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Água de Fukushima

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Mais de 1,23 milhões de toneladas de água radioativa, a que se juntam mais cerca de 170 toneladas diariamente, distribuídas por cerca de 1000 tanques, é com certeza um gigantesco problema.

Na sequência de um violento tsunami, resultante do terramoto de 11 de março de 2011, o caos abateu-se sobre a Central Nuclear de Fukushima. Este acidente nuclear é o mais grave da História depois de Chernobyl. A inundação, provocada por uma onda que nalguns locais chegou aos 14 metros de altura, além de causar uma série de explosões, interrompeu o fornecimento de energia elétrica que alimentava os sistemas de refrigeração dos núcleos dos seis reatores da central. Durante várias semanas houve libertação de radioatividade numa enorme escala. Tudo foi tentado para evitar um desastre ainda maior. A fusão dos núcleos dos reatores foi evitada a todo o custo, despejando e bombeando água do mar para o seu arrefecimento. A destruição de estruturas e equipamento foi de tal ordem que ainda hoje não se conseguiu sanar o problema em definitivo. A contenção e concentração de mais de um milhão de toneladas de água tornou-se incomportável, havendo também problemas estruturais nalguns tanques. Mesmo com a atual construção de mais reservatórios, a capacidade de armazenamento atingirá o seu limite em 2022.

Um grupo de especialistas anunciou no início de 2020 que consideravam como solução o lançamento da água radioativa no mar após diluição, reduzindo a sua concentração para 40%, e libertando-a lentamente ao longo de 30 anos. Houve também a hipótese de vaporização dessa água, mas que felizmente foi abandonada.

Perante este cenário, o Governo japonês anunciou a intenção de lançar a água radioativa no Oceano Pacífico. O plano é ir despejando-a lentamente a partir de 2022 e durante 30 anos. Após um moroso e complexo processo de descontaminação, foram removidos a maioria dos isótopos, porém não se conseguiu eliminar o isótopo radioativo de trítio, não havendo atualmente forma ou tecnologia para o remover. A informação veiculada é que o trítio só é nocivo para o ser humano em doses muito elevadas. A Agência Internacional de Energia Atómica suporta a decisão sustentando que a água depois de devidamente filtrada e diluída pode ser libertada com segurança no oceano.

Esta decisão, ainda não definitiva, do Governo japonês, levou a uma enorme contestação por parte de pescadores, agricultores e população japonesa. Também os países vizinhos se manifestam desconfortáveis com esta possível decisão. Ambientalistas de todo o mundo e comunidade internacional têm mostrado a sua preocupação relativamente ao impacto que esta ação poderá ter nos ecossistemas, especialmente na vida marinha e nas zonas costeiras.

Apesar de ser um problema nas mãos do Estado japonês, tem uma dimensão e impacto globais – seria bom que a comunidade internacional fosse parte mais ativa na resolução de um problema que diz respeito ao planeta e não exclusivamente a um país.

Em matérias ambientais a comunidade internacional tem de ser mais interventiva, não só na resolução de acidentes ou de situações imprevistas, mas também na regulação do que cada país pode ou não fazer, do que se pode ou não construir, destruir ou alterar, porque como já referi anteriormente, o ambiente e a natureza não têm fronteiras, a Terra é una.

Paulo Gil Cardoso/MS

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