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Trabalho qualificado em Portugal – Se quer, tem de pagar (e bem).

A Hays é a empresa líder no mercado de recrutamento especializado em Portugal e apresentou, recentemente, o Guia do Mercado Laboral 2019. Aqui são apresentadas tendências de emprego e salários e, através do mesmo, a empresa visa identificar a evolução dos principais desafios do mercado e tenta prever que tendências se farão sentir na estrutura e estratégia de milhares de empresas em território nacional.

Analisando este Guia, conseguimos perceber que em Portugal parece assistir-se a uma autêntica lei da oferta e da procura no que ao mercado de trabalho diz respeito.

Se as empresas quiserem ter entre os seus trabalhadores profissionais qualificados necessitarão de pagar entre 15% a 20% mais – segundo este estudo, em 2018, 51% dos trabalhadores recusaram ofertas de emprego tendo em conta o pacote salarial proposto, porque o projeto não era interessante (33%), porque as condições contratuais não eram as pretendidas (22%), porque a oferta não se adequava à experiência ou à área de formação (18%) ou porque não tinha interesse em mudar de emprego (17%).

Quanto a este ano, 70% dos profissionais inquiridos assumem interesse em mudar de emprego, movidas pelo pacote salarial, perspetivas de progressão de carreira, procura de projetos mais interessantes, insatisfação com a empresa e, por fim, a insatisfação com a chefia direta. 60% dos mesmos afirmaram que já se encontram à procura de um novo emprego, 28% está em processo de recrutamento e 19% põe o despedimento em cima da mesa.

Profissões mais procuradas

A conjuntura económica a que assistimos atualmente e a dinâmica do mercado de trabalho fazem com que comerciais, informáticos e outro pessoal das tecnologias da informação liderem o top de profissões mais procuradas. Tudo isto aliado à escassez destes mesmos perfis resulta numa cada vez mais comum exigência de aumento nos salários.

O ano de 2018 ficou marcado por diversos episódios de ataques cibernéticos que resultaram na perda de milhões de euros por parte das empresas e o recente Regulamento Geral de Proteção de Dados (RGPD) influenciou o setor e levou ao aumento de procura por profissionais da área de base de dados e cibersegurança.

Assim, segundo a Hays, é esperado que o mercado das Tecnologias da Informação continue a crescer durante este ano: Project Managers, Comerciais ERP, Business Analytics, Outsystems Developers Java/.NET, Mobile Developers, Machine Learning Engineers, Python Developer/Data Scientist e os perfis relacionados com BI serão os mais solicitados.

Também o setor do Turismo e Lazer continua a registar um grande crescimento, ligado à crescente visibilidade de Portugal, pela atrativa imagem do país como destino turístico e pela contínua organização de grandes eventos, o que suscita grande interesse em turistas estrangeiros.

No entanto, tanto neste setor como, por exemplo, na construção, onde cada vez mais existe falta de trabalhadores, o salário mínimo e/ou baixo continua a ser rei.

Assim, em comunicado, Sandrine Veríssimo, Regional Director da Hays Portugal, assume que este setor “é capaz de sofrer uma pressão salarial, tendência já registada no ano anterior, pela escassez de perfis altamente qualificados para um mercado que precisa de ir ao encontro das necessidades e exigências dos turistas”.

Nesta área, os perfis mais solicitados para este ano serão o de Sales Manager, Sales Executive, Sales Director, Revenue Manager, Diretor Geral de Operações, Digital Marketing Manager e também Chefes de Cozinha.

Questionados sobre o que mais valorizam, os inquiridos desta área profissional apontam para a oferta salarial (84%), o bom ambiente de trabalho (70%), o plano de carreira (59%), a cultura empresarial (57%) e a solidez financeira (57%).

Em relação a benefícios, estes assumem que o seguro de saúde (66%), a flexibilidade de horários (59%), formação/certificações (57%), a possibilidade de trabalhar a partir de casa (41%) e ter automóvel para uso pessoal (32%) são os mais desejados.

Emigração

Um outro destaque deste estudo anual é o desejo assumido por 78% dos profissionais portugueses, que neste momento se encontram a trabalhar fora do país, em regressar – 43% dos mesmos admite fazê-lo, se possível, nos próximos dois anos.

A vontade de voltar a viver em Portugal, o pacote salarial, motivos pessoais ou familiares, um projeto inovador e condições contratuais vantajosas são os fatores que os inquiridos assumem como mais determinantes no seu regresso ao país.

