Portugal

230 milhões em salários!

Osvaldo Cabral

1. Limpeza geral

As empresas públicas regionais pagam, todos os anos, cerca de 230 milhões de euros só em salários.
São quase 19 milhões de euros por mês que saem dos cofres da região.
Alimentar uma máquina destas é obra.
Multiplique-se isto pelo número de anos em que estamos a sustentar toda esta rede e ficamos com uma alarmante ideia de quantos recursos é que temos perdido ao longo destas últimas décadas de Autonomia. É por isso que os Açores são o que são no contexto nacional e europeu: uma região pobre, desequilibrada e com os piores índices em quase todas as actividades.
Em vez de investirmos na educação, na formação e na inovação, andamos estes anos todos a atirar dinheiro para cima de empresas improdutivas ou mal geridas, só para segurar clientelas partidárias e amigos, que sabem que no fim do mês têm o salário garantido.
Só a Saudaçor, uma empresa que não vende nada, paga 3 milhões de euros a funcionários e entretém-se a acumular dívida todos os anos, atingindo neste momento os 660 milhões de euros.
A outra que também vai ser extinta, a SPRHI, já vai nos 173 milhões de dívida bancária e paga 3,3 milhões só em juros. O desperdício que não vai aqui, só em duas empresas. As estruturas das duas custam aos nossos bolsos a módica quantia de 5,5 milhões de euros por ano. Só para funcionar as suas estruturas, imagine-se.
É impossível os Açores tornarem-se numa região eficiente, moderna e criadora de riqueza com uma gestão pública desta natureza. Não vamos a lado nenhum. Em vez de gerarmos riqueza, estamos a criar a maior máquina de funcionalismo público que há no planeta.
E tudo isto é sempre a crescer.
O Hospital de Ponta Delgada, por exemplo, teve um passivo de 286,4 milhões em 2015, subiu para 298,7 milhões em 2016 e nos primeiros nove meses de 2017 já ia nos 326,4 milhões. O que é que estes valores reflectem numa melhoria do sistema, de ano para ano? Alguém nota?
A SATA, que é outra empresa estratégica neste sector, sofre do mesmo problema crónico. A Air Açores, que teve um resultado negativo em 2016 de 3,3 milhões de euros, já ultrapassou este valor até Setembro do ano passado. A Internacional vai pelo mesmo caminho. Com capitais negativos de 24 milhões em Dezembro de 2016, já ia nos 45 milhões até Setembro do ano passado. Querem mais um caso exemplar de péssima gestão deste governo? A Sinaga, este grande mistério. Já não bastavam os contornos misteriosos da compra desta empresa, um negócio ruinoso para as nossas algibeiras e um alívio milagroso para o seu antigo dono.
Agora ficamos a saber que esta empresa, mais do que falida, sem dinheiro para pagar a fornecedores e ao Estado, até emprestava dinheiro à Melo Abreu! Certamente com os avales do governo.
Nunca se viu tamanha incompetência no mundo empresarial. Tudo com os dinheiros dos contribuintes.
Qual é a autoridade moral e política que esta empresa tem, agora, para vir reclamar à Melo Abreu o empréstimo de quase 2 milhões? Por mais do que isso, a Sinaga não pagou o que devia às Ilhas de Valor e a dívida foi limpa do balanço.
Pior: a Sinaga deve a fornecedores mais de 2 milhões de euros, deve à Alfândega e à Segurança Social 3 milhões e tem dívidas bancárias de mais de 20 milhões, tudo somado ultrapassa os 28 milhões.
E, no entanto, esta coisa aterradora mantém-se na esfera pública… para empacotar açúcar, com 26 trabalhadores e 3 administradores! Não é de uma operação cosmética que todo o sector público precisa. É mesmo de uma limpeza geral.

2. A outra limpeza
Rui Rio está bem informado sobre o PSD dos Açores.
Não é de ânimo leve que tratou de fazer uma limpeza quanto à presença de sociais democratas açorianos nos órgãos dirigentes nacionais. Duarte Freitas traçou mal – mais uma vez – a estratégia do PSD-Açores relativamente às eleições para a presidência do partido e fez uma intervenção no Congresso desastrosa.
O resultado só podia ser o afastamento dos sociais democratas açorianos de lugares de influência nos órgãos nacionais.
Se o partido a nível nacional não confia na sua estrutura açoriana, como é que o eleitorado açoriano há-de confiar?
O caminho do PSD-Açores até às próximas regionais é muito tortuoso. E logo agora que a governação açoriana enfrenta sinais de grande impopularidade.
Até ao Congresso regional de Dezembro, os militantes do PSD dos Açores deviam reflectir muito sobre isso e olhar, talvez, para o que se vai passar na Madeira nas eleições do próximo ano. É que o PS madeirense, sabendo que não ganha novamente as eleições se candidatar o seu líder (à semelhança do que acontece há 20 anos com o PSD nos Açores), abdicou desta candidatura e vai avançar com o independente Paulo Cafôfo, Presidente da Câmara do Funchal. Se a estratégia tiver algum êxito, era bom que o PSD-Açores começasse a pensar em estratégia semelhante.
Um candidato fora do sistema, que não estivesse envolvido com o partido, captaria muito mais popularidade.
É só pensar um pouco.

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