A tradição natalina no Brasil e a construção de nova família no Canadá
Quando criança, Natal para mim era um momento de imensa satisfação e alegria. Não que não seja alegre nos dias de hoje, mas havia uma fantasia, uma inocência que pairava no ar, uma vibração diferente que só quando se é criança é possível sentir. Não sei se era por conta do brilho das luzes que decoravam as casas ou da espera da meia-noite para a chegada do amado bom velhinho, mas essa sensação era muito nítida em mim.
Hoje, adulta, consigo perceber um outro formato desta celebração. Tem-se o costume, no Brasil, de uma mesa farta com perus, frangos, arroz, batatas, farofa e diversas sobremesas, como pavê, pudim e sorvete com chocotone. Não pode faltar a árvore de natal decorada. Seja ela pequena ou grande, tem de estar ali, no meio da sala, enfeitando e demarcando a existência deste período.
Os parentes se juntam – pais e mães, irmãos e irmãs, primos e primas, tios e tias, avôs e avós – para celebrarem este momento. Mesmo que não tenham se visto o ano inteiro, Natal é coisa séria e é preciso todos estarem juntos neste dia. É um momento gostoso em que a família se reúne, tornando-se uma ótima oportunidade de saber as novidades, conversar, e quem sabe, discutir um pouquinho acaloradamente?
Há trocas de presentes e as crianças são prioridade. É primordial que elas ganhem pelo menos uma lembrancinha, uma vez que, na sua inocência, a crença em Papai Noel é vívida.
O país, em sua maioria cristão, antes de iniciar a parte fácil e prazerosa que é a de apreciar a comilança de Natal, tem a prática de realizar uma oração lembrando daquele que é parte central do dia, Jesus Cristo.
Às vezes, as pessoas esquecem qual o verdadeiro motivo do Natal; muitas só pensam em presentes ou quais opções estarão disponíveis na ceia; a figura de Jesus sequer é lembrada por essas pessoas, tornando-se apenas, uma data puramente comercial.
Há aqueles que não são cristãos, mas que por força do hábito cultural, continuam a celebrar este momento. E tem aqueles que simplesmente não festejam. Cada um com suas escolhas e respeito pelas escolhas alheias.
O natal como marca pessoal para mim é definitivamente estar entre aqueles pelos quais se tem apreço, não necessariamente com a família consanguínea, principalmente quando não se pode estar com ela, como é o meu caso, pois me encontro distante num outro país. Por isso, este momento para mim é uma confraternização entre pessoas que se gostam e que podem desfrutar juntas de uma boa comida, de boas conversas e boas trocas de gentilezas. Aqui no Canadá, muitas vezes, acabamos por ampliar nossa família entre amigos imigrantes, nos unindo, nos conectando e aproveitando momentos com aqueles que acabam se tornando suportes importantes no nosso dia-a-dia. E, com eles, celebramos este momento tão íntimo como se fossem realmente da família.
A convivência se transforma em amizade, a amizade em solidariedade, e, sem perceber, somos uma família.
Aproveitem com as suas pessoas queridas, sua pequena ou grande família!
Feliz Natal!
Adriana Marquês/MS
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