Este retorno de emigrantes e, por outro lado, o evitar de novas saídas de profissionais (principalmente qualificados) ficam a dever-se, em grande parte, à estabilização da economia portuguesa e, consequentemente, à melhoria do mercado de trabalho português. É importante relembrar que, em 2013, no pico da crise, 80% dos inquiridos assumia querer abandonar o país. Em 2018, este número caiu para os 37%. Nos últimos cinco anos, quem emigrou escolheu, na maioria, como destino o Reino Unido (19%), Angola (11%), Espanha (11%), Suíça (7%) e Moçambique (6%). A razão mais frequentemente apontada (89%) é “que lhes foram reconhecidos no estrangeiro potencial, capacidades ou conhecimentos que não foram valorizados em Portugal”.

O setor da banca e seguros (56%), legal (46%), construção e imobiliário (46%), retalho (42%) e marketing (41%) foram as áreas que registaram as maiores perdas de trabalhadores para a emigração.

Entidades empregadoras

Quanto às entidades empregadoras assume-se que 2018 foi um ano positivo: segundo as respostas obtidas, 66% dos inquiridos afirmaram que os resultados se enquadraram com as expectativas, 21% disseram estar acima das expectativas e 13% abaixo. 87% dos empregadores efetuaram contratações em 2018, mais 6% em relação ao final de 2017. Tudo isto faz com que as mesmas consigam visualizar um futuro risonho: 19% acredita numa melhoria, 16% acredita que a situação irá piorar e os restantes (66%) que dizem que tudo se irá manter igual.

Quando questionados acerca dos principais problemas e/ou dificuldades do mercado de trabalho, 62% dos empregadores consideraram que as instituições de ensino não preparam adequadamente os profissionais para o mercado de trabalho. A falta de profissionais qualificados (53%), a desadequação entre a oferta de profissionais e as vagas disponíveis (49%) e a pouca articulação entre o sistema de ensino e as empresas (37%) são as principais razões apontadas. 65% dos inquiridos afirma mesmo que em 2018 se viram obrigados a recrutar pessoas pouco adequadas às oportunidades de emprego que tinham em aberto, enquanto que 41% desistiram de concluir processos de recrutamento e optaram por recursos internos.

Desemprego

Segundo o Guia do Mercado Laboral 2019 da Hays, é nas áreas de Comercial e Vendas, Engenharia e Administrativa/Suporte que existem mais profissionais no desemprego. Os principais fatores apontados como motivo para tal são o fim de contrato (27%), a reestruturação da empresa (24%), o despedimento (22%), a falência/ encerramento da entidade empregadora (7%) e, finalmente, o facto do inquirido estar em situação de procura do primeiro emprego (5%).

Em 2018, 65% dos inquiridos encontravam-se em situação de desemprego há menos de seis meses e 11% há já mais de dois anos. Apesar disso, mais de metade dos inquiridos encontravam-se há menos de seis meses à procura de um novo emprego.

“O salário oferecido não era suficiente” (55%), “as condições contratuais não eram as pretendidas” (29%), “o projeto não era interessante” (28%) e “a oferta não se adequava à experiência ou área de formação” (25%) são as principais razões para 42% dos profissionais desempregados terem recusado ofertas de emprego em 2018.

14% dos profissionais desempregados inquiridos investia em Tecnologias da Informação & Telcos, 12% em Marketing e Comunicação e 8% em Turismo e Lazer/Restauração, caso tivesse a oportunidade de investir numa nova área de formação nos dias de hoje.

Segundo o Instituto Nacional de Estatística, “o indicador de atividade económica, disponível até junho, estabilizou, e o indicador de clima económico, disponível até julho, diminuiu ligeiramente”. “No 2º trimestre de 2019 a taxa de desemprego situou-se em 6,3%, 0,5 p.p. inferior ao valor registado no trimestre anterior (6,7% em igual período de 2018). O emprego total desacelerou, passando de uma variação homóloga de 1,5% no 1º trimestre para 0,9% no trimestre de referência, tendo a população ativa registado um crescimento homólogo de 0,4% (0,3% no trimestre anterior)”.

Pode ficar a saber mais sobre o Guia do Mercado Laboral 2019 em:

https://www.hays.pt/guia-laboral/sobre-guia/index.htm

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