Portugal

Refinaria de Sines lidera lista de maiores poluidores de Portugal

jose socrates, manuel pinho na cerimonia dea arranque da unidade de cogeracao na refinaria de sines
LEONARDO NEGRAO 13.12.2008
13.12.2008 LN jose socrates, manuel pinho na cerimonia dea

As organizações de defesa do ambiente Climáximo e Greve Climática Estudantil apresentaram hoje um inventário das emissões portuguesas de gases com efeito de estufa, destacando a refinaria de Sines como a mais poluidora.

No documento, apresentado em conferência de imprensa, as organizações destacam o setor da energia, seguido da indústria, transportes, resíduos e agropecuária como os mais poluentes.

A refinaria de Sines, distrito de Setúbal, e a Central de Ciclo Combinado da Tapada do Outeiro (Porto), emitiram em conjunto quase quatro milhões de toneladas de dióxido de carbono (CO2), aparecendo na terceira posição do “top 20” dos mais poluentes a empresa Navigator, de produção de papel (1,3 milhões de toneladas).

Na quarta posição surge a central termoelétrica de Lares (Coimbra), com a emissão de 1,2 milhões de toneladas, e depois a empresa Carnes Landeiro (Braga), com 963 mil toneladas.

Os setores da construção (cimentos) ou de novo o papel e a energia são outros que as organizações destacam no inventário das emissões em Portugal, no qual aparecem também a produção de químicos e metais e o tratamento de resíduos na lista dos 20 principais poluidores.

Os responsáveis pelo inventário hoje divulgado disseram que o mesmo é a compilação de dados oficiais e que foi revisto pelo grupo de trabalho global do “Acordo de Glasgow”.

O “Acordo de Glasgow“, que as duas organizações assinaram no ano passado, é uma iniciativa internacional que junta organizações e instituições que propõem fazer um inventário das emissões de gases com efeito de estufa e criar um plano de ação para reduzir substancialmente essas emissões porque consideram que os governos não o fazem.

Mariana Rodrigues, responsável da Climáximo, alertou, ao apresentar as infraestruturas “responsáveis pela crise climática em solo nacional” que o mundo precisa cortar anualmente, até 2030, 11% das emissões de gases com efeito de estufa, o que não está a acontecer, nem vai acontecer através do Acordo de Paris sobre o clima.

É por isso que, justificou, movimentos pela justiça climática a nível internacional se juntaram para agir perante a impotência dos governos e instituições para travar a crise climática.

O inventário apresenta uma lista de mais de 250 infraestruturas que as organizações dizem serem responsáveis pelas maiores emissões de CO2, explica onde estão localizadas e a área de produção. E alerta ainda para novos projetos que precisam de ser travados para impedir o aumento das temperaturas, como a construção de um novo aeroporto na área de Lisboa, a prospeção e exploração de lítio, a exploração de pedreiras ou novas ligações rodoviárias.

Nos cálculos da Climáximo, usando um método adotado pelo “Acordo de Glasgow”, Portugal tem nove anos para cortar cerca de três quartos (74%) das emissões nacionais de gases com efeito de estufa, até tendo em conta a “responsabilidade histórica” pelas emissões que produziu no passado.

Explicando que o inventário vai continuar a ser desenvolvido, Mariana Rodrigues acrescentou: “realizar esse corte é a nossa tarefa civilizacional”.

Antónia Seara, da rede Greve Climática Estudantil, salientou ainda que nenhum governo está a fazer o suficiente nem a assumir o que diz a ciência em relação ao aquecimento global e a forma de o travar. “Hoje apresentámos o mapa do fogo, agora vamos fazer o plano de ação” para o combater, afirmou.

A Climáximo diz também que o inventário hoje apresentado é o primeiro passo do compromisso assumido por mais de 140 organizações de mais de 40 países por todo o mundo. E que agora vai começar um debate na sociedade e no movimento para a criação de um plano para, nesta década, “levar a cabo os cortes necessários em Portugal para travar os piores cenários da crise climática”.

Os dados sobre as entidades mais poluidoras em Portugal, segundo as duas organizações, resultaram da compilação de dados da Agência Portuguesa do Ambiente, Registo Europeu de Comércio de Emissões da União Europeia, Registo Europeu da Emissões e Transferência de Poluentes, Autoridade Nacional da Aviação Civil, Programa Nacional de Investimentos para 2030 e Ministério do Ambiente e Ação Climática.

JN

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