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Dilúvio do século XXI

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Recentes publicações de estudos sobre a subida dos oceanos e seus impactos apontam para 300 milhões de pessoas afetadas até 2050. Foto: DR

 

O nível médio dos oceanos está em crescimento desde finais do séc. XIX, tendo subido cerca de 20,3cm em 140 anos, sendo 7,62cm apenas nos últimos 25 anos.

A comunidade científica aponta essencialmente duas razões para a subida das águas dos oceanos: o aquecimento global e as alterações climáticas.

A subida da temperatura global é apontada como consequência da emissão massiva de gases de efeito estufa, como o dióxido de carbono ou o metano. As alterações do clima derivam com certeza essencialmente desse aquecimento, havendo, no entanto, outros fatores a considerar, como destruição de florestas, desertificação, alterações de habitats, destruição de biodiversidade, etc. Apesar da interação entre estes dois fenómenos, muitas vezes usados como sinónimos, cada vez mais a comunidade científica os refere separadamente.

O aquecimento global tem consequências distintas que favorecem a subida do nível das águas – a mais propalada é o derretimento de glaciares, que estão a derreter mais durante o verão, não sendo reposto o gelo através dos nevões de inverno, por estes serem também mais curtos e com menos queda de neve. No entanto também as calotas polares, essencialmente aquelas sobre terra, como nos casos da Gronelândia e da Antártida, têm vindo a recuar e a perder espessura. Toda esta água está então a ficar liberta na atmosfera e principalmente nos oceanos.

Existe, porém, mais um fenómeno que contribui para a subida do nível médio dos oceanos: o seu próprio aquecimento. Esse aquecimento provoca a dilatação das massas de água que naturalmente ao expandirem-se aumentam o seu volume.

As alterações climáticas por sua vez têm favorecido tempestades e subidas repentinas em zonas costeiras – apesar de localizadas e temporárias, essas inundações repentinas têm causado catástrofes em ecossistemas naturais, crises humanitárias e/ou destruição de cidades e estruturas costeiras.

Recentes publicações de estudos sobre a subida dos oceanos e seus impactos apontam para 300 milhões de pessoas afetadas até 2050, sendo que a maior parte serão em países asiáticos como a Índia, Bangladesh, China, Vietnam, Tailândia ou Indonésia. As ilhas das Caraíbas, o Estado da Florida ou do Louisiana, muitas zonas costeiras e ilhas por todo o planeta fazem parte das zonas de risco.

Portugal tem algumas zonas consideradas de risco elevado e que irão a curto/médio prazo (nas próximas décadas) sofrer com a subida das águas, sendo elas a Ria Formosa, o Estuário do Tejo, a Ria de Aveiro, o Estuário do Guadiana, Sado, Portimão e Lagos. Um estudo realizado por investigadores da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa aponta para que em 2050 a subida do mar “afetará cerca de 150 mil residentes ao logo da costa portuguesa”, nas palavras do professor Carlos Antunes, um dos coordenadores do estudo.

É vital para a civilização humana diminuir, contrariar e inverter o aquecimento global, no entanto essa necessidade tem sido difícil de cumprir. Ainda não se conseguiu inverter o rumo dos acontecimentos e será com certeza muito longa e lenta essa batalha, temos portanto que trabalhar também no lado da mitigação e contenção dos estragos que se anunciam.

Teremos que nos preparar e ajustar a novas realidades e fenómenos climatéricos extremos, sendo para tal necessário repensar a ocupação humana e de populações implantadas em zonas de crescente risco. É evidente que o replaneamento é um processo lento e doloroso, e por tal, necessariamente, de planeamento e desenvolvimento imediato. Tudo terá que começar com certeza na consciencialização e informação, seja às populações, seja aos responsáveis em cargos de decisão. Diz a sabedoria popular: “mais vale prevenir que remediar”.

Paulo Gil Cardoso/MS

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