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Julie Dzerowicz reeleita com 43,6% dos votos

Julie Dzerowicz foi reeleita como MP de Davenport. A liberal volta assim a representar, em Otava, a área do país com mais portugueses e lusodescendentes e vence, pela segunda vez, o candidato do NDP Andrew Cash. Dzerowicz venceu com 43,6% dos votos, enquanto que Andrew Cash convenceu 40,8% do eleitorado. A terceira força política mais votada em Davenport foi o Partido Conservador e Sanjay Bhatia obteve 9,6% dos votos.

Julie Dzerowicz e Diana Mendes, a diretora de campanha

Davenport foi uma das últimas áreas onde os resultados foram apurados e este ano Dzerowicz venceu Cash com uma diferença de 1,472 votos. Já em 2015 a primeira mulher a ser eleita como MP em Davenport tinha vencido Cash com uma diferença semelhante, cerca de 1,500 votos.

Com cerca de 108,000 habitantes, o português era, de acordo com os census de 2016, a segunda língua mais falada em Davenport depois do inglês. O rendimento médio familiar é $64,764, enquanto que a média nacional é de $70,336.

Cash, que foi MP de Davenport em 2011, é jornalista e músico e tornou-se no primeiro político não-liberal a vencer em Davenport em décadas. Quem também concorreu por Davenport pelo Partido Conservador foi Sanjay Bhatia, proprietário de uma empresa de transportes e Hannah Conover- Arthurs, pelo Partido Verde que é artista e ativista ambiental.

No discurso de vitória Julie Dzerowicz confessou que não preparou discurso de derrota e que desde a infância sonha em ser MP. “Queria fazer este trabalho desde os meus 10 anos e passei cerca de 20 a desenvolver as capacidades para ter a certeza que podia contribuir para esta comunidade e para o meu país. E por isso juntei-me ao Partido Liberal para quem não interessa de onde vens, qual a cor da tua pele, qual a tua religião e quanto dinheiro tens no banco”, disse.

Dzerowicz promete continuar a lutar pelos indocumentados e admite que sem maioria absoluta, Justin Trudeau poderá ter que se juntar ao NDP ou aos Verdes.

“Temos de encontrar um caminho para a cidadania e temos de resolver o problema. As pequenas, médias e grandes empresas precisam de recrutar trabalhadores, já chega de conversa, só precisamos de atuar. Temos uma excelente relação com o Partido Verde e acho que vamos trabalhar com eles. Acho que vamos trabalhar com qualquer um, aliás, trabalhamos com outros partidos o tempo todo, mas não podemos ficar parados nas alterações climáticas ou nas nossas principais questões económicas”, explicou aos jornalistas.

Alguns empresários luso-canadianos estiveram presentes na festa na Casa dos Açores, na College Street, como foi o caso de Ricardo Viveiros, proprietário do Viveiros Group. “Ela apoia muito a nossa comunidade e tem lutado muito pelos indocumentados. Embora não seja portuguesa, já fez mais pela nossa comunidade do que alguns luso-canadianos. O Andrew Cash, do NDP, era uma ameaça porque ele era a estrela do NDP e a verdade é que a parte sul de Davenport apoia muito o NDP. A nossa estratégia foi conseguir ganhar muitos votos na área norte de Davenport para que a Julie Dzerowicz conseguisse ser reeleita e felizmente deu certo”, informou.

Jorge Ribeiro, da Blue Pages com Ricardo Viveiros do Viveiros Group e José Pinto da José Marques Wealth Management

Viveiros prefere um governo minoritário do que maioritariamente conservador. “Na minha opinião, o Andrew Scheer não é a cara do Canadá. E se o Partido Conservador tivesse vencido íamos ter mais austeridade como temos tido aqui em Ontário com o Doug Ford. Os cortes iam afetar os nossos filhos por muitos anos”, comentou.

José Pinto é um dos sócios da Pinto Marques Wealth Management e achou estas eleições diferentes. “Tenho muitos anos de experiência em mesas de voto, mas este ano achei que a adesão foi constante ao longo do dia inteiro e não foi preciso pressionar muito os eleitores para exercerem o direito ao voto. A Julie vive na área e está a par dos nossos problemas, ao contrário de outros que vêm cá de vez em quando porque vivem noutro lugar. Preferia ter uma maioria Liberal, porque com esta minoria o PM Justin Trudeau vai ter de encostar-se mais à esquerda, o que não é bom a nível fiscal porque obriga o governo a ceder às vontades da esquerda”.

Dzerowicz com elementos do Grupo Folclórico Transmontano de Toronto

Julie Dzerowicz rejeita a hipótese de que o caso blackface influenciou a opinião pública e culpa sobretudo o caso Lavalin. “Acho que podíamos ter feito um melhor trabalho ao nível da comunicação e eu também me incluo nessa lista. Perdemos a confiança de muitas pessoas com o caso Lavalin e algumas pessoas não entenderem bem o que se passou. Não foi o caso blackface porque hoje somos uma economia muito mais forte do que há quatro anos.  Somos a democracia mais forte no mundo e isso deve-se ao trabalho do PM e de toda a equipa do Partido Liberal”, assegurou.

Nestas eleições federais estavam recenseados mais de 27 milhões de canadianos e o número de eleitores que votou antecipadamente, no fim-de-semana que antecedeu o Dia da Ação de Graças, aumentou 25%.

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