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Pandemia fez aumentar procura por testamentos

De acordo com uma sondagem do Instituto Angus Reid de 2017, os dados mais recentes sobre o assunto, mais de metade dos canadianos não tem um testamento. Desse grupo, 18% citaram o custo como o principal motivo para não terem escrito um testamento, enquanto 5% responderam que consome muito tempo. Mas alguns também acreditam que não têm ativos suficientes para fazer com que todo o processo valha a pena.

Segundo esta sondagem, 35% dos canadianos revelou ter um testamento feito. Cerca de 25% das pessoas revelaram que eram muito jovens para fazer um testamento e o Quebec e a Colúmbia Britânica foram as províncias canadianas onde mais pessoas disseram ter um testamento. A maioria das pessoas que tem um testamento feito e atualizado tem mais de 55 anos e em Ontário apenas 46% das pessoas disse ter um testamento.

 

milenio stadium -Pandemia fez aumentar procura por testamentos

 

A Willful faz apenas testamentos online e registou um aumento na procura por este serviço desde que a COVID-19 chegou ao Canadá. A incerteza e o medo de contrair a doença fez com muitas pessoas criassem ou atualizassem o seu testamento. De acordo com a página oficial da empresa, a Willful fez mais de 32.000 testamentos em 2020.

Nadine Parker é uma das clientes que aceitou partilhar a sua história connosco. A pandemia e o facto de ter sido mãe de gémeos há pouco tempo fez com que se preparasse para a possibilidade de algo lhe acontecer. “Nunca é cedo demais para fazer um testamento, como mãe queria ter a certeza de que, se me acontecesse alguma coisa, deixava instruções para os meus filhos”, contou-nos.

A maioria da sua família acabou por recorrer aos serviços desta empresa devido à rapidez e ao baixo custo do processo. “O meu testamento demorou cerca de 20 minutos a criar desde o início até ao fim do processo e custou apenas $99. Com o testamento alcancei paz de espírito para mim e para a minha família. Agora se me acontecer alguma coisa vou poupar a minha família de sofrimento e de decisões difíceis no que diz respeito à partilha dos meus bens pessoais”, explicou-nos.

Parker acredita que revisão desta lei em Ontário “vai garantir que mais canadianos tenham testamentos válidos” e recomenda a qualquer pessoa que faça o seu próprio testamento. “Tal como a maioria das pessoas, eu também pensei que criar um testamento significava ter muitas conversas desagradáveis, fazer perguntas difíceis e consumir muito tempo, mas com a Willful fiz o testamento na minha própria casa”, informou-nos.

E os portugueses que residem em Toronto, será que também fazem testamento ou preferem antes adiar? Uma família com dupla cidadania que reside em Toronto aceitou falar com o nosso jornal sobre a sua situação com o compromisso da sua identidade não ser revelada. “Embora tenhamos cidadania canadiana e portuguesa nunca nos preocupámos em fazer um testamento em Portugal. A nossa maior preocupação foi aqui em Ontário porque se não fizermos testamento o Governo tem o direito a herdar os nossos bens. Mas também quisemos poupar os nossos filhos de custos extra e de guerras familiares. Nós fizemos o testamento quando tínhamos menos de 50 anos, mas os meus pais fizeram ainda mais cedo”, contou Anabela, nome fictício.

Neste caso concreto o casal pagou menos de $1000 e em menos de um mês teve o seu testamento pronto, mas o preço de um testamento varia de acordo com os ativos e de acordo com a complexidade familiar. “Conheço pessoas de todas as idades com testamentos. Às vezes pode existir aquela ideia de que só os velhos é que se preocupam com testamentos, mas no mundo de hoje as famílias são mais complexas porque algumas relações já não são para a vida toda e é preciso assegurar que o nosso património é distribuído de acordo com a nossa vontade. Os jovens também devem fazer testamentos porque nunca se sabe o dia de amanhã e com um testamento fica tudo preto no branco e depois não há surpresas”, disse.

Questionados pela possibilidade de fazerem um living will, os dois garantem que nunca pensaram nisso, embora ambos tenham aceitado doar os seus órgãos no caso de terem um acidente automóvel grave. “Se eventualmente algum de nós um dia precisar de ser ressuscitado confio na ciência e acho que os médicos vão saber tomar a melhor decisão. Mas compreendo que algumas pessoas, sobretudo mais velhas e/ou sem família, pensem nisso e decidam criar um living will”, referiu.

Um estudo da Willful concluiu que no ano passado cerca de 83% dos canadianos teve uma conversa difícil com os seus familiares sobre planear o fim da vida.

Joana Leal/MS

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