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Tempo de renascer

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Créditos: Marc Piwnicki

 

Por estes dias, são muitas as mensagens de Natal que se vão desenrolando à frente dos nossos olhos, como se de um ritual ou obrigação se tratassem. Chegam-nos de todas formas possíveis e imaginárias, e nem o sossego do lar, outrora refúgio da alma, parece escapar incólume à euforia dos convivas, ávidos de expressar o seu espírito natalício. 

Em ano de pandemia, as novas tecnologias assumem um papel importante neste frenesim natalício e encarregam-se de nos esfregar efusivamente toda e qualquer mensagem de Natal que um tal de “algoritmo” entende ser apropriada. Na sua grande maioria, vazias de conteúdo, sensibilidade ou de um significado que realmente ilustrem uma época única e que deveria marcar a diferença.

Para os cristãos, a vinda de Jesus à terra foi importante porque nos deu a salvação. Ao se tornar um homem, Deus mostrou que se preocupa connosco. O sacrifício de Jesus na cruz e a sua ressurreição não teriam sido possíveis se não tivesse nascido como um homem. 

Independentemente das nossas convicções religiosas, a palavra Natal vem de “nascimento” e este deveria ser o mote que nos deveria orientar, ano após ano, aquando da passagem pela época natalícia. Nascer e renascer quantas vezes sejam precisas para que possamos dar significado à nossa vida e à vida daqueles que nos rodeiam sem necessidade de mensagens desprovidas de sentimento, presentes carentes de sentido ou cumprimentos desnutridos de afeto.

Das muitas mensagens que fui olhando de relance, há uma, curiosamente publicada nas redes sociais, que ocupou o lugar que lhe é devido. Deixo-vos as palavras sábias do cardeal José Tolentino de Mendonça, quem ouso parafrasear nesta edição especial, para que as mensagens não se percam na poeira vã do dia a dia e que o Natal possa realmente ter um significado especial nas nossas vidas. Feliz Natal!

“Não recorras ao que já sabes do Natal, mas coloca-te à espera daquilo que de repente em teu coração se pode revelar. Não reduzas o Natal ao enredo dos símbolos, tornando-o um fragmento trémulo sem lugar no concreto da vida. Não repitas apenas as frases que te sentes obrigado a dizer, como se o Natal devesse preencher um vazio em vez de o desocultar. Não confundas os embrulhos com o dom, nem a acumulação de coisas com a possibilidade da festa. Cuida do exterior sabendo que ele é verdadeiro quando movido por uma alegria que vem de dentro. Uma só coisa merece ser buscada e celebrada, uma só: o despertar de uma presença no fundo da alma. Por isso, o Natal que é teu não te pertence. Só a outro o poderás pedir. “ 

José Tolentino de Mendonça – “Não reduzas o Natal”, in Rezar de Olhos Abertos.

Carlos Monteiro/MS

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