Portugal

O 11 de setembro português

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Choque de dois comboios que se deu perto de Moimenta de Maceira Dão/Alcafache. Foto: DR

 

11 de setembro é uma data mundialmente assinalada. Sempre que nela se fala vêm à mente as imagens de dois Boeings a atingir as duas Torres Gémeas pertencentes ao que era até então o World Trade Center de Nova Iorque, bem como as imagens do Pentágono, em Washington, com uma parede destruída, e de um campo na Pensilvânia a fumegar…

Mas para muitos portugueses como, por exemplo, para os naturais de Santa Maria de Válega, Ovar, essa data havia já sido escrita a negro. Não teve impacto a nível mundial, mas marcou definitivamente o Portugal de 1985: refiro-me ao choque de dois comboios que se deu perto de Moimenta de Maceira Dão/Alcafache, e que causou, para além de uma grande quantidade de feridos, uma enorme quantidade de vítimas mortais.

Era o final das férias em Portugal para muitos milhares de emigrantes. De uma das estações da cidade do Porto, nesse 11 de setembro de 1985, saía a composição número 315, o chamado Sud-Express, com sete carruagens, com destino à estação de Austerlitz, em Paris, passando por Vilar Formoso e Hendaye com 300 pessoas a bordo.

Era nessas carruagens-cama que algumas centenas de emigrantes, muitos dos quais oriundos de Santa Maria de Válega, regressavam a França para mais um ano de trabalho. Era normal acontecerem atrasos mas, naquele dia, o centro coordenador de Coimbra avisara os chefes das estações de comboio, até Nelas, que aquela composição tinha prioridade sobre o tráfego regional naquela linha de via única.

O aviso havia sido feito por telefone, única forma da central, nessa altura, comunicar com as estações, que por sua vez transmitiam pessoalmente as instruções aos maquinistas das composições, conforme estes iam aí efetuando as paragens, já que nenhuma das composições dispunha de qualquer dispositivo de comunicação. Uma vez posto o comboio em marcha, tornava-se impossível a comunicação entre as estações e as composições, bem como entre composições.

Naquela pequena localidade do concelho de Mangualde, distrito de Viseu, os dois comboios colidiram, como resultado de uma má informação e devido à inexistência de sistemas de comunicações que permitissem avisar e informar os maquinistas.

Oficialmente, perderam a vida 49 pessoas, das quais apenas 14 foram identificadas, tendo sido dadas como desaparecidas outras 64, mas é possível que na colisão e incêndio tenham morrido mais de centena e meia de ocupantes de ambas as composições. Grande parte dos corpos não identificados foi enterrada numa vala comum, nas proximidades, onde um monumento lembra o terrível acidente, pelo qual a justiça portuguesa nunca conseguiu responsabilizar ninguém.

Paulo Perdiz/MS

 

 

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