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Covid-19 Medo? Não. Cuidado? Sim!

Os números de pessoas contaminadas pelo Covid-19 não param de aumentar. Estão, no entanto, a diminuir o número de novos casos conhecidos a cada dia. Este vírus que está a assustar o mundo tem até agora uma taxa de mortalidade muito baixa e parece atingir de forma fatal os mais frágeis ou com sistema imunitário debilitado. O mais assustador desta epidemia não é tanto o que já se sabe, mas antes o tanto que ainda está por se saber. Não há certezas sobre a sua origem, também estão ainda por determinar as formas de propagação. E o medo que vem de longe instala-se nas nossas vidas.

Gerald Evans

O mundo, cada vez mais pequeno graças ao fenómeno da globalização, estremece com mais um surto epidémico vindo da tão distante China. As notícias invadem-nos o dia a dia – através dos meios mais tradicionais de comunicação, mas também das tão poderosas e penetrantes redes sociais.

Passámos a lembrarmo-nos da necessidade de lavar as mãos de forma recorrente, de tossir e espirrar cobrindo a boca com o cotovelo, de evitarmos o contacto físico com os outros. Passámos a conviver com as máscaras de proteção que são cada vez mais usadas (ao ponto de esgotarem em todo o mundo), principalmente em locais onde é previsível que haja muita concentração de pessoas. Tudo isto enquanto se assiste ao aumento de número de contaminados e dos que não resistiram.

Os cientistas de todo o mundo vão procurando encontrar o caminho da cura desta doença epidémica através do que vai sendo conhecido pelos casos que vão sendo registados. Por exemplo, o epidemiologista norte-americano David Heymann classificou esta quinta-feira (20) como “especulação” a ideia de que o novo coronavírus, designado Covid-19, enfraquece em climas quentes, e apontou que as implicações da doença continuam a ser “largamente desconhecidas”.

“Nem eu, nem ninguém, pode dar uma resposta precisa a essa questão”, explicou à Lusa o professor de Epidemiologia na Escola de Higiene de Londres e ex-diretor da Organização Mundial da Saúde para as Doenças Transmissíveis. Heymann reconheceu que alguns coronavírus, como a gripe comum, prevalecem sobretudo no inverno, mas que há também os que são transmissíveis com igual intensidade durante todo o ano, como é exemplo a Síndrome Respiratória do Médio Oriente. O epidemiologista lembrou que o Covid-19 é um vírus novo e, portanto, “desconhecido”, e que só com o tempo “será possível apurar”. “O mais importante sobre uma nova infeção em seres humanos não é o que se sabe sobre esta, mas aquilo que não se sabe”, resumiu Heymann, considerando que a gravidade do Covid-19 “está por definir”. “Não se sabe se é um vírus que causará alguns surtos e desaparecerá, ou se se tornará endémico entre populações em risco, e continuará a alastrar-se dentro e fora da China”, explicou.

Heymann lembrou que a versão inicial, de que o surto teve origem num mercado de mariscos, “não foi ainda provada”, o que torna difícil perceber o papel do ambiente na sua propagação, apesar de ser já claro que é transmitida através de tosse ou espirro. E disse que a infeção parece ter efeitos mais graves entre pacientes com doenças pulmonares, cardíacas, diabetes e outras doenças crónicas. “Quando as pessoas ficam infetadas, a doença é agravada por outras doenças, provocando, em alguns casos, uma pneumonia grave”, explicou.

Também Gerald A. Evans, Chair, Division of Infectious Diseases, Professor of Medicine, Biomedical & Molecular Sciences and Pathology & Molecular Medicine da Queen’s University, disponibilizou-se para nos ajudar a perceber o que está em causa nesta emergência declarada global pela Organização Mundial de Saúde. Em declarações prestadas em exclusivo ao Milénio Stadium, Evans sublinhou o pouco que se sabe deste coronavírus em particular. “New coronavirus that causes a transmissible respiratory tract infection which causes a sever infection in about 15% of patients and has a mortality rate of about 2%, similar to influenza”.  O cientista e médico canadiano teve oportunidade ainda de sublinhar que pouco se poderia ter feito para travar a doença, embora registe que o atraso na revelação de que algo se estava a passar em Wuhan teve uma importância determinante na sua propagação. Quanto às recomendações para que se evite a contaminação, para além das já citadas medidas básicas de higiene e ao evitar o contacto das mãos com a boca e olhos, Gerald Evans lembra também a importância de permanecer em casa, caso haja qualquer sintoma – febre, dores no corpo, tosse…

Apesar dos esforços que estão a ser desenvolvidos nesse sentido, Gerald Evans considera que não é expectável que surja no mercado uma vacina no imediato e aponta para o prazo de 12 meses para que tal possa vir a ser uma realidade.

No final da conversa, o professor universitário deixou palavras de esperança – por um lado afirmou “I expect that mortality rate will not change” e quando lhe perguntámos “temos razões para ter medo?” afirmou de forma muito clara “No. This is not a disease with a high mortality rate. There are emerging treatments which seem to work and a vaccine is likely to be developed within a year”.

Madalena Balça/MS

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