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Portuguese Canadian Walk of Fame 2021? Talvez no outono

Estamos em pleno mês de junho. Mês de festa e celebração para todos os portugueses residentes no Canadá. Estas são afirmações absolutamente verdadeiras, em tempo de uma normalidade que vivemos até 2020. Agora, tolhidos pela pandemia que nos prende os afetos e os movimentos, pelo segundo ano consecutivo, não saímos à rua com as nossas tradições e cultura, não nos mostramos, orgulhosamente, a Toronto. Mas havemos de voltar. Ainda mais fortes e unidos, vamos voltar.

Portuguese Canadian Walk of Fame 2021-toronto-mileniostadium
Crédito: Adriana Marques

Pelo segundo ano consecutivo, a parede do Portuguese Canadian Walk of Fame, não vê aumentar o número de estrelas que agraciam e reconhecem o mérito, o valor e o indiscutível contributo para a projeção da imagem do que somos enquanto povo orgulhoso das suas raízes, mas sempre virado para o futuro e disponível para agarrar oportunidades. Mas as estrelas vão surgir, porque não falta vontade à equipa que tem a missão de todos os anos escolher os agraciados, em função das propostas que são feitas por todos os que querem participar neste processo, e não faltam portugueses a merecer figurar, com o nome e foto, naquela parede.

Esta semana no Here’s the thing, que poderão ver na Camões TV (sábado, dia 5 de junho, às 21h), Vince Nigro entrevistou o fundador e mentor do Portuguese Canadian Walk of Fame – Manuel DaCosta, que começou por reconhecer a sua faceta de sonhador que o fez, um dia, arquitetar na sua cabeça aquilo que está agora à vista de todos.

Portuguese Canadian Walk of Fame 2021-toronto-mileniostadium
Veja a entrevista na íntegra neste sábado, dia 5 de junho, na Camões TV, às 21h, através dos canais Bell Fibe 659, Rogers Cable 672 ou Ignite TV 880. Na foto Vince Nigro a entrevistar Manuel DaCosta (direita).Crédito: Camões TV

Como nasceu?

Vince Nigro começou exatamente por pedir ao seu entrevistado da semana que explicasse um pouco como e porque surgiu o projeto e Manuel DaCosta sublinhou que a grande motivação teve a ver com o facto de “considerar que nesta cidade de Toronto, tão multicultural, não nos era dado o devido crédito, enquanto comunidade. As nossas conquistas e sucessos não eram visíveis o suficiente. E, portanto, sendo um sonhador, e tenho que reconhecer que sou um sonhador, pensei que para conseguirmos pôr uma parte da sociedade no “mapa” temos que lhe garantir algum reconhecimento. De alguma forma sublinhar o que é esta comunidade, qual é a sua origem e o que está a fazer. E foi por aqui que a minha mente começou a trabalhar. Sim, nós temos ativistas na comunidade, temos clubes, associações, temos isso tudo, mas parecia não terem o impacto suficiente quando chegamos à necessidade de falar em integração na sociedade canadiana. A verdade é que os portugueses eram reconhecidos por serem bons trabalhadores da construção e nas limpezas e eu sempre senti que tínhamos muito mais, para além disso, para mostrar. (…) Com a nossa atividade nos órgãos de comunicação, TV, rádio, mas até principalmente, com a publicação de um jornal semanário, nós estamos constantemente a analisar a nossa comunidade. Por exemplo esta semana estamos a apresentar neste jornal Milénio um “Report Card” de como é que as outras comunidades veem os portugueses no momento presente. E eu penso que temos muito trabalho para fazer nesta área. Ainda temos um complexo de inferioridade e vejo muitos portugueses a não admitir que são portugueses. E não vejo razões para fazermos isso. Acho que devemos ter orgulho das nossas raízes e das nossas conquistas. Depois de quase 70 anos, ainda temos muito trabalho para fazer. Então o Walk of Fame e outros monumentos podem dar-nos um pouco de identidade, e termos algo que nos faça lembrar e reconhecer. E é por isso que nós, membros da Direção do Portuguese Canadian Walk of Fame lutamos todos os anos.”

