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Natal adaptado

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Qualquer texto que se leia sobre o Natal este ano vai ser, mais ou menos, cosido com as mesmas linhas. Uma época de amor, união, verdadeiramente atípica – com a união feita ao longe e o amor a segurar a barra pesada que as restrições trazidas pela pandemia implicam.

O meu Natal tem sido diferente desde que cheguei ao Canadá. Longe da minha família, vim para cá a saber que esses momentos familiares (desculpem lá a redundância) iam deixar de existir. Para ser muito sincera não senti falta nenhuma do bacalhau, mas o meu pai acha que sim. “Sem bacalhau nem é Natal”. 

Na verdade, eu gostar gostar (sim, duas vezes) desta época era na altura em que achava que o Pai Natal realmente existia e não fazia a mínima ideia de que com a queda dessa ilusão, também iria surgir, com o tempo, a desilusão da triste realidade que a vida nos vai “tirando” pessoas demasiado especiais. Ora, claro que perdendo eu a inocência própria de uma criança e perdendo também uma das pessoas mais especiais da minha vida, o meu avô Chico, deixei de achar piada ao Natal. O Natal começou a servir para me fazer sentir nostálgica e não gosto nada disso.

No entanto, o meu conceito de família adaptou-se o ano passado. Nasceu o meu filho e a minha ideia de que o Natal estava a ser aborrecido, transformou-se. Agora vejo essa época com alguma felicidade, ainda mais este ano, porque ele já está mais crescidito e tenho a minha mãe por perto.

Sempre fui mais de dar do que receber e este ano não será exceção. A vida é curta demais, cheia de imprevistos, e agora (a chatice de ser adulta) mais do que nunca vivo sem tomar os dias como garantidos. Sem medos, mas sempre a valorizar quem devo valorizar. Por isso vou dar muito, nem que seja amor. E espero que, mesmo que de uma forma estranha e longínqua, o meu pai, sozinho com as minhas duas avós lá do outro lado do mundo, consiga sentir que eu, o nosso Z e a “mã”, estamos com ele, sempre, mas sempre mesmo, no coração e na cabeça. Mais na cabeça. Ele é racional demais para acreditar que o trago no coração. Na cabeça, ok pai? 

Para todos os que, apesar de no mesmo país têm que fazer o esforço de estarem afastados dos que mais amam: usem o FaceTime e tenham paciência. É mesmo importante que cuidemos uns dos outros e para cá estarmos todos, para o ano, a festejar juntos o Natal, é crucial que não nos esqueçamos que vivemos agora tempos sérios de pandemia. Temos que respeitar as orientações dadas pela Organização Mundial de Saúde e pelos nossos governos. Eu sei que custa estar longe, podem acreditar, mas enfim, se tiverem pelo menos uma pessoa ao vosso lado, é melhor do que não termos a oportunidade de nos vermos nos próximos Natais. 

Qualquer coisa façam como eu fiz em 2017: mandem vir McDonald’s e bebam uma garrafita de vinho – passa logo e no dia seguinte já não é Natal.

Sejam felizes. E façam os outros felizes – sempre! No Natal e o resto do ano. 

Catarina Balça/MS

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