OpiniãoDaniel Bastos

Produção literária nas comunidades portuguesas em tempos de pandemia

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Produção literária nas comunidades portuguesas. Foto: DR

 

Nestes tempos difíceis que atravessamos, devido aos efeitos da pandemia de coronavírus, que gerou num curto espaço de tempo uma crise socio económica mundial sem precedentes, uma das áreas mais afetadas pelo contexto de isolamento social e quebra de rendimentos tem sido o setor cultural.

Diariamente são conhecidas verdadeiras batalhas de sobrevivência que muitos artistas enfrentam no seu quotidiano, agravadas pelo cancelamento de iniciativas que sustentavam músicos, atores, humoristas, técnicos e demais agentes culturais que se encontram submersos em dificuldades e incertezas.

A crise que afeta severamente o setor cultural estende-se igualmente ao mundo dos livros e autores, onde as quedas expressivas nos números de vendas de livros, o encerramento de livrarias e editoras, e os poucos hábitos de leitura são uma realidade infelizmente cada vez mais presente na sociedade portuguesa.

Perante este quadro cultural sombrio, os dados recentes da 90.ª edição da Feira do Livro de Lisboa, que decorreu entre os dias 27 de agosto e 13 de setembro, e que apontam para terem sido igualadas, ou até superadas, as vendas do ano passado, constituem-se como sinais de esperança para um setor que vive verdeiros momentos de sufoco.

Alento que surge também na diáspora, onde a capacidade de arrojo e resiliência de autores e editoras têm sido também capazes de manter ativa a produção literária em tempos de pandemia, e assim aprofundarem o conhecimento sobre as comunidades portuguesas.

Os recentes lançamentos e apresentações de obras literárias no seio das comunidades portuguesas, como foi o caso, por exemplo, da apresentação no passado dia 13 de setembro, na Casa do Alentejo em Toronto, do livro “Avós: Raízes e Nós”, organizado pelas ativistas culturais, Aida Baptista, Ilda Januário e Manuela Marujo, e que reúne textos de cerca de 60 autores, reforçam estes sinais de esperança.

Ainda no Canadá, onde vive e trabalha uma das maiores comunidades portuguesas na América do Norte, foi recentemente lançada em Montreal, a “Antologia Literária Satúrnia – Autores Luso-Canadianos”, organizada pelo escritor Manuel Carvalho, e que reporta mais de uma centena de autores luso-canadianos que, ao longo dos anos, difundiram as suas emoções e memórias por jornais, revistas e livros.

Em meados deste ano, a Oxalá Editora, uma editora na Alemanha, vocacionada para a publicação da obra de autores da diáspora, através do contributo das escritoras, Irene Marques, Paula de Lemos, Luísa Costa Hölzl, Luísa Semedo, Gabriela Ruivo Trindade, Maria João Dodman, São Gonçalves, Luz Marina Kratt, Helena Araújo e Altina Ribeiro, editou o livro “Correr Mundo – Dez mulheres, dez histórias de emigração”.

Na mesma altura, marcada já pelos impactos da Covid-19, Isabel Mateus, escritora radicada no Reino Unido, lançou a obra “Anna, A Brasileirinha de São Paulo” que mergulha na epopeia da emigração portuguesa para o Brasil. E Victor Alves Gomes e Joana Inês Moreira, a viverem em Bruxelas, na Bélgica, projetaram o livro “Um emigrante eurocrata”.

Estes exemplos, e muitos outros que foram apresentados ou se encontram no prelo, como a vindoura obra coletiva “Alma Latina”, coordenada por José Maria Ramada, e que reúne contributos literários luso-suíços, revelam a capacidade de arrojo e resiliência de autores e editoras da diáspora, e constituem inspiradores sinais de esperança no presente e futuro da produção literária no seio das comunidades portuguesas. 

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