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Água potável – escassa

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Dr.

 

Apenas 3% de toda a água no planeta é água doce, sendo potável e acessível para consumo somente 0,02%.

Parece-nos inacreditável que num planeta em que 75% da sua superfície seja coberta de água e seja tão difícil ter uma quantidade abundante bebível. Dos atuais 7,8 mil milhões de seres humanos aproximadamente 800 milhões não tem acesso a água potável. Ásia e África são as zonas do globo onde o acesso a água limpa para consumo humano é mais reduzido. Os cinco países com mais pessoas sem acesso a água potável são: Índia 77 milhões, China 63 milhões, Nigéria 57 milhões, Etiópia 43 milhões, República Democrática do Congo 36 milhões. Este ano já morreram mais de 800 mil pessoas por doenças causadas por água imprópria para consumo. Como divulgado pela Organização Mundial de Saúde, mais de dois mil milhões usam água contaminada com fezes. 

A acrescentar à escassez do líquido vital, a atividade humana contamina e polui uma gigantesca quantidade de água, sendo que cerca de 80% das águas residuais no planeta não são tratadas ou depuradas.

Dos 9,087 mil milhões de metros cúbicos de água doce usada no mundo anualmente pelo Homem, 70% são para irrigação e criação de gado, 20% são usados pela indústria e apenas 10% são para o uso das populações. Porém se compararmos os países desenvolvidos com os em vias de desenvolvimento as diferenças são evidentes. Nos países desenvolvidos o consumo é de 59% na indústria, 30% na agricultura e pecuária e 11% no uso das populações. Nos países menos desenvolvidos a agricultura e pecuária ficam com a fatia de 82%, a indústria 10% e as populações consomem apenas 8%. Estas repartições de consumo demonstram bem as grandes diferenças estruturais entre países ricos e pobres, mas o mais lamentável é a diferença de consumos totais: enquanto os E.U.A. consomem quase 600 litros por dia, por pessoa, na Etiópia consome-se apenas 15 litros.

A extração excessiva, tanto a partir de lagos e rios, como dos lençóis freáticos, aliada ao aquecimento global, alterações climáticas e poluição, estão a provocar a escassez de água em muitas regiões do planeta. Em 2025 calcula-se que metade da população mundial viverá em zonas com carência água. O impacto nas economias e nas populações provoca instabilidade e disputas no acesso a este recurso vital. Nos últimos 70 anos houve mais de 30 conflitos entre países devido a recursos aquíferos. 

A título de exemplo, e que convém recordar, a Guerra dos 6 Dias, em 1967, foi muito motivada pelo controlo da água do rio Jordão, que atravessa o Líbano, Síria, Israel, Cisjordânia e Jordânia. A instabilidade teve início nos anos de 1950, quando a Jordânia avançou com a intenção de utilizar a água do principal afluente do Jordão, o rio Yarmouk, de forma excessiva e olhando apenas aos seus interesses. Também Israel começara a construção de aquedutos de transvase para o litoral e para o deserto de Negev, captando água no norte do Mar da Galileia. Somada a estas já melindrosas ações e relações de atrito entre vizinhos, a Liga Árabe, iniciou obras de desvio dos rios Banias e Hasbani que levaria à diminuição acentuado do caudal do Jordão, o que deixaria secos os aquedutos israelitas.  Esta foi a “gota de água” que levou à guerra.

Ter poder sobre as nascentes dos rios, desviar os seus cursos ou reter as águas com barragens, tem sido motivo de conflitos entre países vizinhos. Deter e controlar a água é uma forma execrável de exercer poder, utilizar a água como arma, ou como elemento de chantagem, é tudo menos digno de um ser que se auto intitula de Sapiens Sapiens.

A escassez da água não terá fronteiras, porque essas só existem na mente do Homem. 

Paulo Gil Cardoso/MS

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