Temas de Capa

VoxPop

Pandemia - Saúde Mental

Voxpop-canada-mileniostadium

  • Miguel Correia

De que forma é que a pandemia afetou a sua saúde mental?

Afetou ligeiramente. No princípio foi a insegurança e o desconhecido, porque não sabíamos muito bem o que estava a acontecer, estávamos a ter as primeiras informações e não se sabia como lidar com o assunto. Depois, felizmente tornou-se mais fácil de conviver com as novas regras.

O que mais o preocupa/lhe causa ansiedade no contexto da pandemia?

É um bocado assustador quando vejo os números de infetados a subir e claro também penso se o meu emprego está garantido ou não. Isso preocupa-me.

Sente que este assunto (saúde mental) tem tido a atenção que merece?

Acho que tem tido mais visibilidade, mas não, não o suficiente. Eu acho que neste momento está-se a pensar primeiro em sobreviver em termos de evitar o vírus e a parte mental acaba por ficar para segundo lugar. Acho que merecia mais atenção.

Que tipo de apoio sente falta/gostaria de ter para lidar com as circunstâncias?

Acho que podia haver linhas telefónicas de apoio, podia haver mais conversas abertas. E podia talvez ser um assunto mais falado na televisão e nos media para incentivar as pessoas a saber lidar com um familiar ou amigo que esteja a passar por um momento pior.


  • Armindo Carvalho Pereira

De que forma é que a pandemia afetou a sua saúde mental?

A pandemia não me afetou minimamente a nível mental, apesar de todos os problemas que trouxe à sociedade em geral. Entendo, contudo, que temos de ser mais fortes e superar os desafios que esta doença veio trazer ao mundo moderno. Não acho, no entanto, que me tenha afetado psicologicamente de forma a se tornar uma patologia. Continuo a trabalhar, a estar com a família e amigos, dentro dos possíveis e das normas de segurança, e continuamos todos de boa saúde, que é o mais importante. Tudo o resto se resolve dia a dia.

O que mais o preocupa/lhe causa ansiedade no contexto da pandemia?

A incerteza do futuro e a possibilidade contágio, mas isso não nos pode paralisar e não podemos deixar de fazer as coisas que gostamos e que precisamos de fazer diariamente. Na história houve muitos desafios deste género e foram superados. Na altura com muito menos recursos do que aqueles que existem hoje. Só temos de fazer o nosso melhor e continuar a viver dentro do possível e tentar ajudar quem precisa.

Sente que este assunto (saúde mental) tem tido a atenção que merece?

Certamente que não tem tido a atenção que merece. Ninguém está isento de culpas – a sociedade no geral e os políticos. Os alertas têm sido muitos da comunidade científica – não tenho a menor dúvida que é uma das maiores preocupações e desafios das próximas décadas.

Que tipo de apoio sente falta/gostaria de ter para lidar com as circunstâncias?

Como disse anteriormente, nunca necessitei de apoio nesta área, nem acho que tenha sido afetado até hoje de forma a que necessitasse de apoio extra. A família e um círculo de amigos dedicados é a chave para, na grande maioria dos casos, se manter uma saúde mental equilibrada. Tenho a felicidade de contar com ambos os grupos para manter o equilíbrio mental nas muitas dificuldades que a vida nos vai apresentando. Acho que há muitas instituições e organizações que prestam um apoio fantástico nestas situações e o maior desafio, sem qualquer dúvida, é ultrapassar o estigma e mostrar às pessoas que a saúde mental é apenas e só, mais um campo ligado à saúde humana, e como tal, tem que ser tratada convenientemente, sem qualquer estigma, reprovação ou julgamento. Essa é mensagem que tem que ser insistentemente passada para o exterior e a todos os que nos rodeiam.


  • Ana Caetano

De que forma é que a pandemia afetou a sua saúde mental?

Posso falar por mim, mas penso que isto acontece no geral. Desde a COVID estamos mais stressados, ansiosos, incertos e mesmo mais solitários. A Covid é terrível para a saúde mental. Principalmente para quem é introvertido. Porque há mais motivos ou desculpas para ficar dentro de casa, para evitar situações sociais e aumentar a tendência para se isolar.

O que mais a preocupa/lhe causa ansiedade no contexto da pandemia?

Como o vírus se transmite de uma pessoa para outra vejo que algumas pessoas estão a tornar-se assustadas, desconfiadas e em alguns casos violentas umas com as outras.

Sente que este assunto (saúde mental) tem tido a atenção que merece?

Sim e não. Costumava ter consultas com uma terapeuta, em pessoa (para controlar outros problemas de saúde mental), mas agora as consultas passaram a ser online. Embora eu entenda que tem de ser assim, não é a mesma coisa. Por outro lado, tenho visto muitas publicidades de apps que disponibilizam psicólogos e terapeutas à distância, então acho que é fácil qualquer pessoa hoje em dia ter atenção à sua saúde mental. Também temos de considerar que estas apps e consultas são pagas e nem todos têm possibilidade de pagar consultas nesta fase que atravessamos.

Que tipo de apoio sente falta/gostaria de ter para lidar com as circunstâncias?

Gostaria de voltar a ter atendimento presencial. Ter as apps de saúde é bom, é melhor do que nada, mas isso trouxe um stress extra na minha vida. Não no início, mas com o passar dos meses, começou a acontecer. Em comparação com quando nos encontramos no escritório, não sinto que estou a aproveitar tanto (em termos de trabalho de terapia) como estava naquela época. Gostaria por isso de ter esse atendimento de volta, como provavelmente outros utentes gostariam.


  • Carmen Santos

De que forma é que a pandemia afetou a sua saúde mental?

