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Dilúvio do Terceiro Milénio

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DR.

Confirmam-se as piores projeções sobre o degelo. A última década foi a mais quente de sempre desde que existem registos.

O ano de 2020 foi mais quente em 0,4ºC que o ano de 2019 e mais quente que a média dos anos 1850 a 1900 em 1,25ºC.

Já aqui publiquei artigo na edição de 17 de julho de 2020 (www.mileniostadium.com/vida-vidas/ambiente/diluvio-do-seculo-xxi/), sobre a subida do nível dos oceanos, sobre inundações, tempestades e chuvas torrenciais localizadas. Infelizmente sinto a necessidade de voltar ao tema após as publicações de registos de várias entidades. Os dados recolhidos pelos satélites europeus integrados no Copernicus Climate Change Service revelam e confirmam uma realidade assustadora. “Foi o novembro (2020) mais quente já registado, com temperaturas quase +0,8ºC acima da média de 1981-2010. Na Europa, o outono, de setembro a novembro (2020), também registou nova máxima, com temperaturas de +1,9ºC acima da média”.

As elevadas temperaturas levaram a que o degelo sazonal no Ártico e na Sibéria fosse de uma intensidade invulgar. A par com isto, as emissões de CO2, resultantes de incêndios na tundra, incontroláveis e gigantescos, bateram também recordes. O cenário não é mesmo agradável…

Também em número de grandes tempestades, 2020 destacou-se como o ano com o maior número de sempre destes fenómenos extremos. Pela primeira vez esgotaram-se os nomes em inglês e teve de se recorrer ao alfabeto grego.

Estamos a perder tempo de reação… perdemos tempo com governos de países como os E.U.A. que abandonaram o Acordo de Paris, ou como o do Brasil que permite a devastação da Amazónia por um punhado de moedas, que não valerão de nada para colmatar os prejuízos que resultarão da desregulação climática. Perdemos tempo com uma Europa burocrática demais, que despende energia e tempo em tricas políticas, tempo que se torna precioso para a ação urgente de inverter tendências industriais e produtivas que diariamente agravam o problema das alterações climáticas. Perdemos tempo quando países, que pela sua dimensão e complexidade cultural, como a China e a Índia, são incapazes de se disciplinarem, de se reconverterem e caminhar mais rapidamente no sentido da proteção do planeta.

Para agravar tudo isto surge ainda esta pandemia, que nos volta a fazer perder imenso tempo, que nos consome recursos, que nos empobrece, que nos desvia a atenção (e com razão, porque realmente é o problema mais imediato e urgente que temos de resolver). Porém na retoma pós-Covid devemos focar de imediato e com firmeza na resolução do problema ambiental. Além das correções relativas a emissões de poluentes, temos de perceber que será necessário readaptarmo-nos. Mesmo atingindo as metas propostas para 2030 sobre emissões de gases que provocam efeito estufa, mesmo parando o seu aumento ou reduzindo drasticamente essas emissões, a temperatura global continuará a subir nas próximas décadas, é que este veículo está em andamento sem travões, e mesmo tirando o pé do acelerador, continuará a andar durante décadas. É, portanto, evidente que aumentarão as cheias, subirá o nível dos oceanos, haverá mais tempestades destruidoras, noutros locais haverá mais incêndios, a qualidade do ar piorará nos grandes núcleos populacionais e industriais, zonas costeiras serão inundadas, a pobreza e conflitos aumentarão. Não, não estou a ser catastrofista ou a ter previsões pessimistas. É evidente! Consultem os números e registos das últimas décadas e tirem as vossas elações. Contra factos não há argumentos… a década (2010-2020) mais quente de sempre, 2020 o ano mais quente de sempre e com o maior número de grandes tempestades. Por favor deem ouvidos à ciência. Por favor deem atenção à nossa mãe Terra, que adoece, e nós com ela.

Paulo Gil Cardoso/MS

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