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Futuro da cultura portuguesa no Canadá

Qual o papel do Governo português?

Ao longo dos anos, a comunidade luso-canadiana organizou-se em clubes e associações que foram garantindo que, apesar da distância do país natal, os valores e a cultura portuguesa permanecessem e contribuíram para estabelecer laços, entre todos os que escolheram o Canadá para viver.

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Embaixador de Portugal, Dr. João da Câmara. Foto: DR

Sem interessar muito esmiuçar o porquê, a verdade é que a profusão de clubes e o progressivo envelhecimento de quem os frequenta, já tinham colocado muitos deles em situações financeiras precárias se não mesmo aflitivas. Com o aparecimento da pandemia e o consequente esvaziar de atividades que iam garantindo alguma receita, hoje muitos veem o seu futuro ameaçado e consideram mesmo o encerramento de portas.

O Milénio Stadium propõe esta semana uma reflexão sobre o futuro da cultura portuguesa no Canadá. Neste contexto, pareceu-nos essencial ouvirmos a opinião do representante máximo do Governo português neste país – o Embaixador de Portugal, Dr. João da Câmara. Afinal, quisemos perceber que papel cabe ao Governo de Portugal quando o que está em causa é a manutenção da identidade de um povo e a sua ligação à terra natal.

Milénio Stadium: Como é que o representante máximo de Portugal no Canadá vê o futuro da cultura portuguesa neste país?

João da Câmara: Creio sinceramente que existe futuro para a cultura portuguesa no Canadá. Algo que me impressionou desde que cheguei a este país foi verificar que existe uma dinâmica cultural muito ativa nas instituições da comunidade portuguesa e que mesmo as segundas e terceiras gerações de portugueses no Canadá mantêm viva uma ligação a Portugal seja através da utilização da língua portuguesa, seja através da participação empenhada na vida associativa. Mas igualmente importante para a preservação da cultura portuguesa no Canadá é a política multicultural defendida pelo Governo canadiano, que considera como suas as culturas de comunidades estrangeiras. Temos, pois, as condições necessárias: vontades e capacidades na comunidade portuguesa e disponibilidade empenhada por parte Governo canadiano.

MS: Considerando a velha máxima – a união faz a força – veria com bons olhos a criação de uma Casa de Portugal sediada em Toronto? Que modelo poderia ser exequível?

JC: Acredito efetivamente que a união faz a força e que a comunidade portuguesa no Canadá teria tudo a ganhar com instituições comunitárias mais sólidas e viáveis. A decisão sobre o modelo a seguir, seja uma Casa de Portugal ou outro, deverá, no entanto, caber sempre, em primeira linha, à comunidade portuguesa e às suas instituições.

MS: Quem ou que instituição poderia ser o promotor da mudança – de múltiplos clubes e associações para a concentração de todos numa só casa?

JC: A promoção de qualquer eventual mudança deverá partir inevitavelmente da própria comunidade. O Estado português, aliás como o Estado canadiano e as administrações provinciais, poderão aconselhar, apoiar soluções que venham a ser encontradas, mas os agentes da mudança terão que ser os portugueses do Canadá.

MS: O que pode fazer ou fará o Governo português, através dos seus representantes no Canadá, para contribuir para a preservação e divulgação da cultura portuguesa e consolidação do sentimento de pertença ao país de origem, no Canadá e particularmente no Ontário?

JC: O Estado português e os Governos que dele emanam têm tido ao longo dos anos objetivos claros de divulgação e promoção da cultura portuguesa no mundo e de apoio aos portugueses e luso-descendentes que nos cinco continentes pretendem fazer essa divulgação e promoção. São inúmeros os programas e projetos que o Governo português patrocina com aquele objetivo. A própria existência de um membro do Governo com essas atribuições específicas é prova dessa vontade.

Contudo, em todo o mundo e também naturalmente no Canadá o movimento associativo vinha-se já deparando com grandes dificuldades que a pandemia ajudou a agravar. A Embaixada e os Consulados portugueses no Canadá estão perfeitamente conscientes daquelas dificuldades e inteiramente disponíveis para ajudar a encontrar soluções para os problemas delas decorrentes. É certamente esse um dos principais objetivos que nos mobiliza como representantes do Estado português no Canadá.

Madalena Balça/MS

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