Temas de Capa

Simplesmente MULHER!

Sou mulher. Sou, orgulhosamente, mulher! Herdeira da coragem de outras que me abriram caminho. As que lutaram, contra tudo e todos, por mim e por todas as mulheres no mundo. Tenho direito a voto, sou livre, construí uma carreira profissional e assumo as minhas escolhas de vida. Sou mãe, companheira e profissional e tive a felicidade de poder ser tudo isto, porque houve quem abanasse consciências e conseguisse alterar mentalidades.

Devo dizer que, de uma forma geral, tenho a maior desconsideração pelos “dias de…”. A vulgarização desta prática de assinalar no calendário pretensas datas a recordar, na minha perspetiva, retirou-lhes a importância. Sou das que considera, por exemplo, o Dia da Mãe, o Dia do Pai e outros semelhantes, como meras ferramentas ao serviço dos técnicos de marketing. Não é, no entanto, o caso do dia 8 de março. E não apenas porque este Dia Internacional da Mulher celebra e homenageia as operárias que não se calaram em tempos em que o mundo era masculino, ou melhor dizendo, ainda mais masculino. O simbolismo deste dia, para mim, não se limita ao olhar para o passado de conquistas de direitos das mulheres, mas antes, e até essencialmente, serve para que todos, homens e mulheres, tomem consciência de que há ainda muito caminho para fazer no sentido da igualdade de oportunidades e direitos entre mulheres e homens.

As notícias do dia-a-dia, em pleno século XXI, dizem tudo – juízes que julgam casos de violência doméstica e ilibam ou atenuam a pena do agressor, chegando ao ponto surreal de fundamentar os seus argumentos em princípios bíblicos que defendem o apedrejamento das mulheres adúlteras; mulheres que ainda vivem subjugadas a regras que lhes retiram a liberdade de escolha e de afirmação das suas capacidades; as mulheres que são impedidas de amar e viver no respeito pela diferença; os números que continuam a apontar para a desigualdade de oportunidades no acesso a lugares de topo, tanto em empresas, como nos órgãos de governo, apesar de nalguns países, como é o caso de Portugal, a capacitação técnica das mulheres ser, percentualmente, de nível superior à dos homens.

Serena Williams, conhecida e reconhecida tenista, lançou recentemente um vídeo que diz muito sobre a forma como as mulheres são ainda olhadas por tantos homens e até, ironia das ironias, por outras mulheres – neste caso desportistas, mas podemos transportar a essência do vídeo para tantas outras áreas de atividade… – numa desvalorização permanente dos seus méritos, só porque… são mulheres.

Acredito que a afirmação das mulheres tem que ir muito para além de alterações de quadros legais. Passa pela determinação individual e capacidade de afirmação de cada mulher – na sua vida pessoal e profissional. Passa pela envolvência da sociedade que deve consciencializar-se que as mulheres podem ter um papel determinante no futuro. Um futuro onde o reconhecimento seja feito pelas capacidades de cada um, independentemente do género. Um futuro que será mais florido, com malmequeres cheios de pétalas que, mais do que adivinhadoras do futuro, sejam construtoras de um mundo diferente – mais equilibrado e melhor. Tal como Stella Jurgen – autora da maravilhosa ilustração que faz capa no nosso jornal desta semana – é nisto que eu acredito. Porque sou… simplesmente Mulher!

Madalena Balça

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