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Casa do Alentejo vai aderir ao programa federal de apoio ao arrendamento

A Casa do Alentejo está encerrada desde o início da pandemia e embora tenha sede própria admite avançar com uma candidatura ao Canada Emergency Commercial Rent Assistance (CECRA). O programa destina-se a pequenas empresas e as associações sem fins lucrativos também fazem parte desta lista. Para avançar com a candidatura a empresa tem de provar que perdeu 70% da sua atividade com a pandemia da COVID-19 e 75% da renda de abril, maio e junho vai ser financiada pelos dois níveis de Governo e pelo proprietário do imóvel.

Carlos Sousa, presidente da Casa do Alentejo

Embora a Casa do Alentejo esteja “financeiramente estável”, tal como assegurou Carlos Sousa ao Milénio Stadium, algumas das receitas desta instituição provêm do arrendamento de parte do espaço. “Temos cinco rendeiros e como é óbvio a pandemia afetou toda a gente. As nossas receitas diminuíram, mas estamos bem e não queremos expulsar ninguém.  Vamos concorrer a este programa logo que o Governo o disponibilize porque temos que nos ajudar uns aos outros. O nosso último evento foi com a BWXT, uma fábrica que produz urânio aqui em Davenport, e nos primeiros quatro dias de março devemos ter feito uns $9,000 brutos. Alugámos o espaço e o catering foi servido pelo nosso restaurante e mal sabíamos nós o que estava para vir”, disse o presidente da instituição ao nosso jornal.

Entre março e abril a Casa do Alentejo tinha quatro eventos planeados que, entretanto, acabaram por ser cancelados devido à COVID-19, eventos esses que podiam ter rendido cerca de $10,000 brutos à associação. O restaurante Sobreiro que, em conjunto com o bar, geravam cerca de $12,000 brutos por mês, também encerraram as portas e as duas funcionárias estão em layoff. A boa notícia é que o dinheiro que o Governo Federal tinha tributado, por engano, a esta associação sem fins lucrativos foi devolvido e os $28,000 vão ajudar a manter a estabilidade financeira durante o pós-pandemia.

Carlos Sousa estava a preparar-se para abandonar a presidência, mas a COVID-19 também acabou por cancelar a Assembleia-Geral que ia eleger os novos corpos gerentes da instituição. “Já tinha informado a direção que não tinha tempo suficiente para continuar na presidência da Casa do Alentejo e independentemente de surgir ou não uma nova lista não tenho disponibilidade para continuar. Mas as nossas finanças estão bem, perdemos rendimentos, mas também diminuímos despesas com a COVID-19 e o que interessa é que o coronavírus não afetou a nossa estabilidade económica”, explicou.

A próxima Semana Cultural da Casa do Alentejo, de 16 a 24 de outubro, já estava a ser organizada, mas o programa vai ter que ser revisto devido à COVID-19, até porque com as novas restrições nas viagens aéreas alguns dos artistas de Portugal podem não conseguir garantir a sua participação. “Já tínhamos algumas confirmações, mas não sabemos se vão ser canceladas e as próprias Câmaras Municipais de Portugal também podem mudar de ideias e constatar que não têm verbas para nos apoiar. Em última instância fazemos como no 11 de setembro de 2011 e realizamos a nossa Semana Cultural com artistas locais. O importante é assegurarmos o nosso calendário de atividades quando a economia em Ontário começar a reabrir”, informou.


“Clubes que pagam  rendas podem ter

de encerrar as portas se o Governo não os apoiar”

 

A Casa das Beiras é outro dos clubes portugueses que viu os seus eventos serem cancelados, mas Bernardino Nascimento garantiu ao Milénio Stadium que a casa tem fundo de maneio até pelo menos ao final do ano. “O nosso último evento foi a 8 de fevereiro e com a celebração do Dia dos Namorados tivemos casa cheia e fizemos dinheiro suficiente para pagar as despesas do clube durante pelo menos dois meses. As nossas despesas mensais rondam os $10,000 e com a COVID-19 tivemos de fazer layoff à nossa única funcionária a tempo inteiro”, referiu.

Bernardino Nascimento, presidente da Casa das Beiras

As celebrações da Páscoa, do Dia da Mãe e a Matança do Porco foram canceladas e segundo Nascimento os prejuízos devem atingir os $35,000. A Casa das Beiras já estava a preparar a Semana Cultural que deveria acontecer entre 26 de setembro e 3 de outubro, mas o mais provável é o programa sofrer alterações. “Acredito que o preço das passagens aéreas vai disparar com as novas medidas de controlo de temperatura e de distanciamento físico e vai ser muito difícil mantermos a colaboração com tunas, ranchos, chefs de cozinha e entidades políticas vindas de Portugal. Mas claro que há sempre a hipótese de organizarmos o evento com a prata da casa, como se costuma dizer”, referiu.

O piquenique anual da Casa das Beiras, que ia acontecer a 12 de julho no Madeira Park, também já foi cancelado e Bernardino Nascimento estava prestes a entregar a pasta da presidência quando a COVID-19 lhe trocou os planos. “A nossa Assembleia-Geral deveria ter acontecido a 9 de março e a Kátia Caramujo estava preparada para assumir a presidência, mas, entretanto, veio a COVID-19 e os meus planos tiveram que ser alterados (risos). Claro que ia continuar sempre por perto, mas já vai sendo tempo de entregar a direção a alguém mais jovem e com ideias novas”, disse.

Sobre o regresso à normalidade depois da economia reabrir, o presidente da Casa das Beiras acha que vai ser pouco lucrativo realizar um evento com menos pessoas. “Se formos obrigados a manter a distância física nos nossos eventos não vamos poder voltar a encher as salas, mas por outro lado também vamos organizar eventos mais pequenos, logo vamos gastar menos dinheiro. Mas para além disso se a pandemia se prolongar os clubes que pagam rendas podem ter que encerrar as portas se o Governo não os apoiar. Felizmente no caso da Casa das Beiras temos sede própria e para já não estamos a pensar recorrer a nenhuma linha de crédito que foi disponibilizada pelo Governo Federal”, garantiu.

Toronto cancelou a maioria dos seus eventos públicos e a Parada de Portugal deste ano não se vai realizar. No entanto há quem sugira que existem outras formas de celebrar a cultura portuguesa: “Julgo que depois da COVID-19 vamos regressar mais fortes e unidos e podemos sempre assinalar o Dia de Portugal mais tarde durante um fim de semana. Há dias, em conversa com o Joe Eustáquio, o antigo presidente da ACAPO, falou-se na possibilidade de realizarmos um festival de folclore e concertos com artistas locais no Brockton Stadium. Mas ainda é cedo e o que é importante é não deixarmos passar a data em branco, se festejamos no Bellwoods Park ou noutro local qualquer acho que é apenas geografia (risos)”, adiantou.

Bernardino Nascimento tem aproveitado a quarentena para rever álbuns e vídeos antigos e já tem saudades dos eventos comunitários da Casa das Beiras. Ambos os presidentes asseguraram ao nosso jornal que não têm conhecimento de que nenhum sócio ou simpatizante dos respetivos clubes tenha sido contagiado pela COVID-19. O Milénio Stadium tentou contactar a presidente da Comissão Ad Hoc da ACAPO, mas até ao fecho desta edição não obtivemos resposta.

Joana Leal/MS

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