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Não podemos esquecer… Os extremos tocam-se

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Desde um tempo a esta parte, em diversas zonas do globo, tem-se notado um crescimento do extremismo, nomeadamente mais de extrema-direita, que tem sido grande preocupação para organizações internacionais, normalmente administradas por elites com tendências de esquerda, e quase toda a comunicação social. Sim, porque o crescimento da extrema-esquerda, a estas mesmas entidades, parece não despertar tanta inquietação, facto que a mim me preocupa. Pois na minha opinião os extremos tocam-se. Isso ficou bem claro nas últimas eleições presidenciais em Portugal, ao vermos regiões do país que tipicamente votavam em candidatos de extrema-esquerda, votarem em grandes números no candidato da extrema-direita. E não venham com tretas que o perigo só está na direita radical, a história diz-nos que todos os sistemas radicais são perigosos. Eu sei que nós portugueses ainda sofremos dos sintomas salazaristas, por isso temos mais alergias às direitas pois associamo-las ao regime anterior ao 25 de Abril, mas façam-me um favor, falem com pessoas que viveram em países de leste no tempo de controlo da União Soviética, e vão aperceber-se que comparado com eles a ditadura salazarista parecia mais um convento de frades.

Para nós portugueses, até há bem pouco tempo, este assunto não era muito relevante. Ouvíamos falar nos casos do Brasil, Polónia, Hungria, até certo ponto os Estados Unidos, mas isso não era assunto de grande interesse para o nosso país. Mas, ultimamente, depois do resultado das presidenciais, tem sido assunto de grande análise em todos os órgãos de comunicação social, e não só. As grandes perguntas são, como é possível um partido como o Chega, e André Ventura, terem crescido tanto, e tão rápido? Quais são as consequências?

Pois bem, à minha maneira humilde e simples vou tentar realçar alguns pontos que considero fundamentais que nos levaram a este fenómeno político.

Primeiro, na minha opinião, os grandes culpados desta viragem perigosa dos eleitores para a extrema-direita são, em primeiro lugar, os partidos convencionais que têm governado tão vergonhosamente o nosso país há décadas, sempre com promessas vãs, e demagogias, que em vez de cumprirem o seu dever de servir o povo, servem-se a si próprios e o partido que representam.  Posso garantir que não há povo nenhum que procure alternativas, se estiver minimamente satisfeito com o desempenho do seu Governo.  Juntando a este facto a contínua corrupção de sucessivos governos, que levaram o país a três bancarrotas, à cauda da Europa em crescimento económico, aumento de pobreza e baixo poder de compra. Criou-se uma fação de povo que está farto de ser enganado, e que se agarra a qualquer populista, que mesmo sem propostas concretas, se torna antissistema com um discurso radical, mas que se identifica com o pensamento de muita gente. Diga-se de passagem que este tipo de discurso não é exclusivo da extrema-direita, recordo que durante anos o Bloco de Esquerda usou exatamente o mesmo, que o levou ao nível de deputados que hoje tem na Assembleia da República. Discurso esse que só foi interrompido durante o tempo da geringonça, enquanto dormiam com o Governo PS, mas a partir da altura que se aperceberam da baixa nas sondagens, pediram divórcio, e voltaram ao mesmo de sempre, como se não fossem cúmplices de nada do que aconteceu nos últimos cinco anos.

O segundo fator, tem a ver com a péssima oposição que o PSD, debaixo do comando de Rui Rio, tem feito ultimamente. Francamente, entre Rui Rio e António Costa às vezes é difícil saber aonde acaba um e começa o outro. Este líder da oposição tem estado a dormir enquanto o Governo despacha todos os líderes de órgãos de soberania que lhe são incómodos, como por exemplo, na Procuradoria Geral da República, Tribunal de Contas, Banco de Portugal, comissário europeu, só para falar em alguns, e são substituídos por amigos e benfeitores, para que se torne mais fácil a distribuição dos Fundos Europeus pelos mesmos de sempre.

Rui Rio está a deixar a oposição nas mãos do Chega e Iniciativa Liberal, quando devia ser ele a fazer esse trabalho. Ele que não se esqueça que se o povo tiver de escolher entre um original ou a cópia, vai de certeza escolher o original e, francamente, o PSD de Rui Rio neste momento não passa de uma cópia do PS de António Costa. A minha mensagem para o líder do meu partido, desde os 12 anos de idade, é a seguinte. Se o senhor quer afundar a sua carreira política, esteja à vontade, mas o que eu não admito é o senhor destruir o PSD, porque este partido é muito importante para a democracia portuguesa.

Finalmente, o terceiro fator importante para o crescimento do Chega e André Ventura, tem sido a comunicação social, e a esquerda elite de Lisboa. Sinceramente eu nunca vi tanta gente obcecada com uma pessoa. Nas últimas legislativas foram eleitos 34 deputados da extrema-esquerda e um de extrema-direita, mas aparentemente só este um é que foi visto como ameaça à democracia. Uma coisa que eu aprendi com o meu falecido pai foi que estupidez se trata com indiferença, e a comunicação social tal como os adversários de André Ventura ainda não se aperceberam disso. Quanto mais atenção lhe derem, mais o tapete vermelho lhe estendem para ele atingir os seus objetivos.

• Leia o Vox Pop sobre este tema, clique aqui.

Quando às consequências, confesso que não estou muito preocupado, pois tal como já está a acontecer ao Bloco de Esquerda e PCP, mais tarde ou mais cedo, o povo vai entender que o André Ventura não passa de um arruaceiro barato, que se está a aproveitar da situação corrente para vender a sua banha da cobra, mas o que lhe sobra de populista, falta-lhe em substância. Citando agora a Maria Castelo Branco, a mim no início ainda me convenceu, até quando ele disse que falava com Deus, pois qual de nós é que não fala com Deus de vez em quando? Mas quando disse que Deus falou com ele, aí eu disse comigo mesmo, já CHEGA.

Fernando Rio/MS

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