Opinião

Na última noite “choveu prata”!

Há cerca de uma semana assistimos, na “arena de Bruxelas”, a uma autêntica luta de gladiadores entre os responsáveis pelos governos dos 27 países da União Europeia (UE), pela conquista do “cabaz” de recursos financeiros que permitisse a sua sobrevivência. Era uma luta desigual!…

 

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De um lado alinhavam-se 23 países a defender o “cabaz” proposto pela “soberana comissária” presidente da Comissão Europeia, Ursula Von der Leyen. Do outro lado apenas quatro países (Holanda, Suécia, Áustria e Dinamarca), comandados pelo primeiro-ministro holandês, “O Frugal”, que considerava excessivas as ofertas feitas pela Comissão, nomeadamente (penso eu…) aos países que já mostraram dificuldades em gerir as suas contas.

Durante quase cinco dias e cinco noites, a luta infernizava-se entre eles, com espadeiradas verbais, ameaças retaliatórias e toda a espécie de comentários vociferados pelo público que assistia àquele circo. No fim e para espanto de muitos dos observadores, “O Frugal” subiu à galeria dos vencedores exibindo o prémio: redução dos montantes financeiros da proposta; desconto nas contribuições dos seus países para a UE e o controlo dos dinheiros e projetos que vão ser agora aplicados. Uma “taça” cheia de mensagens para adocicar os seus problemas internos!…

Curiosamente, também os outros 23 acabaram aclamados como vencedores porque (penso eu…) devem ter concluído que inicialmente estavam a pedir muito!… Como derradeiro epílogo desta história, e no fim daquelas longas noites, ficaram todos muito felizes e sorridentes decidindo, a convite do “Frugal”, ir almoçar arenque (com espinhas…) na “tasca” de Bruxelas!

Embora agora o Parlamento Europeu (PE) ameace não aprovar o acordo alcançado pelo Conselho dos governos dos 27, se este não for melhorado em virtude dos cortes que sofreu, é pouco credível que um entendimento entre os deputados europeus e seus respetivos governos cause alguma alteração substancial ao que agora foi acordado.

No caso português, Portugal vai assim apresentar em outubro um plano de recuperação económica para o país, sustentado pelos cerca de 45,1 mil milhões de euros que lhe cabem, pelo acordo agora estabelecido, onde se incluem 15,3 mil milhões de euros a fundo perdido (de borla…) e 29,8 mil milhões de subsídios a pagar a longo prazo e em condições favoráveis.

E, se tal não bastasse, há ainda que considerar 12,8 mil milhões de euros do Portugal 2020, que ainda não foram gastos e que têm de ser concretizados até 2023.

Embora menos do que se previa, não há dúvida que é muito dinheiro!

Resta saber se, a bem de Portugal e dos portugueses, seremos capazes de gerir tal fortuna: habituados que estamos a lidar com “cobres”; com trapaceiros e algozes corruptos e ainda com os herdeiros da memória histórica gastadora de um D. João V.

Quero acreditar que o país, seus governantes, políticos e gestores, estão conscientes de que esta é a oportunidade de colocar Portugal no caminho certo, deixando às novas gerações uma nação economicamente revigorada e, às “velhas”, o sentimento de um dever cumprido. Estamos conscientes que não será de um dia para o outro que as transformações se vão operar, até porque tudo será sujeito às orientações e “fiscalização” de Bruxelas, antecedidas pelo debate coletivo interpartidário dos projetos de investimentos e “rezo” para que as conflitualidades político-partidárias internas, face a próximos períodos eleitorais nacionais, não se transformem na exigência de um “tudo já”, até porque a própria sabedoria popular reconhece que “depressa e bem há pouco quem”!

As circunstâncias que condicionaram toda esta discussão, em torno da recuperação das economias nacionais da UE, ou seja, a pandemia do Covid-19, colocaram a nu as diferentes debilidades dos vários países e do nosso em particular, que deve merecer uma atenção especial, nomeadamente: as dificuldades dos nossos serviços de saúde, em meios humanos e materiais; o peso excessivo no PIB nacional do nosso setor turístico; a fraca consistência de capital empresarial; a precariedade de muitos postos de trabalho; as insuficiências e morosidade da nossa justiça, dos nossos transportes, da nossa administração pública, etc.,etc.!

No entanto, o que há a fazer, além do antes citado, vai muito para além disto. Há que recuperar o interior do país para o desenvolvimento nacional, económico e humano; proteger o meio ambiente com iniciativas conducentes à economia verde; colocar Portugal entre os países avançados, no domínio da investigação e novas tecnologias; reformular as políticas de emprego jovem; combater eficazmente a pobreza, através de políticas de reinserção social escrutinadas; dotar as estruturas do Estado de meios céleres de controlo das suas atividades; redimensionar a nossa atividade industrial e agrícola; colocar a maior parte do território português, o mar, na esfera do nosso desenvolvimento; configurar a nossa estratégia geopolítica e económica com países terceiros à UE, entre outros objetivos impossíveis de enumerar neste pequeno texto.

Um trabalho a médio e longo prazo, que não perdoará as demoras provocadas voluntariamente pelos “velhos do Restelo” e pelos “caçadores de vantagens”, mas que também não desculpará investimentos feitos “em cima dos joelhos”, nem a negligência dos seus executores!

Precisamos de todos e dos melhores: do Governo, da oposição e de todos aqueles que, sem afiliação partidária, críticos ou não, estejam disponíveis para contribuir para o renascimento deste país, a braços com a construção do seu futuro!

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