Ambiente

Gravidade

Terra Viva

Porque não flutuamos no ar? Porque não somos expelidos pela rotação da Terra?
A gravidade prende-nos à Terra, a nós, aos seres vivos que cá proliferam, aos oceanos, à atmosfera e até à Lua e às nossa naves e satélites.

Essa gravidade terrestre traduz-se numa velocidade de 9,807m por segundo ao quadrado, para qualquer corpo que deixemos, por assim dizer, cair. Existem algumas pequenas variações na gravidade da Terra mediante os locais, a latitude, a longitude, (essencialmente devido à força centrífuga resultante da rotação do planeta), e a topografia e geologia, influenciam essa força, apesar de minimamente. A variação pode rondar os cerca de 0,7%. Não é, portanto, homogênea esta força em todo o mundo. Por curiosidade, seremos mais pesados em Oslo, na Noruega, (9,825 m/s2) do que na Cidade do México (9,766 m/s2).

Estudos recentes levam a crer que a gravidade na Terra não foi sempre a mesma – a observação de determinados tipos de fósseis permite-nos concluir que a velocidade de rotação há 70 milhões de anos não era a mesma.

Consegue-se hoje saber com elevada precisão que os dias tinham menos meia hora aquando da extinção dos dinossauros, sendo que um ano nessa época era de 372 dias em vez dos atuais 365. Outro dado a acrescentar é que a massa do planeta vai aumentando em cerca de 15.000 toneladas por ano devido aos asteróides e poeiras que vão colidindo com a Terra. Temos ainda de considerar o bailado que a Lua tem feito com a Terra ao longo de centenas de milhões de anos, em que as distâncias entre o par foram variando, assim como foram variando as velocidades de rotação e de translação das duas.

A vida na Terra evoluiu adaptando-se a alterações climáticas, de habitat, de atmosfera, etc., porém desde o início que o fator gravidade foi preponderante no diversificado desenvolvimento dos seres vivos. Todos os processos biológicos são desde os tempos primordiais condicionados pela gravidade, podendo pequenas variações desta força terem grandes consequências, eventualmente benignas para uns poucos, mas nocivas para muitos, dependendo de muitos e complexos processos biológicos e da velocidade de adaptação. A título de exemplo: as plantas através dos mecanismos de gravitropismo levam as suas raízes para o fundo do solo enquanto os seus caules contrariam a gravidade crescendo em sentido contrário; as células (e consequentemente os animais) têm o seu tamanho limitado devido à gravidade, sendo a dimensão de uma célula inversamente proporcional à força gravitacional exercida sobre ela.

Apenas uma entre muitas reflexões: e se a água evaporada não voltasse a cair?

Com pequenas variações na gravidade toda a vida na Terra seria diferente daquela que conhecemos, e como sabemos que já teve variações e continuará a ter no futuro, novas formas de vida, adaptações e evoluções acontecerão, poderão ser lentas ou repentinas, poderão algumas formas de vida extinguir-se e outras surgirem.
Não, nada é estático, é sim tudo dinâmico e em constante mutação. Por várias vezes tenho comparado a Terra e a natureza a um gigantesco e complexo puzzle – faltou acrescentar que este não é um puzzle qualquer, é um puzzle em constante movimento e mutação, o que torna ainda mais difícil a sua compreensão e interação com ele. Todas as cautelas na intervenção humana neste fantástico mundo serão sempre insuficientes. Enquanto cá estiverem, desfrutem da vida com respeito e admiração.

Paulo Gil Cardoso/MS

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