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Orgulho em ser canadiano

É o segundo maior país do mundo – este ano o Canadá celebrou 152 anos. As comemorações aconteceram um pouco por toda a parte e o Milénio Stadium acompanhou-as no Earlscourt Park e na Yonge Dundas Square.
Centenas de canadianos e imigrantes aproveitaram o Dia do Canadá para assinalar a diversidade que caracteriza o país. Ana Bailão, vereadora de Davenport, festejou a data com pastéis de nata. “Esta é a beleza da cultura canadiana, é uma grande mistura, muito saudável e de muita harmonia, de pessoas de mais de 180 países que se respeitam e que criam uma sociedade que eu diria que é invejada por países de todo o mundo. Alguns não percebem como podemos gostar de dois países, mas no fundo é como gostar de dois filhos. O amor que temos pela nossa herança cultural não diminui de forma alguma, muito pelo contrário, talvez ainda valorize mais o amor que temos pelo país de acolhimento”, disse.

Loin Hansford é natural da Austrália e há 15 anos trocou a terra natal pelo Canadá. “Vim para cá trabalhar, entretanto casei e o nosso filho já nasceu aqui. Para mim foi importante adquirir a cidadania porque sempre quis sentir-me parte do Canadá. Hoje viemos até ao parque para aproveitar o bom tempo em família, nós moramos aqui mesmo ao lado. Os canadianos tiram os sapatos antes de entrarem em casa, quando se despedem dizem sempre toma conta de ti e passam a vida a pedir desculpa. Já o maple syrup foi muito fácil de me habituar (risos)”, contou.

O Canadá é uma terra de imigrantes desde que os primeiros colonizadores europeus chegaram no século XVI. Aqui são faladas cerca de 200 línguas e a adaptação, a um dos países mais civilizados do mundo, acaba por ser fácil.

Christina Reimie trouxe o filho até ao parque e explicou-nos o que significa ser canadiano. “Nós aceitamos os novos imigrantes e no fundo é essa diversidade que define a nossa identidade como povo. Somos contra a violência e por isso apoiamos a restrição contra as armas e falamos muitas línguas. Estamos a ficar esfomeados e daqui a pouco vamos comer um hambúrguer ou um cachorro quente, mais tarde somos capazes de regressar para ver o fogo de artifício”, adiantou.

Vankalm Thout passou pelo Dundas Square e no seu rosto era visível o grande orgulho que sente em ser canadiano. “Significa ser livre, aberto e tolerante, nós respeitamos as diferenças e aceitamos os outros. A minha mãe nasceu na Dinamarca e o meu pai nasceu na Holanda, eu já nasci no Canadá, mas sinto-me 100% canadiano (risos)”, partilhou.

A requalificação do Earlscourt Park custou quase $600,000 e agora as crianças podem brincar na água e os idosos ganharam um novo espaço para praticar exercício físico. “A população continua a aumentar e nesta área temos cada vez mais crianças. O parque estava a precisar de uma revitalização e fomos de encontro às necessidades da comunidade”, referiu Ana Bailão.
O país é líder em políticas sociais e ambientais, mas ainda assim existem aspetos que podem ser melhorados. “Acho que ainda não fazemos o suficiente pelos povos indígenas. Eu sou professora em Pagnirtung [Nunavut], fica a 28 horas para Norte e lá 90% das pessoas não têm acesso a água potável. No século XXI, esta região tem a taxa de suicídios mais elevada do mundo, é assustador”, informou Ingrid Morin-Stron que optou por celebrar o feriado nacional em Toronto. Sarah Brodie queixou-se do custo de vida na cidade, do trânsito e do estacionamento enquanto que Lauren Clegg se mostrou preocupada com o elevado número de armas no país e com os cortes que estão a afetar a educação na província de Ontário. Christina Reimie lamentou os elevados custos com as creches e embora esteja satisfeita com a taxa sobre a emissão de CO2, garante que ainda há muito a fazer ao nível ambiental.

Pelo Dundas Square passaram dezenas de grupos que representaram a sua cultura através da dança e coube ao Rancho Folclórico Ribatejano de Toronto retratar a identidade portuguesa. Subiram ao palco grupos da Arménia, Balcãs e Leste da Europa, Bulgária, Egipto, Filipinas, Havai, Macedónia, México, Peru, Sérvia e Vietname.
Augusto César é brasileiro e veio para o Canadá para procurar uma vida melhor. “Estou cá há dois anos e vim com a minha família. Gosto muito da cultura canadiana porque é muito aberta e amigável. Hoje vim para o Dundas Square porque é o coração de Toronto. O Canadá é um país acolhedor, repleto de imigrantes, é um país onde eu posso ser mais um como todos os outros”, justificou. Sara Sassi chegou há oito meses e a eleição de Jair Bolsonaro foi determinante para abandonar o Brasil. “Estou a gostar muito, é um país maravilhoso, vim para cá sobretudo por dois motivos: as mudanças políticas no Brasil e para proporcionar uma vida melhor para a minha filha”, informou.
Um estudo recente concluiu que a maioria dos canadianos não seria capaz de passar no teste da cidadania, no entanto, há quem garanta que a prova é acessível. Farnaz Givi é natural da Pérsia e acabou de se naturalizar. “Passei no teste sem falhar nenhuma resposta – pessoalmente gostei muito de estudar a história do Canadá e agora sinto-me mais integrada. No ano passado festejei o Dia do Canadá em Otava e este ano decidimos vir até Toronto – trouxe o meu tio e o meu primo”, partilhou.

Joana Leal

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