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Academias de Toronto exportam jogadores para Portugal

3 jovens talento – Lucas Dias, Matthew Nogueira e Rafael Ferreira

Dizem que o melhor futebol do mundo se joga na Europa, mas no Canadá há quem leve esta modalidade a sério dentro das quatro linhas do campo. Em Ontário
existem cinco academias de futebol portuguesas: Belenenses, Benfica, Sporting, Porto e Gil Vicente, que em comum têm dezenas de jogadores que sonham em ser profissionais, mas todos os sonhos têm um preço. Jogar futebol em Toronto é caro e no futuro nem todos vão alcançar o nível profissional. Sucessos à parte, as academias também formam futuros adultos com valores como responsabilidade, disciplina e resiliência.

Nos últimos anos estas academias têm exportado jogadores para Portugal. Nesta edição damos-lhe a conhecer três casos de sucesso. Lucas Dias, Matthew Nogueira e Rafael Ferreira.

Quando combinámos a reportagem Lucas Dias já vinha equipado e disse-nos que em poucos dias ia viajar para Portugal. Lucas treina na Academia do Sporting em Alcochete, mas desde os sete que joga na Academia de Toronto. Ao Milénio Stadium, o jovem talento aceitou partilhar parte da sua vida. “Tinha três anos quando comecei a jogar na equipa do meu pai. E desde aí que nunca parei de jogar. O meu primeiro treinador foi o Pedro Dias e ele sempre acreditou no meu potencial”, contou.

A família sempre esteve na retaguarda do jovem atleta. “A minha família sempre me apoiou e o meu pai é o meu maior crítico. Ele sempre me acompanhou nos treinos e isso dá-me mais força”, disse. O pai, Paulo Dias, deu-nos os detalhes. “Inscrevi-o num clube pequeno que ficava perto da nossa casa e depressa eles perceberam que ele já fazia muito para a sua idade. E então colocaram-no na equipa que estava dois anos à frente. Foi aí que percebi que ele tinha qualquer coisa de especial. O meu sogro e o meu pai são fãs de futebol, eu já nasci no Canadá”, divulgou.

Paulo tem três filhos e admitiu que não foi fácil lidar com as saudades. “Falamos muito pela internet, mas ainda me lembro da primeira vez que o vi embarcar no avião. A decisão não foi nossa, com 11 anos o Lucas já tinha alguma maturidade e queria muito seguir este sonho”, disse.

Aos 11 anos Lucas recebeu duas propostas de peso: o Toronto FC e a Academia do Sporting de Alcochete, mas na altura de decidir não pensou duas vezes, apesar de não falar português. Lucas confessa que conciliar a escola com os treinos não é fácil, mas deixa um conselho para quem quer seguir os seus passos. “Nunca sabemos quanto tempo vai durar a nossa carreira. A qualquer altura podemos sofrer uma lesão e temos que ter um plano B. Além do mais a escola ajuda um jogador a tomar decisões mais certeiras”, explicou.

Lucas acredita em Deus e revelou-nos que tem uma cruz que o acompanha em todas as suas viagens, e apesar da curta carreira, já encontrou algumas pedras no caminho. “No ano passado tive uma lesão no joelho esquerdo e tive de parar durante três semanas. Nessa altura só pensava em regressar ao relvado e em mostrar o meu potencial”, adiantou.

O Sporting é a sua segunda família e em Portugal foi bem recebido desde o primeiro dia. “A adaptação não foi fácil, não tinha amigos e só falava inglês. Mas até o Ronaldo tem um percurso semelhante ao meu. Ele tinha 11 anos quando saiu da Madeira para ir para Lisboa. No meu caso a distância entre Toronto e a capital portuguesa é ainda maior”, revelou.

Lucas Dias gosta de marcar golos e de fazer assistências e segundo as suas próprias palavras, “é um jogador que tem bom passe, bom drible, que não tem medo de um 2 contra 1 e sabe jogar de cabeça levantada”. No entanto, confessa que ainda tem que melhorar muitos aspetos, nomeadamente corrida e força.

Na Academia de Alcochete Lucas tem uma disciplina rígida. “Todos os dias acordo às 6:50 da manhã, depois tomo o pequeno almoço e vou para a escola até às 4:45 da tarde. Na Academia tento fazer ginásio antes ou depois do treino e ao final do dia sou eu que faço a minha própria lavandaria. Tento dormir cedo e ter uma dieta equilibrada”, adiantou.

Em Portugal já representou a seleção em treinos e garante que o coração está com os leões.  O jovem português já tem uma alcunha em campo. “Na escola nunca me chamaram nada, mas em campo chamam-me canadiano ou o diminutivo de Lucas. Mas não levo isso a mal porque se calhar eles nunca tiverem um estrangeiro na equipa (risos)”, disse.

Lucas já regressou a Portugal e apesar de só ter 15 anos, na mala leva o sonho de ser profissional, tal como o Ronaldo, o seu maior ídolo.

Matthew Nogueira guarda-redes do Marítimo da Madeira

Matthew Nogueira tem 20 anos e atualmente é o segundo guarda-redes da equipa B do Marítimo da Madeira.

Matthew nasceu em Toronto e antes de se decidir pela equipa portuguesa recebeu várias propostas de peso na cidade, inclusive o Toronto FC.

O jovem tem contrato com a equipa madeirense até 2021 e um dia gostava de integrar a equipa principal do Marítimo. Até lá vai continuar a conciliar os estudos com o futebol.

Para já o Marítimo é a sua casa. “Tem excelentes condições, uma equipa boa e tudo aquilo que preciso para evoluir como jogador profissional”, disse ao Milénio Stadium.

Matthew tem dupla nacionalidade e apesar de competir atualmente pela seleção do Canadá, ao nosso jornal não escondeu a vontade de mudar de cores. “Gostava muito de poder representar Portugal, mas vamos ver se a oportunidade surge”, avançou ao nosso jornal.

Jogador da Academia do Gil Vicente de Toronto vai jogar em Portugal

Rafa também assinou recentemente um contrato com o Gil Vicente de Portugal. O médio é natural de Barcelos e tem 16 anos. O jovem esteve a treinar em março, em Portugal e despertou a atenção dos técnicos do Gil Vicente.

Rafael Ferreira joga na Academia do Gil Vicente de Toronto há cerca de dois anos e viajou este mês para Portugal. Em março, 11 jogadores da Academia de Toronto foram a Portugal mostrar o seu potencial e quatro
deram nas vistas. Para além de Rafa, o Gil Vicente demonstrou interesse no guarda-redes Armando e nos médios Marcos e Dylan.

Ao nosso jornal, Rafael confessou estar nervoso, mas ao mesmo tempo feliz. “Estou muito contente porque sempre sonhei com uma oportunidade destas. Mas não vou esconder que estou nervoso porque é uma grande responsabilidade”, explicou.

Uma das maiores inspirações do jovem atleta é Cristiano Ronaldo. “Ele trabalha muito para conseguir atingir os seus objetivos e ele sabe o que quer. Penso que estas características são uma inspiração para qualquer jovem desportistas”, revelou.

Esperemos que em breve voltemos a ouvir falar destas jovens estrelas que em comum têm a ambição de chegar ao nível do melhor do mundo.

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