Eu acho que fiquei um pouco mais ansiosa, porém foi uma oportunidade de me focar mais na minha saúde mental e de me perceber mais. Eu acho que me percebi mais durante a quarentena e a pandemia. Tenho tentado saber técnicas e dicas para melhorar a minha ansiedade, com a qual eu já sofria antes da pandemia. Mas sim, afetou a minha saúde mental.

O que mais a preocupa/lhe causa ansiedade no contexto da pandemia?

Eu acho que é o facto de não saber o que vai acontecer no amanhã. Isso é uma coisa que me incomoda muito. É um vírus muito novo então todos os dias recebemos novas informaçōes que nos preocupam. E o facto de não ter controlo sobre o amanhã deixa-me preocupada.

Sente que este assunto (saúde mental) tem tido a atenção que merece?

Eu acho que sim, eu lembro-me que no começo da pandemia os especialistas e profissionais de saúde já falavam que isso era uma grande preocupação em relação aos problemas da pandemia. Eu acho que os líderes do Governo e todos em geral estão a tentar fazer o máximo para que as pessoas não sofram tanto, mas é óbvio que vai haver uma consequência de qualquer forma, vários estudos relataram isso.

Que tipo de apoio sente falta/gostaria de ter para lidar com as circunstâncias?

Referente ao Governo, eu acho que precisava de começar a refletir sobre a possibilidade de começar a oferecer terapia. É uma coisa interessante para as pessoas manifestarem os seus medos e preocupaçōes, e não reprimir isso.

E não falar só com alguém no seio da família porque às vezes nem a família escuta você, então é focar mais em terapia, fazer mais rodas de conversas virtuais para poder falar e expressar os medos, partilhar, dissolver esses sentimentos.


  • Manuel Frade

De que forma é que a pandemia afetou a sua saúde mental?

Já faz mais de meio ano que não estou bem. Na empresa que trabalho temos andado em lay-off por um tempo, depois voltamos, vamos para lay-off outra vez… é conforme há trabalho. Andei um tempo que não conseguia dormir. O trabalho pára, mas as contas aparecem para pagar e repensa-se a vida toda.

O que mais o preocupa/lhe causa ansiedade no contexto da pandemia?

É a preocupação de haver trabalho. Agora está melhor de trabalho, ando melhor, mas a qualquer momento podemos voltar ao mesmo.

Sente que este assunto (saúde mental) tem tido a atenção que merece?

Eu tive de ir ao médico, porque não andava bem, e fui bem atendido. Eles deram-me medicamentos para tomar e fiquei melhor. Eu acho é que os medicamentos ajudam a sentir-me melhor, mas não resolvem nada. Se querem que as pessoas tenham melhor saúde mental têm de olhar para o que é que não está bem.

Que tipo de apoio sente falta/gostaria de ter para lidar com as circunstâncias?

O apoio que faz mais falta agora é financeiro. Há milhares de negócios a fechar as portas, pessoas a ficar sem trabalho, sem ter como pagar a renda, pôr comida na mesa… é muito grave. Posso estar enganado, mas se tirássemos esta parte de ficar sem trabalho e sem receber, de certeza que não havia essa subida no número de pessoas com problemas de saúde mental. O Governo está a dar ajuda, mas temos de ver que nem toda a gente consegue sobreviver com essa ajuda e nem toda a gente se enquadra nos programas, e outras pessoas nem estavam preparadas para lidar com o que está a acontecer.


  • João Paulo Santos

De que forma é que a pandemia afetou a sua saúde mental?

Para mim nem foi mau no início, quando começou a quarentena tive a oportunidade de trabalhar a partir de casa e isso foi muito bom porque estive mais perto da família. Mas passado algum tempo a nova rotina deixou de ser novidade e foi muito difícil ter de estar permanentemente em casa. Senti falta de sair e falar com pessoas. Tentei contornar isso com as redes sociais, mas não é a mesma coisa. Passado um tempo torna-se difícil e perdemos aquele gás. Trabalhar de casa foi bom, o facto de termos de estar em isolamento completo é que não. Posso dizer que isso afetou a minha saúde mental na altura.

O que mais o preocupa/lhe causa ansiedade no contexto da pandemia?

Causa-me ansiedade o facto de o vírus ser algo, digamos, “invisível”. Podemos ter todas as precauções, mas nunca temos cem por cento de certezas que não tocamos em alguma coisa ou superfície contaminada. Que o trazemos na roupa, ou assim. Se calhar é um pensamento obsessivo, e tento não pensar muito nisso, porque é assustador. É assustador saber que a qualquer momento podemos ficar contaminados. Vi nas notícias que todos nós, em algum ponto, vamos estar infetados. É assustador.

Sente que este assunto (saúde mental) tem tido a atenção que merece?

Eu diria dificilmente. Sei que existem programas que atualmente estão a prestar suporte, mas não parece que estão a chegar a todas as pessoas que precisam.

Que tipo de apoio sente falta/gostaria de ter para lidar com as circunstâncias?

Eu tenho tido muito apoio da minha família e amigos, mas penso que outras pessoas não têm esse apoio. É preciso estarmos atentos à nossa volta porque para mim o primeiro apoio tem de vir da família ou de amigos ou de colegas. E depois é que vem o profissional. Quando todos esses falham, é preciso o profissional. Mas se todos nós fizéssemos um pouco mais pelas pessoas que conhecemos, seria bom.

Telma Pinguelo/MS

Leia os Voxpops das nossas edições aqui.

Redes Sociais - Comentários

Artigos relacionados

Back to top button

 

O Facebook/Instagram bloqueou os orgão de comunicação social no Canadá.

Quer receber a edição semanal e as newsletters editoriais no seu e-mail?

 

Mais próximo. Mais dinâmico. Mais atual.
www.mileniostadium.com
O mesmo de sempre, mas melhor!

 

SUBSCREVER