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Doug Ford É mesmo o novo líder do Partido Conservador Progressista no Ontário?

Humberta Araujo

Ao que tudo indica, assim o foi, assim o é, e decididamente, assim o será. Doug Ford acabou por ser o candidato eleito para líder do PC do Ontário. Depois de uma longa, imprevista, e um tanto ou quanto intrigante espera dos resultados do escrutínio, Ford surgiu como o novo líder, apesar de Christine Elliott ter arrecadado mais votos individuais, e ter saído vencedora num maior número de círculos eleitorais. Embora Ford tivesse ficado em segundo lugar no voto popular e nos círculos eleitorais, o candidato ganhou nas suas circunscrições, por uma larga maioria, valendo-lhe mais pontos, ou seja os chamados “electoral votes”, que assumiram importância primordial nos resultados finais.
Mas afinal, o que vai mudar no partido e na província com este resultado? Tudo, pouco, mas certamente nunca, nada. Com esta folia populista, que abarca também o Canadá, o eleitorado urbano, sofisticado, feminino e LGTBQ, responsável, em grande medida, pela eleição de Kathleen Wynne, vai ter um quase abismal desafio à sua frente, se quiser convencer aqueles e aquelas, apanhados pelo vírus do populismo à Ford, impregnado de laivos de homofobia e sexismo, em várias ocasiões já demonstrados. E porque, ante o desgaste Liberal, nada sabe melhor do que a promessa de uma possível vitória ao fim do túnel, tudo foi cozinhado e perdoado no seio dos Conservadores, a bem de uma triunfo, quase anunciado.
Há, no entanto, que ter em conta, o sentir do eleitorado na sua globalidade. Uma sondagem feita logo após terem sido conhecidos os resultados, dava conta da existência de um profundo descontentamento no seio dos eleitores/as do Ontário. Segundo a agência Forum, que confirmava uma sondagem anterior da Angus Reid, 48% do eleitorado mostra-se contra um Ontário governado por Ford, líder que é também uma das razões para que o eleitorado do Ontário, confrontado com o desgaste Liberal, não vote no Partido Conservador Progressista do Ontário, e se possa voltar para o NDP.

Esta antipatia dos eleitores para com o candidato Doug Ford tem, de certo modo, mérito. Não nos esqueçamos de algumas das suas atitudes, quando era conselheiro municipal, mormente durante a presidência do irmão Rob Ford, as quais lhe valeram a fama de ser um homem de comportamentos imprevisíveis, falta de ética, de utilizar uma retórica pouco conciliatória e divisionista, faltando por vezes à verdade, como aconteceu durante as investigações policiais sobre a conduta do irmão, então presidente da Câmara de Toronto. Não pesam ainda a seu favor acusações de envolvimento no comércio de estupefacientes, tornadas públicas numa investigação do Globe and Mail, em 2013.
De uma forma ou de outra, Doug Ford agrada a uma importante percentagem de eleitores. Segundo fontes ligadas à militância portuguesa no PC, esta eleição de Doug Ford é vista com bons olhos. O candidato é tido como um homem terra-a-terra, que fala uma linguagem popular e que se consegue aproximar facilmente das pessoas comuns.
Embora os Liberais tenham, desde sempre, encontrado um “niche” confortável na comunidade portuguesa, as boas graças, podem ter os dias contados. Muitos dos princípios ideológicos, pelos quais se governa a “premier” do Ontário, não se coadunam com a cultura portuguesa. Tem-lhe valido a presença de figuras conhecidas na comunidade em postos governamentais e no parlamento. A falta de caras de peso portuguesas no enclave Fordiano, que pudessem representar a comunidade portuguesa, representará, indubitavelmente, um entrave na conquista do eleitorado tradicional português nesta província.

Fotografia: Canadian Press

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