Opinião

Portugal está em estado de “guerra”!

O país e mais de 141 outros países estão em “guerra”, mas não uma guerra qualquer, se é que esta expressão é a mais adequada para caracterizar os sofrimentos causados por qualquer guerra.

Esta é uma guerra da humanidade contra um inimigo feroz e invisível, um vírus detetado em dezembro último a que deram o nome de Covid-19 e que já matou muitos milhares de pessoas em todo o mundo e afetou muitos outros milhares, preparando-se para destruir as economias nacionais.

Em Portugal, em apenas 15 dias após a entrada no país do novo coronavírus, a Direção-Geral da Saúde (DGS) revelou (à hora que vos escrevo) 331 infetados, 10 em cuidados intensivos e um morto e as perspetivas para o futuro próximo não são nada animadoras. Segundo especialistas epidemiológicos, o nosso país atingirá o pico desta epidemia em maio próximo, estando ainda em fase de crescimento acelerado que, numa ótica mais otimista, atingiremos cerca de 4.186 casos de infeção e no caso de uma perspetiva pessimista, podemos chegar aos 60.849 casos.

Aqui ao lado, na nossa vizinha Espanha, agora com as fronteiras connosco – terrestres, marítimas, ferroviárias e aéreas – sob controlo muito apertado, a situação não pára de se agravar, contando com 8.744 pessoas infetadas e que, apenas nas últimas 24 horas, aumentaram mais de mil casos.

O país tem vindo progressivamente a adotar cada vez mais medidas restritivas à vida dos cidadãos, desaconselhando e proibindo atividades lúdicas que possam concentrar muitas pessoas, quer na área do turismo, restauração ou desporto, ao mesmo tempo que incentiva os cidadãos a tomarem consciência das medidas de higiene que os devem proteger. O nosso Serviço Nacional de Saúde, com todas as suas insuficiências e não estando previamente preparado para esta pandemia (como ninguém estava…), vai resistindo em meios humanos e materiais à incessante procura dos cidadãos. Cidadãos que, por consciência coletiva, informação ou medo, têm vindo genericamente a acatar as indicações das autoridades sanitárias portuguesas, continuando a trabalhar, ou entrando em quarentena voluntária em casa, tomando conta das crianças, que se encontram com as escolas encerradas, em teletrabalho (os que podem) ou em lay-off, devido à inatividade das suas empresas em vender os seus produtos, em consequência desta crise, recebendo parte do seu salário normal, pago pela Segurança Social e pelas empresas.

Os portugueses da minha geração e de forma geral, física e temporalmente, distanciados de outras grandes epidemias que mataram noutras épocas muitos milhares de pessoas no mundo como, entre outras, a “Peste Negra”, a “Cólera” ou a “Gripe Espanhola” ou “Pneumónica”, (que matou mais de 60 mil portugueses no período da Primeira Guerra Mundial), tendem a vulgarizar a atual situação ou a atemorizar-se com a mesma. Pelo que me é dado observar, avaliam a atual situação provocada pelo vírus Covid-19 com algum otimismo moderado ou uma séria apreensão. Otimismo de uns, porque consideram viver num século de rápidas soluções, em que estas epidemias são fenómenos passageiros e, com o potencial tecnológico que hoje existe no mundo, estará para breve a descoberta de uma vacina e o fim desta doença. Pessimismo de outros, porque se desconhece quase tudo sobre esta nova estirpe de vírus e a sua rápida progressão que, segundo especialistas, não pode ser travada pela imunidade cruzada, proporcionada pela gripe a uma importante parte da população, quando se muda de um inverno para outro, pelo que ninguém (para além das estimativas) pode prever o seu fim.

Além disso, esta crise que este novo coronavírus está a provocar não se limita à salvaguarda da saúde das nossas populações. Ela está progressivamente a provocar alterações negativas no nosso tecido económico e social, cujas consequências se vão manifestar certamente numa nova recessão, cuja dimensão depende em muito da duração e magnitude desta pandemia.

Em Portugal, cuja frágil economia depende em muito do turismo e do consumo e em que os países mais afetados pelo Covid-19 foram, em 2019, responsáveis por 30% das dormidas, o setor hoteleiro e a restauração, para além do decréscimo na aquisição de bens duráveis, das dificuldades em obter matérias-primas ou exportar os seus produtos, fecho de atividades comerciais e de serviços por receio de contaminação, contenção dos investimentos públicos e privados, falências de empresas, aumento do desemprego e muitas outras consequências financeiras, estão a conduzir o país a uma recessão, com todas as consequências que infelizmente já conhecemos, pese embora todos os apoios financeiros e fiscais que o Governo tem vindo a dar para manter as empresas, contando com o apoio financeiro previsto da União Europeia que, esperemos (!…), não seja alvo do “apetite” de bancos e banqueiros, normalmente insensíveis às dificuldades do resto da população.

Reconhecendo que a curva ascendente da progressão do novo coronavírus em Portugal inspira sérias preocupações, prevendo-se medidas mais drásticas para barrar a sua expansão, os media portugueses antecipam a possibilidade de o Presidente da República vir a declarar proximamente o Estado de Emergência nacional, por um período determinado de 15 dias, cujas consequências são a perda de direitos, liberdades e garantias dos cidadãos e a sua detenção, se não obedecer às regras que se estabeleçam, mas dando aos órgãos de poder mais meios e eficácia para debelar a atual situação.

Se tal se mostrar essencial para salvaguardar a vida e o bem-estar dos portugueses, que assim seja!

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