Temas de Capa

Está na moda ser da moda?

Será, provavelmente, uma das profissões mais desejadas do século XXI: ser uma blogger, instagrammer, youtuber (e por aí adiante) de sucesso.
Assim como no resto do mundo, também em Portugal os blogs de moda e lifestyle são, sem qualquer dúvida, uma tendência. E têm tanto sucesso que os/as bloggers se conseguem dedicar a projetos desta natureza a tempo inteiro.

Não precisamos de procurar muito para encontrarmos muitos (e estou a ser meiga quando digo apenas muitos) perfis sociais de homens e mulheres, os chamados influencers, que mostram vidas de sonho, recheadas de viagens a sítios paradisíacos registadas com fotografias estrategicamente capturadas para fazer com que os seguidores se interroguem, por exemplo, “de onde serão aquelas sapatilhas”?

É exatamente este o resultado pretendido: nos fashion blogs ou nos perfis sociais de moda a pessoa é levada a seguir determinado padrão de estilo, ditado pelos mais diferentes meios de comunicação.

É verdade que cada blog ou perfil de Instagram nos remete para diferentes estilos: cabe ao utilizador escolher e seguir aquele com que mais se identifica.

Mas até que ponto é que somos nós que escolhemos aquilo de que mais gostamos?
Não será a nossa mente, sabe-se lá como, levada para adotar determinados conceitos que sejam socialmente aceites por todos?

A moda é um poderoso padrão de medição de motivações psicológicas e sócio-económicas da sociedades já que revela diferentes modos de comportamento e apresentação em público. Da mesma forma, é capaz de incluir ou excluir pessoas de diferentes grupos sociais ao longo do tempo. Podemos tomar como exemplo o uso/consumo do cigarro que nos anos 70 representava status e poder e hoje é única e exclusivamente visto como uma problema de saúde pública mundial.
Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades…e as modas!

“Se ela é assim e tem sucesso o melhor é segui-la e ser igual a ela”.

Não me entendam mal: não há nada de errado em termos um referência, seja na moda ou em qualquer outro aspeto da nossa vida. O problema é quando a nossa maneira de ser, fazer, vestir, agir e até comer (!) passa a ser ditada pelo que é “cool” e “está na moda”.

Um estudo levado a cabo pela YMCA, onde participaram mil jovens britânicos com idades compreendidas entre os 11 e os 16 anos e que tinha como objetivo perceber que tipo de expectativas se tem, atualmente, sobre a imagem corporal, revelou que 60% destes se sentem pressionados a parecer perfeitos nas redes sociais. Os grandes “culpados”? Segundo 58% da amostra, os influencers e/ou celebridades.

No seguimento desta descoberta, a YMCA e a marca Dove lançaram a campanha #IPledgeToBeReal, onde se pede que todos assinem o “Juramento da Imagem Corporal”, com o objetivo não só de difundir a realidade e diversidade de aparências como também de promover uma imagem corporal positiva e real, ao invés daquelas que apenas são possíveis com recurso ao Photoshop. Neste juramento, as pessoas comprometem-se a não editar as suas fotos e responsabilizar as marcas que não apresentarem diversidade nos seus conteúdos e/ou produtos.

Natasha Devon, Michelle Elman e Charley Koontz são algumas das celebridades que já assinaram este juramento.
“Embora não haja nada de errado em querer mostrar seu melhor ângulo, é importante que gostemos de nós mesmo quando não estamos com a melhor aparência, o que acontece, provavelmente, a maior parte do tempo com a maioria de nós. O padrão de beleza atual é completamente impossível de obter, o que nos leva, constantemente, a sentirmo-nos mal face ao nosso corpo e à nossa aparência. Isto acontece particularmente no caso dos mais jovens e pode ter sérios efeitos no seu bem-estar mental e físico”, afirmou Denise Hatton, presidente executiva da YMCA England & Wales.

Resumindo: a moda e o lifestyle parecem, pelo menos à primeira vista, um fator agregador de pessoas. No entanto, há que ter em atenção que nem todos estão dispostos ou têm possibilidades de seguir determinado padrão: e está tudo bem com isso! Ótimo até.

Sim, está na moda ser da moda. Mas o que nunca sairá de moda é ser aquilo que nos der na real gana e ser iguais a nós próprios – afinal, não há nada mais original que isso.

Inês Barbosa

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