle que é o nosso planeta, cada peça interage com todas as outras e uma das mais importantes é a água. A relação que a produção pecuária e a agricultura tem com a água é imensa: anualmente, 70% da água-doce disponível no planeta é usada neste setor, o que significa cerca de 2.210 Km3. Nos últimos 50 anos duplicou o gasto de água na agricultura e agropecuária, essencialmente em irrigação.

Com o passar das décadas, olhando apenas à produção massiva e a lucros financeiros sem preocupações de sustentabilidade ambientais, conseguimos degradar já entre 10% a 20% dos solos férteis do planeta. E o ritmo não pára: só este ano já se perderam cerca de 4 milhões de hectares.

A utilização de grandes áreas de pastagens naturais é também um problema iminente – geralmente os países com maiores dificuldades económicas são aqueles que maior dependência têm dos pastos naturais para produção pecuária. As zonas litorais do Mediterrâneo são apresentadas como exemplo negativo, a pressão humana aliada à produção massiva de gado levaram a uma degradação exacerbada dos pastos.

As zonas de pastos naturais são importantíssimas para o equilíbrio ambiental e biodiversidade. Além de servirem de pasto a animais têm um papel essencial na preservação da diversidade genética da flora e fauna. Nestas zonas chegam a existir 12.000 espécies de ervas e representam 11% de zonas de aves endémicas no planeta, além de serem o habitat de inúmeros insetos e polinizadores. A conservação e preservação destas áreas é essencial ao equilíbrio ambiental do planeta, devendo ser portanto uma prioridade de todos os países, sejam eles desenvolvidos ou em vias de desenvolvimento, a preocupação deverá ser global.

A produção agropecuária tem, no entanto, um enorme peso na sustentabilidade económica de muitos povos, tendo um contributo de cerca de 40% do valor de produção agrícola global, contribuindo para a subsistência e alimentação de 1,3 mil milhões de pessoas. Percebe-se que tem de haver bom senso nesta matéria de produção agropecuária, procurando preservar o planeta e em simultâneo garantir sustentabilidade e bem-estar dos povos, só assim poderemos continuar a desfrutar da natureza com respeito e admiração.

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