Opinião

Cérebro Mais vasto que o céu

“Esta exposição é uma viagem única à volta do cérebro: a sua origem, a complexidade da mente humana, os desafios das mentes artificiais. Mostra-se um cérebro com 500 milhões de anos, um cérebro moderno, uma sinapse interativa gigante, fragmentos de um papiro egípcio, um quadro da artista Bridget Riley, uma orquestra de cérebros, robots… Atividades interativas, documentos históricos e paleontológicos, pintura, modelos tridimensionais e infografias combinam-se para produzir uma exposição entusiasmante para todas as idades.

Partindo do poema de Emily Dickinson, The brain – is wider than the sky, a exposição abre apresentando o cérebro sem qualquer recurso a informação científica, utilizando imagens deslumbrantes da peça Self reflected de Greg Dunn.

A origem e complexidade do cérebro, e aquilo que conhecemos da forma como gera algumas das características que identificamos como humanas – memória, perceção, linguagem, emoções –, a par de doenças que decorrem do mau funcionamento de diferentes componentes deste sistema, são exploradas nos dois primeiros módulos. O terceiro módulo da exposição, aborda a tecnologia de interface cérebro-máquina e as suas aplicações, a inteligência artificial e a robótica.”

Esta, entre muitas outras, é uma das sinopses que, numa busca no google, podemos encontrar sobre esta exposição a decorrer na Fundação Calouste Gulbenkian. A imagem foi a que decidi escolher, mas poderia ser outra de igual beleza, entre as muitas que ilustram a exposição vivamente recomendada e que, tendo visitado no passado domingo, correspondeu às minhas expectativas. Apenas um senão!

Por entre os vários percursos que temos de fazer há imensa informação escrita. Percebe-se que esses blocos informativos não foram feitos pela mesma pessoa. Qualquer um, com a minha formação, depressa se dá conta disso. O acordo ortográfico não é para aqui chamado, já que os responsáveis pelos textos escritos devem ter o cuidado de, em caso de dúvida, consultar todos os instrumentos à disposição para o efeito. Ignorá-los só pode dar asneira e razão aos que estão sempre a invocar que nos colocamos de cócoras perante o Brasil, como os erros desta exposição o demonstram.

Os menos versados em questões linguísticas, mas que há anos seguem as novelas brasileiras, sabem que os brasileiros não usam fatos, mas ternos (mesmo se desconhecem a origem da palavra terno), e que, nos diálogos, os interlocutores nunca pronunciam a palavra “facto” para se referirem a um determinado acontecimento, mas sim “fato”. Nós, como é do conhecimento geral, temos o “fato”, vestimenta diária ou mais aprimorada para ocasiões festivas, o “facto” para designarmos qualquer tipo de evento, e ainda a locução adverbial “de facto”. Nunca acordo nenhum lhes retirou o “c”.

Ser o cérebro mais vasto que o céu, é razão suficiente para, quem escreve numa determinada língua, lá ter armazenada toda a informação necessária. Ora, os nossos “factos”, ao contrário de quem os escreveu (umas vezes com, outras sem “c”), não podem aparecer despidos da roupagem com que nasceram, mesmo que a temperatura do passado domingo convidasse a um mergulho, por também ser o cérebro “deeper than the sea”.

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