Porquê uma parede?

Vince Nigro, destacando a importância do Portuguese Canadian Walk of Fame como marco da presença portuguesa na cidade de Toronto, desafiou Manuel DaCosta a explicar a ideia da disposição arquitetónica do Walk of Fame. Porquê uma parede em vez do tradicional passeio com as estrelas no chão? “Bem para mim foi uma decisão simples – sempre me desagradou o facto de as pessoas pisarem os nomes dos agraciados. Então perguntei a mim mesmo – como podemos honrar as pessoas do mesmo modo, sem os desrespeitar? E pensei no conceito da parede, onde o significado da homenagem é o mesmo, só que aqui está vertical e noutros sítios está na horizontal. No meu ver, no entanto, é mais respeitoso.”

PCWOF 2021?

Talvez em setembro/outubro

Tudo começou em 2013, e Vince Nigro lembrou que, desde então, todos os anos aconteceu a cerimónia de homenagem aos agraciados com a estrela no Portuguese Canadian Walk of Fame, integrada nas comemorações do Dia de Portugal e a exceção aconteceu em 2020 por causa da pandemia. Sublinhando que também este ano não vai acontecer a cerimónia na data habitual, pelo mesmo motivo, Vince perguntou a Manuel DaCosta se ainda poderá acontecer o evento ou se teremos que aguardar por 2022. E a resposta surgiu ainda envolta na incerteza do tempo que vivemos “se as restrições forem levantadas, acredito que por volta de setembro/outubro (no outono) poderemos ter uma cerimónia. Adoraria. Vou estar atento a tudo o que for acontecendo e como vai decorrer o desconfinamento para ver se podemos, de facto, fazer a cerimónia. Mas quero fazer tudo de maneira que os agraciados recebam as honras que merecem. Não acredito que fazer um evento destes por Zoom lhes conceda a honra que merecem. Fica tudo muito impessoal. Para mim a honra de estar no Walk of Fame merece a presença, ser devidamente reconhecido, com a família e amigos. É uma celebração. Porque quando alguém é escolhido para estar naquela parede, sabe que cumpriu um desígnio. É disso que se trata. Quem ali está, deu a sua contribuição especial para a sociedade. Mas não é apenas isso, uma vez que o nome de alguém fica inscrito naquela parede, essa pessoa também adquire uma responsabilidade especial – continuar a ser a mesma pessoa. Com as mesmas caraterísticas que marcam pela diferença e que a fizeram chegar àquela parede. Com a integridade e honra que a fez chegar lá.”

Quem poderá vir a ser homenageado?

Basta olhar com atenção para se perceber que neste Walk of Fame os agraciados provêm das mais variadas áreas profissionais. Vince Nigro destacou que um olhar mais atento percebe a diversidade que é ligada apenas pelo fator “talento”. Manuel DaCosta estabeleceu uma comparação com outros Walk of Fame (italiano, Hollywood…), para evidenciar exatamente isso. “Nos outros Walk of Fame quem é agraciado normalmente está ligado ao mundo do espetáculo. É muito raro fazer-se o reconhecimento de pessoas de negócios, políticos ou atletas. Mas todos merecem poder alcançar esta honra. Independentemente do que fez ou do que faz.”

Sabe que pode participar neste processo?

Conhece alguém que no seu entender mereça esta distinção, porque é um português ou luso-canadiano que marca a sociedade pela diferença? Então saiba que pode, e permitam que afirme, deve participar no processo de atribuição da estrela. No website do PCWOF encontra os formulários que deve preencher com a sua proposta. A decisão final levará em conta as propostas que surgem, por esta via, à mesa de trabalho do comité, que tem a difícil tarefa de fazer a seleção dos nomes que, a seu tempo, chegarão à parede que os vai eternizar.

O sonho comanda a vida

Voltando ao conceito de sonhador, Manuel DaCosta confessa que “ainda sonho com o dia em que a comunidade portuguesa residente no Ontário visite o Portuguese Canadian Walk of Fame com mais frequência. E que o faça para se orgulhar por aquilo que é e representa neste país.”

Madalena Balça/MS

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