Opinião

PSD Um combate adiado!…

Terminou o segundo round do “combate” que opõe Rui Rio a Luís Montenegro que, como todos sabem, foi ganho aos “pontos” pelo primeiro.

Com uma diferença mínima de 6% (Rio obteve 53% e Montenegro 47% dos votantes social-democratas) e a avaliar pelas considerações públicas do perdedor, após o ato eleitoral, a disputa pela liderança do PSD parece estar longe de resolvida, apesar dos apelos à unidade do partido, referida por ambos após o ato eleitoral que, segundo penso, mais porque era politicamente correto dizê-lo do que por sincera convicção unitária dos mesmos.

Montenegro considera não ter sido “lançado ao tapete” pelo que quer a desforra, embora noutro “ringue” que, para o efeito, tanto pode ser ganhar por “pontos” no próximo Congresso do partido em fevereiro deste ano, ou por KO, após um mau resultado nas próximas eleições da Assembleia Legislativa da Região Autónoma dos Açores, em setembro/outubro ou nas autárquicas do próximo ano.

Como ninguém acredita que a frágil diferença percentual que divide estes opositores seja suficiente para acalmar os social-democratas que votaram em Montenegro e os que foram impedido de o fazer, em consequência das novas regras que foram estabelecidas pela atual direção, as cenas de pugilato verbal entre os dois e as respetivas“claques” têm tendência a continuar até ao “último assalto”!…

Embora não se distingam com muita nitidez as eventuais diferenças de princípios políticos e ideológicos entre os dois candidatos a líder do PSD, reconhece-se que Rio aspira a colocar-se mais ao centro do espectro político nacional, posicionamento de muita da base de apoio do Partido Socialista e da social-democracia que pretende defender, enquanto Montenegro se coloca mais à direita, aproveitando a atual desagregação desta faixa do eleitorado português e a influência dos antigos quadros do aparelho de Passos Coelho que o apoiam.

Mas se as suas diferenças de posicionamento, face à génese do PSD, não são tão acutilantes, o contraste dos seus comportamentos são evidentes.

Rui Rio não tem o poder de oratória de Montenegro, diz o que pensa “da boca para fora” com convicção e “sem papas na língua”, colocando-se muitas vezes em dificuldades de argumentação face ao estilo parlamentar do seu adversário e dando uma imagem pública de um homem teimoso e intransigente. No entanto, mesmo que tal possa não ser um defeito para um futuro líder, a sua obstinação pode conduzir a ruturas desnecessárias.

Mas Rio é também alguém que preserva os valores e a ética dos compromissos, não cedendo a jogos de influência pessoal, recusando o “ballet político” da pressão dos “barões” do partido e (sobretudo e na sua óptica) subordina os interesses partidários aos interesses do país, não desprezando eventuais alianças com aqueles que, embora diferentes, tenham os mesmos objetivos.

Montenegro distancia-se de Rio na forma e no conteúdo das suas opções. Quem como ele recusou na generalidade o OGE do Partido Socialista sem o conhecer, apenas porque foi feito por um partido adversário e que tem merecido o apoio da maioria do povo português, ou é “vesgo” à realidade do país ou julga-se dono da verdade absoluta do seu partido, colocando-o à frente dos interesses nacionais. Na sua argumentação, relembrando os tempos difíceis em que o PSD governou com a Troika, ao querer demonstrar que tudo o que tem sido feito pelo PS está errado, contradiz-se ao declarar que “agora,… que as coisas estão bem…” o PSD (com ele…) também tem direito a governar.

Não me parece que o PSD consiga resolver os seus problemas internos e externos, assumindo uma posição destacada na política portuguesa, enquanto o problema da sua liderança não estiver verdadeira e definitivamente resolvido, independentemente das “juras” de fidelidade ao atual líder Rui Rio que se possam agora fazer e que não resultaram no passado recente e da atual legitimidade deste.

Só uma catástrofe provocada por asneiras do próprio PS (o que não seria impossível, quando este partido está muito tempo no poder…), poderia relançar uma crise política nacional, que viesse a apressar a intenção dos social-democratas a resolverem os seus problemas, pensando na possível e imediata governação do país.

Se isso não acontecer (o que também é provável, uma vez que o PS também aprende com os seus próprios erros…), o PSD ficará entregue às suas lutas intestinas, com aplausos ao centro e à direita pelos seus séquitos e por todos aqueles que, externamente, não o querem ver o partido resolvido, até que um dos candidatos seja “atirado às cordas” ou decida desistir, para se associar aos (ou criar…) grupos e grupinhos que começam a proliferar numa certa direita liberal desejosa de entrar no recinto principal.

Em qualquer dos casos, a inércia de uns é a vantagem de outros e, na política como no boxe, as vitórias exigem um bom movimento de pernas/agilidade e socos/objetivos certeiros.

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