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Ser mãe 24/7 nestes tempos esquisitos

Ser mãe 24/7 nestes tempos-canada-mileniostadium
Foto: DR

Ser mãe já era novidade para mim. Ser mãe durante uma pandemia é um teste daqueles puxadotes, mas que me parece que estou a passar com distinção. Ou então, estou já louca ao ponto de achar que estou pro nisto.

Estou a trabalhar de casa desde meio de março. Aqui fiquei com o meu filho, que saiu de imediato da babysitter, e é aqui que ambos permanecemos e, cheira-me, permaneceremos durante mais uns tempos.

Estes tempos de pandemia assustaram-me muito no início – pelo desconhecido. Sou de signo carneiro e é assim que justifico o meu ódio de estimação a tudo o que é incerto. Fiquei extremamente preocupada com tudo, entrei num estado de paranóia assumida, sempre a querer proteger o meu bebé. O Zion, meu filho, tinha em março apenas nove meses e eu, talvez demasiadamente informada, queria mesmo evitar que ele ficasse infetado. Ele tem agora 17 meses, quase o dobro da idade que tinha quando isto começou, e eu continuo obviamente preocupada, mas a lidar com tudo de uma forma mais tranquila. Continuo com medo, mesmo muito medo, mas não paranoica.

Tenho feito um esforço para lidar com esta nova realidade da forma mais “normal” possível, mudando as minhas rotinas, os meus horários, trabalhando muito mais durante os períodos em que o meu filho dorme, tentando estar também presente nos momentos das brincadeiras dele quando é preciso. Encontrei, depois destes meses todos, uma receita perfeita para o equilíbrio: já tudo flui com naturalidade e já tudo se faz. Nem sempre é fácil ter paciência para estar 24/7 com um bebé (choquei muita gente ao dizer isto?) e ao mesmo tempo ter que trabalhar, mas é o trabalho que me “salva” a mente e eu considero-me sortuda por ter a possibilidade de continuar a fazer o que sempre fiz, apesar de agora ser a partir de casa.

Quero partilhar convosco que, estar em casa a trabalhar, me trouxe coisas menos boas (tipo: dores nas costas, trabalho com o portátil em cima das pernas em qualquer canto deste cubículo), mas trouxe-me momentos bonitos. Consegui, assim, presenciar os primeiros passos do meu filho, por exemplo – achei que não ia ser daquelas mães chatas e babadas, mas pelos vistos até eu (ahaha) fiquei mesmo muito emocionada e feliz por ter acontecido comigo por perto. Para além, claro, dos abraços e beijinhos constantes que recebo ao longo do dia. Há lá melhor?

No entanto, tenho plena consciência de que o Zion precisava interagir com outras crianças – até para o próprio desenvolvimento dele. Era importante para ele estar rodeado de outras pessoas, não ter sempre a mãe a “amparar as quedas” – até para o desenvolvimento da fala, por exemplo, porque comigo ele nem se preocupa muito, basta fazer o barulho X ou Y e eu já sei do que se trata. Mas pronto, nada de muito preocupante e sinceramente é uma sorte que ele esteja a viver estes tempos estranhos enquanto é tão bebé. Até a máscara na minha cara já é completamente normal para ele.

Eu e o meu filho vivemos numa cave e talvez esse seja o nosso maior obstáculo durante este período – não ter uma vista bonita, ou pelo menos, mais engraçada, é meio chato. Mas sinceramente acho que temos sido felizes: ele com os carros, os legos e o iPad (sim, sim, sim – dou-lhe o iPad para que ele me deixe trabalhar na paz do Senhor), e eu com o meu trabalho a ser feito sem que seja preciso pentear-me!

Este é um ano que realmente não resultou lá muito bem, as passas da meia noite estavam certamente fora de prazo, mas acho que tudo acontece por uma razão e prefiro encarar este ano como uma aprendizagem e um dia olhar para trás satisfeita: “superado com sucesso!”.

Catarina Balça/MS

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