Ambiente

Graciosa – 100% Energia Verde

A “Ilha Branca” como lhe chamou Raúl Brandão na sua obra “As Ilhas Desconhecidas”, julga-se ter sido descoberta por volta de 1427. Com apenas 60,66Km2 e, atualmente, cerca de 4.500 habitantes sempre foi um potencial tesouro do Atlântico. Esta ilha do arquipélago dos Açores é a mais plana deste grupo de ilhas e também aquela que tem menos pluviosidade. Desde sempre a agricultura e a agropecuária foram as principais fontes de sustentabilidade da ilha, atualmente, o gado bovino é a sua principal fonte de riqueza. O vinho, a meloa e o milho são também produtos desta terra fértil.

A Graciosa em 2017 foi classificada pela UNESCO como Reserva da Biosfera, classificação que reconhece a qualidade e necessidade de preservação da biosfera da ilha e da sua floresta típica da Macaronésia, contendo o território o Parque Natural da Graciosa e oito áreas protegidas.

A Graciosa dá atualmente um passo exemplar para o mundo tornando-se na primeira ilha da Terra com energia 100% renovável, sendo líder na utilização de recursos naturais renováveis para produção de energia, através do projeto “Graciólica”. Este é o primeiro sistema integrado de energia híbrida a ser implementado no mundo, baseado na produção energética a partir do vento e do Sol.

Durante testes realizados em 2018 alcançou-se o feito de abastecer a ilha a 100% com energia proveniente do sol e do vento, com suporte no parque eólico e painéis fotovoltaicos instalados na Serra Branca.

O sistema “Graciólica” tem a capacidade de geração de energia de 4,5MWe a partir do Sol e de 1MWe a partir do vento, integrando também um sistema de baterias de última geração que facultam o armazenamento de 3,2MWh. Até aqui a ilha era dependente de uma central térmica a gasóleo que produzia eletricidade para abastecimento de toda a ilha, com este projeto será reduzida substancialmente a poluição e a dependência do petróleo.

A instalação deste sistema representa um investimento de 24 milhões de euros, sendo 4 milhões de euros de fundos europeus. O primeiro passo e investimento foi feito pela empresa dinamarquesa Younicos e, pela posteriormente sócia, a alemã Recharge. Este projeto conta com o apoio do Governo Regional dos Açores e União Europeia, integrando também uma série de empresas e entidades no seu desenvolvimento e implementação, desde a EDA (Empresa de Eletricidade dos Açores), passando pelo Instituto de Engenharia de Sistemas e Computadores, Tecnologia e Ciência (INESCTEC), EFACEC, Greensmith EMS, Tractebel, Leclanché entre outras.

Através do exemplo do que está a ser feito na ilha Graciosa prova-se a viabilidade das energias verdes e a melhor relação com a vida e os recursos naturais. Provam-se também aquelas que são as maiores vantagens de sobrevivência e evolução do Homem: a capacidade de adaptação e a capacidade inventiva. Nos tempos que atravessamos e se avizinham, estas capacidades farão a diferença entre o perigo de destruição do nosso planeta e da nossa própria existência, e a sustentabilidade e continuidade da vida na Terra.

Graciosamente os Açores estão na linha da frente da evolução tecnológica sustentável e, assim, podemos visitar estas maravilhas naturais sabendo que há trabalho em curso para se preservarem e sabendo que os açorianos sabem desfrutar da natureza com respeito e admiração.

Paulo Gil

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