Portugal

Alastra epidemia de “chantagem e despedimentos ilegais”

Trabalhadores enviados para casa estão sem garantia de salário ao fim do mês, de reabertura da empresa ou de apoio social da restauração, hotelaria, comércio, serviços e até da indústria.

As empresas estão a “aproveitar” a epidemia de Covid-19 para fazer despedimentos ilegais, chantagear trabalhadores para meterem baixa ou férias e algumas fecham portas sem pagar indemnizações, salários do mês e emitir declarações de acesso ao desemprego, acusam os vários sindicatos. Por isso, exigem ao Governo a proibição de despedimentos, à semelhança do que foi decretado em Itália e também na Grécia.

Carvalho da Silva, ex-líder da CGTP, disse ao JN que “têm de ser feitos esforços maiores para manter vivas as empresas durante a quarentena, com medidas de proteção do emprego e do rendimento dos trabalhadores”.

Com as limitações de viagens, as companhias aéreas foram as primeiras a propor licenças sem vencimento, como na TAP, ou a adiar celebração de contratos, como os 250 que estavam em formação na HiFly. O setor dos componentes automóveis foi também afetado, em Santa Maria da Feira: na Faurecia, os precários foram despedidos e os restantes foram enviados para casa. Patrícia [nome alterado] começou a trabalhar, há mês e meio, numa loja de roupa de um centro comercial, com um contrato a prazo de seis meses.

“No final da semana passada, mandaram metade do pessoal para casa, para gozar o banco de horas, férias do ano passado e deste ano. Segunda-feira, decidiram fechar e despedir todos os que não fossem efetivos. Hoje [ontem] recebi carta a rescindir, alegadamente no período experimental, a partir desta sexta-feira”, conta a trabalhadora. Jovem, precária e não sindicalizada, motivo pelo qual o Sindicato dos Trabalhadores do Comércio, Escritórios e Serviços de Portugal (CESP) diz não ter conhecimento do caso.

LEI DA “SELVA”

“Sabemos que algumas empresas tentaram fazer chantagem com os trabalhadores, obrigando-os a gozar férias ou a pedir licenças para assistência à família e alguns foram confrontados, depois, com layoff”, relatou a dirigente Célia Lopes. “No grupo Auchan, os trabalhadores estiveram [ontem] em greve [convocada há um mês] por serem os que pior recebem na grande distribuição e a empresa chantageou os precários, dizendo que não renovaria contratos se aderissem ao protesto”, ilustra Marisa Ribeiro, delegada sindical no Auchan. A adesão de 80% “encerrou balcões e obrigou os chefes a assumir as caixas, porque os clientes têm feito compras a triplicar, mas os salários não sobem”.

É no setor da restauração e bares que a situação está mais descontrolada, segundo o dirigente da federação sindical FESAHT. “Encerraram estabelecimentos sem dizer se vão reabrir, alguns assumindo que não vão pagar o salário deste mês, sem passar declarações para o desemprego e deixando os trabalhadores sem qualquer apoio social. Outros pressionaram-nos para meter baixa ou assistência à família”, denunciou Francisco Figueiredo. “Exigimos ao Governo que proíba os despedimentos, reforçou.

JN

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