Temas de Capa

O Clima. Estamos “em guerra com o planeta”!

No contexto do fim de mais um ano de calendário, se me é dado refletir sobre o que mais me impressionou durante o presente ano de 2019, não posso deixar de pensar nas grandes mudanças causadas pela demonstração da força e impacto da natureza, causando relevantes catástrofes, com mórbidas consequências em vidas humanas e hipotecando a vida dos sobreviventes.

Tufões arrasadores, terramotos, inundações gigantescas, incêndios devastadores, desertificação de vastas áreas do planeta, degelo das calotas polares, entre outros fenómenos naturais assustadores, parcial e cientificamente vinculadas ao aquecimento global do planeta e que têm sido, ao longo de décadas, provocados pela inércia e arrogância dos seres humanos e seus sistemas de desenvolvimento económico fizeram, deste ano que agora termina, mais uma página deste histórico processo degenerativo do nosso planeta.

E se pensarmos que se trata apenas de um efeito ocasional do passado, em vias de resolução repentina, habituados que estamos a que se encontrem soluções quase imediatas para tudo o que afeta a vida humana e das outras espécies, convém lembrar que, segundo dados da Organização Meteorológica Mundial, as emissões de CO2 para a atmosfera só nos últimos dois anos subiram 2% anuais e entre 2015 e 2018 aumentaram 20% em comparação com os cinco anos anteriores, atingindo valores de há três a cinco milhões de anos atrás, quando as temperaturas médias eram superiores e o nível médio do mar 10 a 20 metros acima do atual.

Em nome daquilo que deveria ser óbvio, para quem não negue o conhecimento científico e a sua própria constatação empírica, as alterações climáticas estão a conduzir-nos rapidamente para o “fim da linha” da nossa forma de viver. Se a temperatura média do planeta continuar a aumentar desta maneira (nos últimos cinco anos a temperatura média do planeta foi a mais elevada desde 1880) e atingir 2 C° acima dos níveis da pré-industrialização, não haverá hipótese de retrocesso.

Perante esta emergência global, desacreditada por alguns nacionalismos e sistemas de produção que estimulam o princípio do “lucro e crescimento económico e depois o resto”, alguns países começam agora e tardiamente a consciencializar-se da necessidade de se tomarem medidas rápidas e eficazes para atenuar os efeitos do aquecimento global, ou seja, salvaguardar a vida humana.

A recente 25° Conferência das Partes (COP) da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre as Alterações Climáticas, que se desenrolou recentemente em Madrid e reúne 195 países, foi um sinal claro de que o mundo em geral está a reconhecer a situação exposta pela comunidade científica e do que tem de ser feito para melhorar o planeta. No entanto, com base na indiferença e negligência com que foram tratadas resoluções de conferências anteriores, tenho dúvidas que, desta vez, se cumpram as metas estabelecidas. E mesmo que a União Europeia declare agora um Pacto Ecológico entre os seus países, destinado a criar um impacto neutro no clima, até 2050, não posso esquecer que também já declararam que dificilmente cumprirão as metas de redução dos gases de estufa até 2030, conforme havia sido acordado.

Resolver, ou pelo menos amenizar, o problema das alterações climáticas, enquanto problema real e global necessitando de medidas urgentes, reconheço que não é fácil, nem isento de tempo e de muitas contrariedades. Sensibilizar a opinião pública mundial para a mudança de estilos de vida e de muito o que nos impuseram como bem-estar, impor severas restrições e mudanças do aparelho produtivo às grandes indústrias poluidora, convencer os dirigentes mundiais a estes compromissos e recusar o mesmo tipo do nosso desenvolvimento ocidental aos países com graves carências socioeconómicas e que aspiram ao nosso privilegiado estilo de vida, parece-me uma tarefa gigantesca.

Mas temos de começar por algum lado!

Se em vez de fazerem orelhas moucas às palavras do secretário-geral das Nações Unidas quando declarou que a humanidade “está em guerra com o planeta”, ou deixarmos de dar ouvidos e atenção aos detratores da imagem de Greta Thunberg, a jovem sueca ativista ecológica, para refletirmos sobre as causas que defende e se a opinião pública tomasse consciência da grave situação em que nos encontramos, insurgindo-nos contra aqueles que se escusam com o desenvolvimento homicida do nosso atual bem-estar, para protelar as ações necessárias ao nosso futuro geracional, o mundo poderia caminhar no sentido da vida e da sua preservação.

Caso contrário, se esperamos pela hecatombe climática e pelo ribombar dos grandes desastres tidos como naturais e cada vez mais fratricidas, escondendo-nos no individualismo do nosso “buraco” seguro e culpando os “outros”, para aliviar a consciência de nada termos feito em prol do nosso planeta e das suas gerações futuras, passaremos à história (se houver história…) de termos sido os coveiros conscientes do futuro da Terra!

Luis Barreira

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