Opinião

Resumos! Importantes ou não…

Considerando a importância da atualidade das coisas que sucedem neste planeta e particularmente em Portugal, para a grande maioria dos leitores desta habitual crónica semanal, deixo-vos hoje um pequeno resumo das coisas mais e menos importantes, segundo a minha apreciação.

Sobre o novo governo português pouco ou nada há a dizer, porque ainda não iniciou o seu mandato e porque o objeto dos antecipados comentários críticos que, nesta fase, sempre se fazem sentir, aludem à grande quantidade de ministros e Secretários de Estado (cerca de 70) que compõem o atual executivo. Bem certo que quantidade pode não refletir qualidade, mas também é verdade que, para atingir melhor qualidade, atenção e eficácia, no desempenho da governação, a quantidade de decisores pode ser uma mais-valia. Esperemos para ver!…

Um outro assunto que vai dar muito que falar e precisar de muita tinta para escrever é o julgamento do antigo primeiro-ministro José Sócrates, agora na fase de instrução. Cinco anos após a sua detenção, o arguido começou a ser ouvido no âmbito da “Operação Marquês”, entre polémicas sobre o juiz que o mandou prender e o juiz que o está a julgar e numa guerra surda com o Ministério Público que contesta algumas decisões deste último, tornando este processo ainda mais complexo e moroso. Pelo “andar da carruagem”, com toneladas de papelada para decifrar e muitas dezenas de testemunhas e acusados para ouvir, este julgamento tem todas as características para se prolongar no tempo, vender muitas páginas de jornais e aberturas de telejornais, tonando-se no nosso “Brexit”, do qual já ninguém tem pachorra para falar.

Um outro assunto a alimentar o ego de Donald Trump, tendo em vista as próximas eleições americanas, foi o anúncio da morte (suicídio, ou…) do califa al-Baghdadi, o mais alto responsável do Daesh, que chegou a dominar uma grande parte da Síria e do Iraque. Segundo Trump, (que parece ter conseguido o seu Bin Laden…) numa operação militar conduzida pelas forças do EUA, apoiadas e informadas por outras forças ou pessoas (?…), o sanguinário al-Baghdadi foi morto junto à casa onde morava na Síria. Reconhecendo que, nesta organização, quando se mata um dirigente nascem dois e se o anúncio da sua morte for credível, face à dúvida que emerge das habituais “fake-news” do presidente americano, ficaremos a aguardar as reações desta sombria organização de terroristas, que conta ainda com milhares de soldados na zona e tantos outros milhares espalhados pelo mundo.

Se há tema que me merece mais relevo esta semana, pela sua importância histórica e pela dimensão das suas implicações na vida da secular organização da Igreja Católica Romana, foram as resoluções do “Sínodo da Amazónia”. Neste Sínodo, que terminou há dias no Vaticano, foi aceite em termos gerais e entre outras matérias relacionadas com a defesa de toda a região amazónica e das suas populações, uma proposta que permite, na zona da Amazónia, serem ordenados sacerdotes os homens casados. Se bem que a referida proposta parece restringir a essa região amazónica a faculdade do sacerdócio por homens casados, não será estranho imaginar que esta orientação se estenda progressivamente a todo o mundo católico, face à carência de novos padres com vocação para o celibato clerical.

Já todos tínhamos consciência da “suave ventania” renovadora do Papa Francisco, a braços com sérias dificuldades em manter um certo status-quo entre as várias fações que se disputam entre os clérigos do Vaticano e fora dele mas, ao afirmar publicamente que “o celibato clerical não é um dogma, mas sim um regulamento da Igreja”, e que foi imposto pelo Concílio de Latrão II, em 1139, Francisco abriu as portas à discussão de um (ou vários…) assunto(s) que vão provocar uma tremenda convulsão de críticas “puristas” e tradicionalistas no seio da Igreja Católica, mas que suponho ter a aprovação da imensa maioria dos seus crentes.

O que se seguirá, com ou sem Francisco, face aos novos tempos de emancipação das mulheres e de alguns privilégios religiosos que já lhes foram concedidos, poderá ser a sua ordenação sacerdotal.

Há ainda outros problemas cuja dimensão não pode ser, nem tem sido, ser ignorada e que, na minha opinião, tem estreita ligação com a imposição do celibato aos sacerdotes, mas que não pode ser tratada no espaço deste pequeno comentário. Trata-se daquilo que todos pensavam serem alguns casos isolados e que publicamente mostrou uma universal perversão entre clérigos, como os escândalos de pedofilia e a homossexualidade escondida, bem ilustrada no livro-reportagem “No Armário do Vaticano” de Frédéric Martel, da Porto Editora.

Considero o Papa Francisco um dos mais inovadores dirigentes da Igreja Católica Romana, apoiado por uma real leitura do mundo em que vivemos, do conhecimento das controvérsias do mundo clerical Vaticanista em que vive e da consciência de mentor cauteloso dos objetivos que traçou em prol da humanidade. Apenas espero que, o “chemin de poudre” que escolheu percorrer, não lhe faça arder as Sandálias do Pescador.

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